terça-feira, 31 de maio de 2011

G L O R I N H A AO VIVO !



Ela foi do tempo da tv ao vivo. Por isso mesmo viveu com urgencia e precisão, soltando um bom humor constante, e vivendo com independencia e questionamento o inesperado. Aperfeiçou-se na psicanálise, que levou a sério e a moldou.

MARIA DA GLÓRIA, a Glorinha da Tv Tupi, deixou essa dimensão na noite de sábado. Deixou marcada na vida do Bucaneiro 42 anos de convívio total e irrestrito. Ela me ajudou a crescer com
sua personalidade independente, doce e corajosa


Quantos momentos geniais vivemos: lembro das gravações do programa "Comunicação" do Gilson Amado, onde ela dizia poemas com aquele jeito que só ela sabia dizer. Ia buscá-la no estúdio do "Boa tarde", e era uma tourada atravessar a João Luiz Alves para levá-la até o grill, onde gravámos. Era assediada por tantos, "Glorinha, Glorinha, pra cá e pra lá"... Quando sentava no banquinho, saía do mundo, e soltava aquela voz rouquinha com olhar penetrante, dizendo com sensibilidade uma Clarice Lispector, um Felix Coucurul, uma Adalgisa Nery. Ficava um silencio...


Lembro também do momento barra pesada que viveu em 1972 quando perdeu sua filha Carla num acidente estúpido. Passei algumas noites sentado no chão segurando sua mão, e ela, dopada,
me olhando com um misto de tristeza e ternura.


Dedicou todo o resto de sua vida prioritariamente à sua filha Christiane, a radiosa Chris Grossi.
A cumplicidade foi recíproca, tornando as duas inseparáveis, focadas num mesmo temperamento e inquietação. E no fundo de tudo um amor profundo. E como era profunda, superficialidades com ela passavam ao largo.

Uma das maiores alegrias da minha vida foi ter escrito o livro "TV Tupi do Rio de Janeiro, uma viagem afetiva" para a Coleção Aplauso. Agora eu sei que foi por ter tido a oportunidade de conviver um pouco mais com ela que essa missão também se tornou especial. Acho que ajudei a resgatar não só a primeira emissora de tv carioca, mas também contar um pouco da sua vitoriosa trajetória profissional. Como ela me ajudou na feitura do livro ! Na noite de lançamento, na Livraria da Travessa, ela estava sob o domínio da emotividade total: revendo colegas, conhecendo a galera linda da Chris do Facebook, dando autógrafos, recebendo vivas de admiradores. Todos batiam cabeça pra ela: de Almeida Castro a José Wilker.

Gloria Pires, filha do grande Antonio Carlos, colega de emissora, e amicíssima de Chris, mesmo depois de ter dia pauleira de gravação da novela "Insensato coração", fez questão de comparecer para prestigiar MARIA DA GLÓRIA. Ela ficou encantada com a presena da xará, me disse.

Fica uma tremenda saudade. Guardo no meu abraço, como na foto, nossos momentos na vida terrena, com a certeza que o desdobramento na vida eterna, virá com a mesma intensidade.
Tudo é tão transitório, né querida ?

Creio que espíritos de luz antenados estão te cercando e dando as boas vindas: Carla, Ralf, Álvaro, Tania, Nádia, Justino, Edna, Rios, Gracinda, Gui, Lidia, Riva, Correa e Celmar, entre outros, saúdam e pedem espaço para Glorinha adentrar o panteão do amor.
Só quem partiu pode voltar. Ao vivo!


MISSA DE SÉTIMO DIA :
QUINTA FEIRA (DIA 2) ÀS 18H
IGREJA DE SÃO JOSÉ DA LAGOA.

Fotos: Acervo Chris Grossi
Fotos 5 e 6 : Júlio Pereira

sábado, 21 de maio de 2011

F O F O C A, UMA REFLEXÃO SOBRE A COMPULSÃO DA INTRIGA




Voce já sabe da última? Não? Nem eu... Taí um negócio que eu procuro cortar pela raiz, a tal da fofoca. Nem sempre é fácil sair de um papo maledicente, e às vezes você escorrega sem sentir porque o apelo é forte e está presente no inconsciente coletivo. Todos fofocam sem sentir, até a gente, mas quando eu me toco, volto atrás e vazo. Quando não somos agentes da fofoca, somos vítimas dela.

A revista científica Science desta semana publica estudo britânico com 140 entrevistados em que pesquisadores da Universidade de Northeatern, dos Estados Unidos, descobriram que uma fofoca negativa influencia e paralisa mais a mente humana do que um comentário positivo ou neutro. Cientistas afirmam que as pessoas tendem a fixar mais tempo o olhar no rosto daquele que ouviram falar mal, como forma de defesa.

Anônimos ou famosos, parentes, conhecidos, simples vizinhos ou colegas de trabalho, todos entram no caldeirão da fofoca. Segundo o dicionário Houaiss, fofoca significa um dito maldoso, uma especulação ou informação não baseada em fatos concretos. No velho Novo Aurélio, fofocar é fazer intriga, mexericar, bisbilhotar...

O tema me intrigou quando li o livro do dr José Ângelo Gaiarsa (FOTO), psiquiatra renomado:”Tratado geral sobre a fofoca” (Editora Summus), cujo subtítulo é: uma análise da desconfiança humana. De forma sugestiva, polêmica e séria, ele descreve a maneira como todos nós estamos envolvidos, tanto como vítimas quanto agentes da fofoca.

Gaiarsa estima que 40% de todas as conversas do mundo se baseiam em fofocas. Diz ele: “Estimo que 20% é conversa funcional, ordem, pedido, informação, constatação e declaração. O restantes 80% se dividem em duas partes iguais: 40% dela é fofoca e 40% é afirmação de preconceito.

Cartoom Tirinhas do Zé - José James

A fofoca é popular e está presente nos cartoons, nas tiras dos jornais, colunas e sites, em personagens populares da tv e do rádio, em letras de músicas, temas de filmes e livros. E, claro, através da classe política do país, cujo espelho é inevitável. As famosas intrigas palacianas existem de dez... A histórica Revista do Rádio criou os Mexericos da Candinha, pioneira das fofocas dos artistas. Lidas hoje, as noticias soam ingênuas e divertidas, na verdade a maioria era inventada e produzida para alimentar as popularidades dos cantores, vedetes e atores da época. A criatividade contava: “Quem era aquele cantor casado que estava na Barra da Tijuca jantando com aquela garota-propaganda que é noiva ? Eu bem que sei, mas não conto nem morta, queridinhos...”

A Candinha era ficcional, escrita em conjunto por Borelli Filho, diretor da revista, Atílio Cerino, Carlos Imperial e outros. Os divulgadores das gravadoras também palpitavam, e muitas vezes a brincadeira acabava comprometendo alguém.

Os paparazzi, tão em moda, são os grandes fofoqueiros da atualidade. A partir dos valorizados flagras que clicam, nasce uma fofoca quentinha, seja na porta de um hotel, em restaurantes, nos estacionamentos, na praia. Os sites de fofocas proliferam, saltam das colunas de revistas e vão para o universo web com sede: O Fuxico, Te contei? TiTiTi, Babado, etc. As fofocas requintadas ficam por conta de Zé Simão e Tutty Vasques. Na televisão os paulistas lideram: Leão Lobo é um dos mais famosos, até por ter perdido ações movidas pelos atores Susana Vieira e Thiago Lacerda. Igualmente gorducho, Mamma Bruschetta (FOTO) conta seus mexericos na TV Gazeta diariamente, seja falando do divórcio de Arnold Schwarzenegger ou do casamento de Cauã Reymond e Grazi Massafera.

Durante alguns anos rendeu a história de uma suposta cueca do ator Thiago Lacerda, colocada em leilão pelo apresentador Gugu Liberato, ainda no SBT no ano 2000. Na verdade, a cueca era uma sunga que o apresentador afirmava ter sido usada pelo ator na encenação da Paixão de Cristo em João Pessoa. O fato tão bizarro e aproveitador fez o ator mover uma ação contra Gugu e a emissora, ganhando indenização por danos morais e materiais.

A fofoca está no ar ! Se a fofoca afeta nosso sistema visual e faz com que as pessoas prestem atenção especial no rosto do fofocado, como afirma a pesquisa liderada por Eric Andersen para a revista Science, vamos refletir sobre a compulsão antiga que persegue a humanidade: fazer intriga, julgar, ouvir que uma pessoa mentiu, enganou, traiu, ganhou mais dinheiro ou mais poder.

O próximo passo da pesquisa é estudar distúrbios da ansiedade, como diz Anderson: “As fofocas fazem literalmente as pessoas enxergar mais problemas ou ver menos sorrisos? Isto pode alimentar a ansiedade, se tornar um círculo vicioso e levar a um distúrbio de ansiedade.”

“Marcha da Fofoca”

De Wilson Batista e Jorge de Castro)

Carnaval de 1957

Canta: César de Alencar

Fala, fala, fala, fofoqueira

Fala, fala, fala , faladeira

Venha conhecer minha maloca

Deixa de fofoca

Intriga é contra a moral

Fofoca eu sou tão legal

A minha orelha quer se refrescar

Me dá uma colher e chá !


quarta-feira, 18 de maio de 2011

OS DIREITOS CIVIS DOS HOMOSSEXUAIS




A Vitória da Cidadania Gay

Quando se fizer um balanço das grandes realizações do primeiro ano do governo da presidenta Dilma Rousseff, certamente estará dentre elas a decisão unânime dos ministros do Supremo Tribunal Federal na aprovação da Lei de Direitos Civis dos homossexuais. A notícia pegou o país de surpresa.

Em 5 de maio passado, os gays e bissexuais brasileiros conquistaram considerável parte de sua cidadania com a esmagadora maioria dos ministros, que lhe garantiram direitos iguais reconhecidos nos tribunais do país, contando casamento civil, herança, pensão previdenciária e alimentícia em caso de separação, licença médica, comunhão parcial de bens e futuramente a facilidade de adoção, entre outros benefícios.

Dos onze ministros, dez votaram a favor. O voto decisivo foi do ex-presidente do Supremo Gilmar Mendes. O relator Carlos Ayres de Britto colocou a questão em público com parecer pessoal digno e antenado. O ministro Luiz Fux foi o primeiro a se pronunciar, citando as “famílias espontâneas”. Declarou Fux: “O homossexualismo é um traço da personalidade. Não é crime. Então, porque o homossexual não pode constituir uma família? Por força de duas questões abominadas pela Constituição Federal: a intolerância e o preconceito.”

Desde o princípio da humanidade uniões de pessoas do mesmo sexo existiram em diversas culturas. Na Europa clássica: nas sociedades gregas e romanas. Hoje, em mais de 20 países já vigoram os direitos aos gays, entre os pioneiros: a Bélgica, Canadá, países da áfrica do Sul, Espanha, Suécia, Noruega, Islândia, Portugal, Argentina, México e em alguns estados da América do Norte.

A literatura, a pintura, o teatro e o cinema sempre abordaram a questão homossexual das mais diversas maneiras e inspirações.A televisão também, mas nesse veículo um aguardado beijo gay foi muitas vezes adiado. Dizem que por razões comerciais (medo da negativa dos anunciantes), e também das cabeças conservadoras dos empresários donos das redes de tv. Novelas têm cada vez mais focalizado personagens desse universo, mas... cadê coragem para mostrar em HD um beijo entre dois homens ou duas mulheres ?

A novela “Amor e revolução” do SBT, que está dando um banho de coragem ao contar a recente e arrepiante história da ditadura militar no Brasil, marcou mais um ponto, e apresentou o primeiro beijo de duas lésbicas na semana passada. Claro que a audiência subiu com tal audácia. Na seqüência, a jornalista Marcela (Luciana Vendramini) revela seu afeto por Marina (Giselle Tigre), chefe do jornal O Brasileiro onde trabalham, e tasca-lhe um beijo daqueles ! Não, não era o selinho da Hebe ou a bitoca do Gil, não... Foi um tremendo beijão tipo saca-rolha, quase 2 minutos no ar.

O autor Tiago Santiago teve o aval de Silvio Santos, que lhe deu total liberdade para criar a sua novela. Declarou Santiago: ...”É mais um tabu que se quebra, um passo adiante muito importante e uma força na luta contra a homofobia.”

A temática gay, perdão pelo cacófago, está na moda, essa é que é a verdade. Um desenho animado com humor ácido que abusa de estereótipos faz sucesso nos States através de canal a cabo da MTV dirigido ao público gay: “Rick & Steve”, em stop motion com bonecos que misturam lego com móbile.

No Brasil, além de “Amor e revolução”, recentemente a novela “Ti Ti Ti” saiu do armário com trama paralela sobre o assunto, e “Insensato coração” começa a desenvolver a questão homofóbica em sua história. Uma pergunta que não quer calar: será que Gilberto Braga e Ricardo Linhares escreverão cena de beijo gay masculino ? Ou ficará para mais tarde com “A fina estampa” de Aguinaldo Silva. Hein, hein??


Epílogay

A Lei dos Direitos Civis dos homossexuais surpreendeu não só aos mais ventilados, mas também os homofóbicos, católicos e evangélicos de plantão ficaram mexidos. Os desdobramentos estão cada vez mais evidentes, e prometem esquentar ainda mais os ânimos desse outono tropical. Tem que aturar. Demorô...


terça-feira, 3 de maio de 2011

A BÍBLIA DAS VEDETES É DE XURUPITO. O B A !




Mesmo fora de uso num país que abortou o Teatro de Revista, a Opereta e o Show de Variedades de Boate, a Vedete é uma realidade. Eterna. Profissão que deriva do ofício da atriz, ela é a persona máxima do endeusamento da mulher no palco. Desde 1728, quando o gênero Teatro de Variedades começou na França, um teatro de crítica política e de costumes, apimentado com humor e irreverência, a Vedette era figura máxima em cena.

A sortida Coleção Aplauso(Imprensa Oficial do Estado de SP) acaba de lançar um espetacular livro sobre esta figura determinante da história do show bussiness mundial.“As Grandes Vedetes do Brasil” de Neyde Veneziano pinça 41 Vedetes que brilharam no Teatro de Revista, no Show, no Cinema e na Televisão.

Aracy Cortes, Margarida Max, Otília Amorim, Pepa Ruiz, Mary Daniel, Isa Rodrigues, Celeste Aída, Mary Lincoln, Mara Rúbia, Virginia Lane, Salomé Parísio, Renata Fronzi, Elvira Pagã, Luz Del Fuego, Zaquia Jorge, Bibi Ferreira, Siwa, Nélia Paula, Anilza leoni, Dorinha Duval, Angelita Martinez, Rose Rondelli, Eloína, Lya Mara, Consuelo leandro, Sonia Mamed, Carmen Verônica, Janete Jane, Esther Tarcitano, Lílian Fernandes, Íris Bruzzi, Wilza Carla, Marly Marley, Brigite Blair, Silvia Fernanda, Iracema Vitória, Margot Morel, Sandra Sandré, Lódia Silva e Marivalda , entre as principais, que timaço !

A escritora Neyde Veneziano, nascida em Santos (SP), é catedrática no assunto, foi ela quem introduziu o Teatro de Revista na Universidade em 1989. Além de um perfil minucioso das Vedetes brasileiras, Veneziano narra com leveza, humor e conteúdo a saborosa história do Teatro de Revista em nossa terra e no mundo, muito bem respaldada por um trabalho de pesquisa primoroso, que contou com a colaboração de Daniel Marano, Luis Francisco Wasilewski, Maira Mariano e Sander Nagy. Trabalho sério e abrangente, pioneiro no tema.


Virgina Lane, a Vedete do Brasil, é assim descrita por Veneziano:

“...Baixinha, com pouco mais de 1.50m, inventou sandálias com altas plataformas. Um jornal disse que suas pernas eram espirituais de tão perfeitas. Então, quis aumentá-las. Inventou maiôs bem cavados. Era também meio dentuça. Fosse hoje, um protético teria desmontado seu lindo sorriso de coelhinha marota. Pois usou tudo isso a seu favor. Aumentou ou escondeu os defeitos com enormes chapéus, com mais lantejoulas, mais plumas, mais diamantes, mais malícia e mais alegria. E se tornou um ícone da revista musical.”

Virginia foi a minha primeira Vedete, e a primeira Vedete a gente nunca esquece, né? Não perdia um programa “Espetáculos Tonelux” na TV Tupi dos anos 50. Tinha que encarar um buraco da fechadura pra poder vê-la por que meus pais me queriam dormindo no tardio horário de nove da noite... Mas quando ia pra casa de meus padrinhos na Lagoa, ah, aí era a festa, podia ver do sofá a saltitante Virginia Lane em quadros montados, réplicas de seus números do Teatro Recreio, com direito a escadarias e cortinas esvoaçantes. Delírio puro.

Estrela maior da fulgurante Praça Tiradentes, Mara Rúbia ganha capítulo especial:A Rainha das Escadarias. Trecho do livro:

“...Em 1944, estreia na Revista “Momo na Folia”. O próprio Walter Pinto foi quem a batizou com o novo nome artístico e contratou professora de canto, dança e interpretação a fim de prepará-la para o estrelato. Transformou-se em grande Vedete e um dos maiores símbolos sexuais do Brasil, entre os anos de 1940 e 1950.”

Mara Rúbia eu também tive o privilégio de assisti-la, ainda menino na velha Tupi, como relatei no livro “TV Tupi, uma viagem afetiva”, recém lançado: A Vedete Mara Rúbia estrelou programa marcante no início da Venezuela: “Feira de Amostras”, dirigido por Chianca de Garcia, uma Revista autêntica onde os quadros cômicos eram intercalados com as charadinhas, o maior barrigudo, o casal mais adorável do mundo, etc. Participavam, Zezé Macedo, Martim Francisco, Armando Nascimento, Grijó Sobrinho e Duarte de Moraes.

Coxuda, corpo escultural e sorriso de covinhas, Angelita Martinez foi uma sensação como Vedete. Começou atuando como crooner no Golden Room e como girl de Carlos Machado, mas o super empresário Walter Pinto enxergou mais longe, como conta Veneziano em seu livro:

“...Foi então que surgiu Walter Pinto na jogada. Sem esperar muito tempo o Ziegfield brasileiro contratou Angelita e, no mesmo ano, a lançou como atração em “É Fogo na Jaca”, um grande sucesso com Mesquitinha, Ankito e Jane Gray. Com Walter Pinto Angelita deixou de ser uma promessa, para se tornar realidade. Foi a Vedete revelação de 1953 e fez parte das mulheres mais bem despidas do ano, na lista de beldades de Sérgio Porto, que no futuro se imortalizaria como As Certinhas do Lalau.”

Além de gostosíssima, Angelita tinha uma naturalidade no palco que seduzia a todos. Um sorriso maroto e angelical ao mesmo tempo completava o tripé da Martinez, que com formação de cantora, soltava uma voz afinada e límpida em seus números. Ela substituiu Virginia Lane em temporada que a Vedete do Brasil viajava e se afastava do “Tonelux”. E fazia bonito com seu corpão e carisma imbatíveis.

Foi em 1959 que ela ganhou o carnaval, gravando a marchinha de Wilson Batista e Jorge de Castro, “Mané Garrincha”, homenagem ao seu apaixonado Garrincha. As covinhas saltavam maliciosas quando ela cantava”...Mané que brilhou lá na Suécia, Mané que nasceu em Pau Grande”. E os foliões embarcavam no duplo sentido, claro.

Rose Rondelli é a favorita do Bucaneiro. Eu também tenho direito, né não? Tive a sorte de assisti-la direto no programa “Noites Cariocas” da TV Rio desde 1958 até 1960. Dentro de um cast de excelência, ela se destacava como protagonista absoluta do humor, da malícia, da carioquice explícita e da sensualidade. Dominava completamente os quadros que participava, fossem as vinhetas musicais com Paulo Celestino, o quadro das madames na sala de espera do cabeleireiro Antonio Carlos, ou no antológico Café Bola Branca. Minha sorte foi maior por que a conheci muitos anos depois e nos tornamos cúmplices em amizade for ever.

Neyde Veneziano comenta sobre Rose no capítulo La Rondelli:

“...Adotando o nome artístico de Rose Rondelli, em pouco tempo já era uma das mais destacadas Mulheres do Machado – como eram chamadas as girls e vedetes de Carlos Machado. Sua beleza insinuante mereceu elogios da crítica, como disse um jornal: Quando o tempo passar e Rose empinar mais o corpo, perdendo um pouco esse jeito atual de broto, e pisar no passo de mulher, nós ganharemos mais uma grande vedete.”

E para celebrar o lançamento desta verdadeira Bíblia das Vedetes, "As Grandes Vedetes do Brasil” - mostraremos a seguir um pouco do clima do Teatro de Revista através de uma propaganda filmada para o lançamento paulista da Revista “É de Xurupito” de Walter Pinto, estrelada por Nélia Paula e Rose Rondelli.

Aparecem também, Pedro Dias, Walter D’Avila, Paulo Celestino, Zeloni, Sandra Sandré e Manon Godoy.

O chamado Teatro Rebolado é história fascinante da cultura brasileira. O livro de Neyde Veneziano merece ser degustado por todos, é biscoito fino. Mas por enquanto... preparem seus corações por que a Vedete

é de xurupito !




domingo, 1 de maio de 2011

M E U M A I O

De Vladimir Maiakovski (1893-1930)

- O Poeta da Revolução -

A todos

Que saíram às ruas

De corpo-máquina cansado,


A todos

Que imploram feriado

Às costas que a terra extenua


- Primeiro de Maio!

Meu mundo, em primaveras,

Derrete a neve com sol gaio


Sou operário –

Este é o meu Maio !


Sou camponês –

Este é o meu mês


Sou ferro –

Eis o Maio que eu quero !


Sou terra –

O Maio é minha era !


E SALVE O TRABALHADOR BRASILEIRO !