sábado, 20 de abril de 2013

NUNCA EXISTIU UMA MULHER COMO ROSE RONDELLI


FESTIVAL 4 ANOS -  
VALE A PENA CURTIR DE NOVO - RETRÔ

Enquanto isso nos mares de 31 de julho de 2009...


Leonina e carioca de origem , ela nasceu num 1º de agosto em Copacabana, onde se tornou um dos símbolos da legítima beleza e charme do bairro famoso. A jovem Rosemyr, exímia nadadora, chamava a atenção quando passava cheia de graça pelas areias, ou saía do mar qual uma sereia, admirada pelas curvas e pelo sorriso escancarado – sorria com os olhos! – deixando a rapeize com água na boca.

ROSE RONDELLI é personagem mítica para os que a conheceram de perto, viram-na atuar no cinema, boate e tv, e para os que também não foram da sua geração, já que seu nome ficou tatuado no imaginário masculino, e de quebra, no feminino também. A lenda tem sua razão de ser. O nome já era uma inspiração, a beleza fazia jus, mas quando se expressava, sai de baixo, ela seduzia a todos com simpatia contagiante e inteligência brilhante, rápida no gatilho que era.


Ainda menor de idade, chamou a atenção de Carlos Machado, o Rei da Noite primeiro e único, que, pasmo com tanta graciosidade, a convidou para integrar seus shows nas boates Night And Day, na Cinelândia, e Monte Carlo, no alto da Gávea, aquela da estrela verde de néon.
Em sua biografia Memórias Sem Maquiagem” (Cultura Editora), Machado escreveu: “...Mas os nomes que ficaram para sempre ligados ao Monte Carlo foram os das maravilhosas mulheres escolhidas entre jovens manequins, modelos fotográficos e figurantes do nosso cinema, compondo um grupo de indescritível beleza. Passaram a ser conhecidas do público como “As Mulheres do Machado”... E cita Ilka Soares, Carmem Verônica, Carmem Brown, Norma Tamar, Dorinha Duval, Núcia Miranda, Angelita Martinez, Edith Morel, Joãozinho Boa Pinta e... ROSE RONDELLI.


Com nenhuma polegada a mais ou a menos, era a própria certinha. Assim, tornou-se a Certinha do Lalau mais assídua da lista anual de gatas do jornalista e escritor Sérgio Porto, o Stanislaw Ponte Preta. Obteve grande sucesso popular no programa radiofônico “Miss Campeonato”, criado pelo Lalau para a Rádio Mayrink Veiga. O programa misturava 2 ingredientes infalíveis do gosto do brasileiro: futebol e mulher. Apresentado pelo elegante Ruy Porto, jogadores e técnicos eram entrevistados por ela, enquanto o público participava respondendo à perguntas produzidas, e o vencedor ganhava o troféu, a Miss Campeonato. E isso revelou uma atriz desembaraçada e espontânea.

Era um prato cheio para destilar seu humor malicioso, provocativo. Também os comediantes da Mayrink participavam do programa em esquetes de humor, cada um representante de um time. Zé Trindade, Matinhos, Germano, Duarte de Moraes e Altivo Diniz defendiam o humor carioca de Sérgio Porto. Antonio Maria e Chico Anysio também colaboraram nos scripts.


Suzy Kirby (treinadora). De pé: Gina Le Feu, Eloina, Olívia Marinho, Carmem Verônica, ROSE RONDELLI e Soninha. Agachadas: Elisabeth Gasper, Norma Marinho, Norma Bengell, Mary Marinho e Sonia Correa
No final dos anos 50 ela se destacou no humorístico “Noites Cariocas” da TV Rio, dirigida por Carlos Manga. Atuando em diversos quadros, fez dupla com Paulo Celestino, era uma das dondocas do salão de cabeleireiro e cantava e dançava no lendário Café Bola Branca, o primeiro quadro musical da televisão. Quatro casais pintados de preto, cantavam ao vivo a ideia do genial Haroldo Barbosa, acompanhados da orquestra de Oswaldo Borba.

“No Café Bola Branca, gente branca não tem, gente branca é um inferno, gente branca é um inferno, isso aqui é um céu!... Oba, lá vem mulher!” Sandra Sandré e Castrinho, Isa Rodrigues e Hamilton Ferreira, Zélia Hoffman e Antonio Carlos e ROSE RONDELLI e Paulo Celestino, e mais Hugo Brando dando pinta, fechavam o programa, surpreendendo o telespectador com um delicioso quadro musical, oriundo do melhor teatro de revista. Um must.


Com Cyll Farney em “Quanto Mais samba Melhor”

Filmou pouco. A primeira experiência na tela aconteceu em “Samba na Vila” (1956) com Lulu de Barros. Brigou com o diretor no meio da filmagem, e a continuação de sua personagem ficou com Íris Delmar. Em 1960 rodou com Manga, “Quanto Mais Samba Melhor”, ao lado de Cyll Farney, Vagareza, Jayme Filho e Vera Regina. Foi uma revelação, a crítica se surpreendeu e aplaudiu seu desempenho.
O crítico Salvyano Cavalcanti de Paiva destacou:
“...A fita revela dois artistas dignos de aproveitamento ulterior: o cômico Vagareza – que a TV e os filmes ruins não conseguiram destruir – e a vedetinha ROSE RONDELLI, versátil, espontânea falando, andando, gesticulando, dançando e beijando com uma graça espantosa de Miss Campeonato, seu merecido título.”



Quando casou com Chico Anysio abandonou a carreira. Criou seus três filhos, Duda Anizio, Nizo Neto e Rico Rondelli, viajou e curtiu tudo que tinha direito. Ameaçou algumas voltas em aparições esporádicas, mas o que tinha de talento (e era muito) não correspondia à vocação necessária para sustentar a carreira, e assim, preferiu viver a praia, os bares, os amigos e a família, especialmente os filhos e os netos Yan e Juju. Foi uma curtidora na melhor definição do termo. Saía na Banda de Ipanema, freqüentava o Jangadeiros, o Posto 9, estava sempre presente nas estreias e acontecimentos artísticos e sociais, antenada na vida, que ela amava com intensidade.

Aonde chegava, era alvo das atenções, porque tinha um carisma pessoal avassalador. As gargalhadas, os comentários bem sacados, a alegria que exalava, sempre positiva, sempre pra cima. Não tinha tempo ruim pra ela. E se tivesse, dava logo uma volta por cima. Muito antes do feminismo, ela deixou a marca da independência e da praticidade da mulher, muitas vezes confundida por um machismo obsoleto que lhe cercava, mas que desprezava e ironizava com maestria. Amava a liberdade e abominava qualquer tipo de preconceito ou conceito retrógrado. Aí mostrava as garras de leoa.

Na virada de 2004/2005 partiu, vitimada por traiçoeira doença. Na ocasião, ouvi de sua amiga Rose Carvalho: “A cidade perde uma de suas maiores alegrias a partir de agora...” Perdeu mesmo. Mas deixou em cada um de nós a lembrança forte do ser humano autêntico, doce e amoroso que encarou a vida com tremendo jogo de cintura, e será para todo o sempre uma luz de brilho singular, a que sempre irradiou em seus olhos.

Não, nunca existiu uma mulher como ROSE RONDELLI.



Foto 1: Paulo Marcelo Lima e Silva
Fotos 2 e 3: Revista Vida Doméstica
Foto 4: Revista do Lalau/ Acervo Carmem Verônica
Foto 5 : Livro História Ilustrada de Salvyano C. de Paiva
Foto 6 : Acervo Nizo Neto


16 comentários:

  1. Olá Buka. Naõ podia deixar de comentar e festejar a homenagem a nossa querida Rose Rondelli. Talentosa e brilhante artista, amiga presente e que tão cedo foi embora. Com a minha admiração por Rose o carinho do velho ator Emiliano Queiroz.

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  2. Muito linda a Rose, deixou saudades em todos nós, a lembrança de uma doce e verdadeira amizade, sempre presente na nossa família e nas festas de confraternização.

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  3. Gente finíssima! Ela jantou algumas vezes com minha "turma-de-hospital", e foram noites especialmente agradáveis, graças a ela...
    Perdemos, mesmo...

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  4. Essa mulher é um barato!!!
    Gilson Bezerra

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  5. A melhor sogra do mundo! E grande avó para meu filho. A família agradece.

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  6. Voltando a encontrar Rose Rondelli e as boas recordações que ela evoca. Todo o carinho emiiano queiroz

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  7. Mulher de exuberância farta! Conheci na praia nós trocamos altos papos, conversava sobre tudo. Era espetacular! Rogerio Palma

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  8. Adorei! essa mulher sempre foi linda! Não a conheci, mas acho que teria gostado muito dela. Linda e justa homenagem. bjssss Buca!
    Vera Vianna

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  9. Sensacional!Faltou a Iris Bruzi no futebol das vedetes - Téo Lima

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  10. Louis uma bela forma de soprar as velas da nau pirata no momento de seu aniversario... Parabens por sua dedicação e contribuição em um momento de ventos estranhos soprando nosso planeta.Suas homenagens são um balsamo no mar de inseguranças e abandono.Do velho ator o amigo emiliano queiroz

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  11. Não vi trabalhando, mas minha mãe foi dançarina e me dizia que arrasava no teatro. Eu sempre cruzava com ela no Leblon e ficava com vontade de de falar porque elas se conheceram mas nunca tive coragem. Perdi perdeu. Cadu

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  12. Rose Rondelli foi uma grande estrela. Charmosa, bonita, talentosa, sua beleza seria perfeita para os padrões de hoje. Lembro dela em "O Riso é o Limite", "Miss Campeonato", "Noites Cariocas" e outros programas que deixaram saudade na TV brasileira. Até sempre,RR!

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  13. Eu a conheci quando morava na Urca era vizinha de minha tia , ia a praia com ela , lembro que ela usava um duas peças roxo , eu brincava com Rico.

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