terça-feira, 3 de maio de 2011

A BÍBLIA DAS VEDETES É DE XURUPITO. O B A !




Mesmo fora de uso num país que abortou o Teatro de Revista, a Opereta e o Show de Variedades de Boate, a Vedete é uma realidade. Eterna. Profissão que deriva do ofício da atriz, ela é a persona máxima do endeusamento da mulher no palco. Desde 1728, quando o gênero Teatro de Variedades começou na França, um teatro de crítica política e de costumes, apimentado com humor e irreverência, a Vedette era figura máxima em cena.

A sortida Coleção Aplauso(Imprensa Oficial do Estado de SP) acaba de lançar um espetacular livro sobre esta figura determinante da história do show bussiness mundial.“As Grandes Vedetes do Brasil” de Neyde Veneziano pinça 41 Vedetes que brilharam no Teatro de Revista, no Show, no Cinema e na Televisão.

Aracy Cortes, Margarida Max, Otília Amorim, Pepa Ruiz, Mary Daniel, Isa Rodrigues, Celeste Aída, Mary Lincoln, Mara Rúbia, Virginia Lane, Salomé Parísio, Renata Fronzi, Elvira Pagã, Luz Del Fuego, Zaquia Jorge, Bibi Ferreira, Siwa, Nélia Paula, Anilza leoni, Dorinha Duval, Angelita Martinez, Rose Rondelli, Eloína, Lya Mara, Consuelo leandro, Sonia Mamed, Carmen Verônica, Janete Jane, Esther Tarcitano, Lílian Fernandes, Íris Bruzzi, Wilza Carla, Marly Marley, Brigite Blair, Silvia Fernanda, Iracema Vitória, Margot Morel, Sandra Sandré, Lódia Silva e Marivalda , entre as principais, que timaço !

A escritora Neyde Veneziano, nascida em Santos (SP), é catedrática no assunto, foi ela quem introduziu o Teatro de Revista na Universidade em 1989. Além de um perfil minucioso das Vedetes brasileiras, Veneziano narra com leveza, humor e conteúdo a saborosa história do Teatro de Revista em nossa terra e no mundo, muito bem respaldada por um trabalho de pesquisa primoroso, que contou com a colaboração de Daniel Marano, Luis Francisco Wasilewski, Maira Mariano e Sander Nagy. Trabalho sério e abrangente, pioneiro no tema.


Virgina Lane, a Vedete do Brasil, é assim descrita por Veneziano:

“...Baixinha, com pouco mais de 1.50m, inventou sandálias com altas plataformas. Um jornal disse que suas pernas eram espirituais de tão perfeitas. Então, quis aumentá-las. Inventou maiôs bem cavados. Era também meio dentuça. Fosse hoje, um protético teria desmontado seu lindo sorriso de coelhinha marota. Pois usou tudo isso a seu favor. Aumentou ou escondeu os defeitos com enormes chapéus, com mais lantejoulas, mais plumas, mais diamantes, mais malícia e mais alegria. E se tornou um ícone da revista musical.”

Virginia foi a minha primeira Vedete, e a primeira Vedete a gente nunca esquece, né? Não perdia um programa “Espetáculos Tonelux” na TV Tupi dos anos 50. Tinha que encarar um buraco da fechadura pra poder vê-la por que meus pais me queriam dormindo no tardio horário de nove da noite... Mas quando ia pra casa de meus padrinhos na Lagoa, ah, aí era a festa, podia ver do sofá a saltitante Virginia Lane em quadros montados, réplicas de seus números do Teatro Recreio, com direito a escadarias e cortinas esvoaçantes. Delírio puro.

Estrela maior da fulgurante Praça Tiradentes, Mara Rúbia ganha capítulo especial:A Rainha das Escadarias. Trecho do livro:

“...Em 1944, estreia na Revista “Momo na Folia”. O próprio Walter Pinto foi quem a batizou com o novo nome artístico e contratou professora de canto, dança e interpretação a fim de prepará-la para o estrelato. Transformou-se em grande Vedete e um dos maiores símbolos sexuais do Brasil, entre os anos de 1940 e 1950.”

Mara Rúbia eu também tive o privilégio de assisti-la, ainda menino na velha Tupi, como relatei no livro “TV Tupi, uma viagem afetiva”, recém lançado: A Vedete Mara Rúbia estrelou programa marcante no início da Venezuela: “Feira de Amostras”, dirigido por Chianca de Garcia, uma Revista autêntica onde os quadros cômicos eram intercalados com as charadinhas, o maior barrigudo, o casal mais adorável do mundo, etc. Participavam, Zezé Macedo, Martim Francisco, Armando Nascimento, Grijó Sobrinho e Duarte de Moraes.

Coxuda, corpo escultural e sorriso de covinhas, Angelita Martinez foi uma sensação como Vedete. Começou atuando como crooner no Golden Room e como girl de Carlos Machado, mas o super empresário Walter Pinto enxergou mais longe, como conta Veneziano em seu livro:

“...Foi então que surgiu Walter Pinto na jogada. Sem esperar muito tempo o Ziegfield brasileiro contratou Angelita e, no mesmo ano, a lançou como atração em “É Fogo na Jaca”, um grande sucesso com Mesquitinha, Ankito e Jane Gray. Com Walter Pinto Angelita deixou de ser uma promessa, para se tornar realidade. Foi a Vedete revelação de 1953 e fez parte das mulheres mais bem despidas do ano, na lista de beldades de Sérgio Porto, que no futuro se imortalizaria como As Certinhas do Lalau.”

Além de gostosíssima, Angelita tinha uma naturalidade no palco que seduzia a todos. Um sorriso maroto e angelical ao mesmo tempo completava o tripé da Martinez, que com formação de cantora, soltava uma voz afinada e límpida em seus números. Ela substituiu Virginia Lane em temporada que a Vedete do Brasil viajava e se afastava do “Tonelux”. E fazia bonito com seu corpão e carisma imbatíveis.

Foi em 1959 que ela ganhou o carnaval, gravando a marchinha de Wilson Batista e Jorge de Castro, “Mané Garrincha”, homenagem ao seu apaixonado Garrincha. As covinhas saltavam maliciosas quando ela cantava”...Mané que brilhou lá na Suécia, Mané que nasceu em Pau Grande”. E os foliões embarcavam no duplo sentido, claro.

Rose Rondelli é a favorita do Bucaneiro. Eu também tenho direito, né não? Tive a sorte de assisti-la direto no programa “Noites Cariocas” da TV Rio desde 1958 até 1960. Dentro de um cast de excelência, ela se destacava como protagonista absoluta do humor, da malícia, da carioquice explícita e da sensualidade. Dominava completamente os quadros que participava, fossem as vinhetas musicais com Paulo Celestino, o quadro das madames na sala de espera do cabeleireiro Antonio Carlos, ou no antológico Café Bola Branca. Minha sorte foi maior por que a conheci muitos anos depois e nos tornamos cúmplices em amizade for ever.

Neyde Veneziano comenta sobre Rose no capítulo La Rondelli:

“...Adotando o nome artístico de Rose Rondelli, em pouco tempo já era uma das mais destacadas Mulheres do Machado – como eram chamadas as girls e vedetes de Carlos Machado. Sua beleza insinuante mereceu elogios da crítica, como disse um jornal: Quando o tempo passar e Rose empinar mais o corpo, perdendo um pouco esse jeito atual de broto, e pisar no passo de mulher, nós ganharemos mais uma grande vedete.”

E para celebrar o lançamento desta verdadeira Bíblia das Vedetes, "As Grandes Vedetes do Brasil” - mostraremos a seguir um pouco do clima do Teatro de Revista através de uma propaganda filmada para o lançamento paulista da Revista “É de Xurupito” de Walter Pinto, estrelada por Nélia Paula e Rose Rondelli.

Aparecem também, Pedro Dias, Walter D’Avila, Paulo Celestino, Zeloni, Sandra Sandré e Manon Godoy.

O chamado Teatro Rebolado é história fascinante da cultura brasileira. O livro de Neyde Veneziano merece ser degustado por todos, é biscoito fino. Mas por enquanto... preparem seus corações por que a Vedete

é de xurupito !




9 comentários:

  1. O livro da Veneziano é otimo e com o seu completam o panorama de uma epoca. O video do Xurupito é para vêr uma dezena de vezes. Um viva as vedetes, do velho ator Emiliano Queiroz.

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  2. Eu procurei em duas livrarias do centro da cidade e não tinha. Onde posso comprar ?? Julio Cesar

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  3. É nossa raiz o teatro de revista mas não entendo porque acabou.Será que os empresários de hoje não acreditam na revista? Tenho a certeza que seria sucesso.Mulheres nuas, música, piadas, isso é a cara do brasile iro e do carioca então nem se fala.Faço votos que voltem porque a nova geração não sabe o que é bom.Moacir Cavalcante

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  4. Recordar é viver!Voce me faz lembrar meus tempos de juventude que não voltam mais. Estive muitas vezes na boate Monte Carlo ver as mulheres do Machado com o grande Carlos Machado. Vi todas elas,a Angelita Martines, a Rose Rondeli, Carmem Veronica e tantas vedetes lindas. Um forte abraço e obrigado por me fazer recordar momentos sublimes que não esqueci jamais.
    Horácio Gaudencio

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  5. O Walter Pinto foi o maior.Ele seguiu os passos do pai e tomou conta da praça Tiradentes com as maiores revistas daquele tempo. Esse video é um tesouro e ele dá idéia do esp´lendor daqueles espetaculos.Eu acho que atualmente não tem ninguem que saiba fazercomo ele fez, e não existem mais vedetes como essas. Hércio P.Silveira

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  6. Sensacional! Parabens,adoramos. Babi e Diogo

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  7. Noooooooooooooooossa!!!que máximo!
    Amei o Bucaneiro de hoje...
    Celia Vaz

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  8. Gostosa era a Marivalda. HEÉLIO PEREIRA

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  9. Gostaria de ver alguma coisa sobre Sandra Sandré, parceiro. Lembra dela? Ficava ofuscada pela grande Rose Rondeli, mas também estava nos programas da TV Rio.
    Abraço,
    Marco Antonio Coutinho
    macdrg@globo.com

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