sábado, 29 de outubro de 2011

ENCANTADO ! É UM PRAZER CONHECE-LO !

Será mesmo? Onde está a sinceridade, afinal ?

Quando somos apresentados a alguém não chegamos a nos expressar mais como nos 50’, tããão delicademente... As “aparências” contavam ponto, aliás, ainda contam nos dias de hoje, mas o comportamento é muito diferente daqueles anos de cortesia, de refinamento e até de certa hipocrisia em alguns casos.

O “tempo da delicadeza” linkou nos tempos atuais quando Chico Buarque o citou na sua bela “Todo o sentimento”, parece que o poeta deu um alerta geral em todo mundo: “Depois de te perder, te encontro com certeza, num tempo da delicadeza...”

“Delicadeza” é título de diversas canções assinadas por compositores de prestígio, tais como Joyce, Dori Caymmi, Leoni e Jorge Vercilo. Mas o foxtrote de Pedro Rogério e Lombardi Filho, lançado por Ivon Cúri em 1955, é um clássico, sem dúvida.

Ivon Cúri (1928-1995), cantor, compositor e ator, foi Rei do Rádio, pioneiro da TV e excelente comediante de cinema. Uma lenda. Chanssonier consagrado, ele trouxe para o Brasil sucessos de Trenet e Jean Sablon, com elegância, refinamento e uma voz aveludada inconfundível. É um dos mais belos timbres da história da música brasileira.

Tenho ainda vivo em minha memória, ele cantando na TV Rio, este fox “Delicadeza”. Garoto, eu vibrei com a sua ironia, bom humor e elegância.

No filme “Depois eu conto” (1956), dirigido por Watson Macedo, um estouro de bilheteria do cinema neste ano, ele canta e interage com os personagens da burguesia da época, representados na cena por figurantes e os próprios personagens da excelente trama: Eliana, Anselmo Duarte, Wilson Vianna, Heloisa Helena, Ilka Soares, e devidamente avacalhados pela hilariante Dercy Gonçalves, bem acompanhada por Catalano.

É cena antológica de crítica social e bom humor. Saquem, só:

Video



sábado, 22 de outubro de 2011

NA BOCA DE MATILDE...



Ninguém quer cair na boca de matilde, essa é a verdade.

Mas também ninguém abre mão de curtir suas excentricidades...eheheh.

Para estes, um Lamartine Babo no liquidificador bucaneiro, vamu cantar juntos?

AÍ, HEIN ?

de Lamartine Babo e Paulo Valea

Aí, hein, pensas que eu não sei?

Toma cuidado pois um dia

Eu fiz o mesmo e mesmo e me estrepei.

Aí, hein, pensas que eu não sei?

Sou camarada, faz de conta que euo sei.

Menina, que chega em casa

Às quatro da madrugada,

E quanto mais a escada vai subindo

Na boca do vizinho vai caindo...

Aí, hein, pensas que eu não sei ?

Sou camarada, faz de conta que eu não sei.

Velhota dos seus sessenta

Na praia toda inocente

Brincando com as crianças lá na areia

Vai pondo areia nos olhos da gente !

Aí, pensas que eu não sei ??

Aííí, hein, hein ?


Fotos com amor & humor: Material do Blog sem mundo, Serpieri, Fotosearch, Zaroio e tio Google.

Post dedicado ao casal Christiane Grossi e Eduardo Clark (com amor & humor)



sexta-feira, 21 de outubro de 2011

JORGE SALOMÃO, VÁRIOS EM UM





Ele é vários em um: poeta,letrista, artista plástico, diretor teatral, ator, radialista, agitador cultural e assessor de imprensa.

É mole ou quer mais? O coletivo disso tudo é JORGE SALOMÃO, baiano e anarquista de carteirinha que tem uma postura bastante ativa na cidade do Rio de Janeiro, a de locomotiva pensante.

Exagerado por natureza, em vez de um, acaba de lançar dois livros de uma vezada só pelo selo Jacaré Produções: “A estrada do pensamento”, ficção em homenagem ao filho João, e “Conversa de mosquitos”, poesia e filosofia dedicado ao seu irmão Wally Salomão. O projeto gráfico das capas é assinado pelo designer Bob Siqueira e as fotografias são de Ricardo Poock e André Gomes de Melo.

O Bucaneiro apresenta com exclusividade uma presença do queridão de 9 entre 10 estrelas da constelação nacional - e internacional, claro!

Vários em um

Jorge Salomão

eu sou um, sou vários em um
eu sou um, sou vários em um

sou alimento para sua cabeça
universo em contramão
um bom gole de cerveja
sou rima, não solução

carnaval, silencio
circo , pedra, pão
alegria, samba
caos erupção

eu sou um, sou vários em um
eu sou um, sou vários em um

sou a barriga vazia,sem mesa
som de flecha no coração
tenho tudo nenhuma certeza
sou a palavra dita em vão

alto mar, sereno
dor, meditação
noite , sol
motor, contínua mutação

eu sou um, sou vários em um
eu sou um, sou vários em um

sou tempestade
calmaria
poesia e podridão
talvez cinema ou magia
garganta aberta no furacão

sou o tom , o dom
a pura ficção
desperdícios, vícios, todo sim e não

eu sou um, sou vários em um
eu sou um, sou vários em um



quarta-feira, 12 de outubro de 2011

O FABULOSO JOSÉ VASCONCELOS




Ele é o primeiro one man show da nossa história, sem dúvida. Sozinho num palco era capaz de deixar a platéia completamente magnetizada pelo poder único de contar estórias engraçadas e se transmutar em diversos personagens, e sem sentir falta de atores, bailarinos ou cenários. Essa capacidade de preencher um espetáculo-solo inteiro sem deixar a peteca cair foi inventada por JOSÉ VASCONCELOS.

Nascido no rádio (revelado no “Papel Carbono” de Renato Murce), ZÉ VASCONCELOS foi exportado imediatamente para a televisão quando ela dava seus primeiros passos. Aquela televisão artesanal revelou nomes que se tornaram artistas nacionalmente conhecidos, e estamos falando de um tempo que não existia vídeo tape e muito menos transmissões em rede. Tudo era local, quando Chateaubriand inaugurou a TV Tupi de São Paulo (setembro de 1950) e quatro meses depois a TV Tupi do Rio (Janeiro de 1951). Em Sampa fez “A Toca do Zé” e no Rio, “Arca de Noé”.

Desse tempo só os discos em LPs restaram com o talento vocal do . E ele gravou diversos, com os mesmos personagens e textos (seus) que apresentava em seus programas nas Associadas paulista e carioca, gravados diretamente das temporadas teatrais que fez paralelamente. Nos discos ele está quente e impagável, tendo a cumplicidade da platéia a seus pés.

“O Mundo Algre de José Vasconcelos”, “...E o Espetáculo continua” e “Eu sou o Espetáculo” são alguns deles, sendo que este último atingiu a marca de 100.000 discos vendidos. Sabe lá o que é isso, sô?

JOSÉ VASCONCELOS (1926-2011), ou José Thomaz da Cunha Vasconcelos, nascido em Rio Branco, Acre, acaba de sair de cena aos 85 anos. Além do rádio e da televisão, fez filmes, estreando em “Este Mundo é um Pandeiro” de Watson Macedo (1946) ao lado de Oscarito, Grande Otelo e Marion, e depois protagonizou diversos espetáculos-solo de sucesso no eixo Rio-SP. Em 1964 quando visitou a Disneylândia, sonhou em montar no Brasil a Vasconcelândia, um parque de diversões monumental, mas não encontrou apoio nos poderosos grupos empresariais que procurou. Décadas depois de seus programas na Tupi, participou na Globo dos humorísticos “Faça humor, não faça guerra” ao lado de Renato Corte Real e Jô Soares, e da “Escolinha do Professor Raimundo”, a convite do amigo Chico Anysio, onde ficou conhecido pelo seu personagem, o gago Ruy Barbosa Sá Silva. Ultimamente apresentou seu gago na Escolinha da Tv Record.

No livro que escrevi recentemente para a Coleção Aplauso (Imprensa Oficial de SP), “TV Tupi, uma Viagem afetiva” registrei sua passagem pelo canal 6 carioca, no programa “Arca de Noé”, onde desfilava vários personagens, apenas usando adereços que ilustravam seus monólogos. Como eu gostaria de tê-lo entrevistado, mas o prazo de entrega era apertado, e assim não pude homenageá-lo como merecia.

E é a própria viagem afetiva, por que eu o assistia todos os domingos. Careteiro, arregalando os olhos e fazendo bicos hilários, tinha uma máscara teatral fantástica. Para cada personagem uma voz diferente, (do calibre de Lauro Borges e Castro Barbosa do “PRK-30”), quando imitações e tiradas engraçadas enriqueciam a galeria de personagens históricos, que iam de Napoleão, Adão e Moisés ao Imperador César. Um momento inesquecível: o quadro que contava a dificuldade de apagar uma vela.

JOSÉ VASCONCELOS é gênio. Criou o gênero one man show que hoje batizaram de stand up comedy, e tem revelado diversos atores jovens na TV e no teatro. Deslumbrados com o formato, alguns se nomeiam os inventores da roda...eheheh! Que eles bebam da fonte, pois a maior é ele. Ave, ZÉ !



sábado, 8 de outubro de 2011

CONVERSA DE TELESPECTADOR



Na pauta do mes, a novela “Morde e Assopra”(Globo), o jornalístico “CQC” (Band) e o esportivo “Belas na Rede”(Rede TV).


ANDRÉ, A CARA E A CORAGEM

A novela ia se chamar “Dinossauros e Robôs”. Mudou pra “Morde e Assopra”, o que quer dizer a mesma coisa... Os títulos das novelas atuais são tão evasivos que fica difícil a gente entender que história afinal está sendo contada.Como se trata de uma obra aberta, acho eu, eles também acompanham a pluralidade da trama, um emaranhado de situações paralelas em torno de uma focada como a trama principal. A novela escrita pelo craque Walcyr Carrasco chega ao final com o mérito de ter proporcionado excelentes atuações individuais entre o numeroso elenco escalado.

Dos protagonistas, Adriana Esteves é sempre aquele brilho especial; Ary Fontoura e Elisabeth Savalla, duas feras da comédia, deitaram e rolaram. A novela trouxe de volta ao vídeo Narjara Turetta em papel dramático perfeito para o seu momento de atriz.

As revelações foram diversas, a começar pelo casal jovem Klebber Toledo, tão bonito quanto bom ator, e Marina Ruy Barbosa, igualmente linda e sensível. Vera Mancini começou de mansinho, discreta e cresceu no decorrer da novela, trazendo a sua Cleonice para o primeiro plano, batendo de igual pra igual com a experiente e hilária Jandira Martini, a Salomé. Atores de peso rechearam o bolo, como Paulo Goulart, Paulo José, Cissa Guimarães, Emiliano Queiroz e Walderez de Barros.

Na minha opinião de telespectador, me bateram como os pontos altos de “Morde e Assopra” as presenças de Cássia Kiss e André Gonçalves. Kiss deu um banho de humanidade na sua Dulce, comovendo e emocionando a todos. É sempre uma atriz intensa e detalhista em suas composições. Show.

André Gonçalves aproveitou bem a oportunidade e deu uma dimensão especial ao gay Áureo em leveza e bom humor. Um barato! Muito bem apoiado por Vanessa Giácomo (Celeste) e Joaquim Lopes (Josué), André conseguiu a proeza de fazer alta comédia sem ser pejorativo ou crítico. Ele brincou com o clichê “do viado”.Um ato de coragem em se expor e focar o personagem sem ser vulgar ou preconceituoso, como tantos gays que assistimos na telinha. Um show de interpretação moderna a serviço do carisma do ator.


OS MENINOS MAUS

Eles são moderninhos, superprafrentex, irônicos e irreverentes. No entanto, apesar do sucesso que fazem, há quem ache o programa “C Q C” o campeão do humor chulo, desagradável e ofensivo. A ideia do jornalístico da Band é uma franquia da Argentina, exibido lá desde 1995: “Caiga, Quien Caiga” que a paulicéia batizou de “Custe o Que Custar”. Deu pra entender ? Nem eu... Uma bancada de tres apresentadores – Marcelo Tas, Rafinha Bastos e Marco Luque, se balançam para as câmeras animadas, apresentando e comentando os temas abordados sempre de terno e óculos escuros. Nas reportagens, Rafael Cortez, Danilo Gentili, Felipe Andreoli, Oscar Filho e Mônica Iozzi aparecem nas estreias e até no Senado Federal, com a irreverência na ponta da língua e , segundo eles, “perguntando o que ninguém teve coragem de perguntar...” Sempre em nome do direito de livre pensar e de se expressar, claro.

Uma das tiradas da turma: “As feias deveriam agradecer quando fossem estupradas” (sic)... O apresentador Rafinha foi afastado recentemente do programa por que fez comentário grosseiro, depois de Tas falar: “Que bonitinha está a Wanessa grávida”, referindo-se à cantora Wanessa Camargo. Rafinha saiu-se assim: “Eu comia ela e o bebê, não tô nem aí...” Fino o rapaz, hein, hein? Sutil como uma britadeira...

O nível é por aí, em nome de uma originalidade inusitada. Como todos são jovens, imprimem uma postura da “new generation” em relação ao mundo político, das celebs, da cultura e do esporte, para o seu público alvo. Fico pensando na responsa de falar para o jovem de hoje...


AS BELAS NA TELA

O mundo é das mulheres, isso não é novidade. Elas agora chegaram ao futebol. Além do tapete verde conquistado como jogadoras, abrem espaço como comentaristas, analistas e entrevistadoras do esporte até então considerado essencialmente masculino. A ideia está no ar há um ano pela Rede TV no programa “Belas na Rede” apresentado aos domingos. Um time super simpático de jornalistas e ex-jogadoras comandam a atração trazendo leveza, bom humor e informação com naturalidade e empatia. O mais importante, a meu ver, é a oportunidade de seu ouvir a ótica feminina, elas debatem, opinam e interagem com o público telespectador com personalidade e firmeza.

Milene Domingues, a Rainha das Embaixadinhas, é presença marcante nos comentários e posturas que assume diante das câmeras, sempre viva e bela, ao lado de Juliana Cabral e Marília Ruiz . A jornalista Paloma Tocci apresenta e a repórter Gabriela Pasqualin faz as reportagens. Elas falam com naturalidade e competência, o que é raridade na tv aberta onde a maioria grita e quer parecer inteligente naquele tom de clipe (tudo rápido e dinâmico) cansativo. E aí está o grande charme de “Belas na Rede”, o coloquial e a simplicidade.