O MITO DO FALO

O sorriso de dona Maria Rodrigues com seus maracujás fálicos

Em São José de Ribamar, Maranhão, nasceu um pé de pica. A noticia correu e chegou na mídia e na internet, devidamente esclarecida: o maracujazeiro do sítio de dona Maria Rodrigues de Aguiar, plantado há dois anos, está coalhado da fruta que cresce em formato de órgão sexual masculino. O fato misterioso e inusitado mexe não só com a curiosidade, mas também levanta uma reflexão ancestral sobre o mito do falo.

Freud explica ?

Psicanalistas e estudiosos falam no assunto de dez, onde a diferença dos sexos é matéria de intermináveis debates, definições e propostas. Dr Freud, em 1923, afirmou: “...o pênis é desejado, pois é bom; o pênis é estruturante, é um objeto de desejo, desejado por homens e mulheres.” A partir daí desenvolve o conceito do falo.

Gárgula na Matriz Ponta Delgada, Pompéia.

As ruínas da cidade de Pompéia, (sul de Nápolis, Itália), soterrada há 2000 anos pelas lavas do vulcão Vesúvio, permitem conhecer o dia a dia de uma cidade romana, que foi pega de surpresa com a chuva de cinzas e pedras vulcânicas. A descoberta de desenhos obcenos, símbolos fálicos e cenas eróticas pintadas nas paredes dos bordéis levaram a crer que Pompéia foi o paraíso dos bacanais. Mas a questão não tinha tabu nem vulgaridade: objetos domésticos como candeias de óleo, tigelas e desenhos fálicos nas pernas das mesas também são encontrados nas ruínas das residencias.

Na porta das casas, símbolo para afastar o mau olhado

De acordo com antigos manuscritos e descobertas arqueológicas, orgias, prostituição, homossexualidade, sexo com animais e lesbianismo eram praticados com a maior naturalidade. O “culto do fálus (pênis ou colon)” esteve espelhado no mundo antigo, com evidencia de que sua adoração aconteceu também na Índia, na Ásia Menor, no Egypto e na Grécia. Priapus, filho de Afrodite e Dionísio, era considerado o deus da fertilidade segundo Michael Grant em seu livro Eros in Pompéia, capítulo Culto Fálico (Priapus). O mito fálico era seguido com a finalidade de pedir benesses aos bons ofícios divinos capazes de afugentar o mau olhado. O povo acreditava que Priapus era deus poderoso, e assim caralhos eram estampados nas portas das residências como símbolo protectivo, e não sexual. Cruzar os dedos era uma atitude habitual para dar uma corrida no baixo astral e nas forças negativas. A figa é um símbolo fálico usado até os dias hoje como amuleto ou talismã.

O goleiro Roger ouvindo rádio

Não existe pecado ao sul do Equador, cantou Chico Buarque um dia. E o erotismo tomou conta do século 21 com poder de posse. Revista de mulher pelada, filmes pornôs e também o “cinema de arte”, as novelas e séries de televisão, a pintura e espetáculos de teatro vanguardistas, democratizaram uma moral bastante conservadora, que ainda existe, mas não apita tanto: a exibição dos corpos masculinos, seja como fetiche de um objeto do desejo, seja dramaticamente num contexto. E os homens também aderiram, quebrando o preconceito de mostrarem seus membros. Jogadores de futebol, como Roger, Vampeta e Dinei, integrantes do universo machista do futebol, posaram para revistas do universo gay, embolsando um bom cachê. Assim como atores, Alexandre Frota, Mateus Carrieri e David Cardoso pai e filho, entre outros.

Harry Potter pelado

A serviço dos temas de seus espetáculos e filmes, atores também se desnudam para venderem seu peixe. David Radicliffe de “Harry Potter” apareceu nu na revista Vogue para divulgar a peça “Equus”.

O lustre de Clodovil

Enquanto pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) estão acompanhando os maracujás de dona Maria Rodrigues no Maranhão, perguntamos aonde foi parar o luxuriante lustre que o deputado-estilista Clodovil criou e, segundo testemunhas, foi colocado em seu gabinete na Câmara dos deputados ? O mimo custou 300 mil reais e foi desenhado por Clô e confeccionado pela estilista mato-grossense Chiquita.

Fotos 1 e 2 : Honório Moreira/OIMP/ D.A Press
Fotos 3 e 4 : Google Pesquisa
Foto 5 : Revista G Magazine
Foto 6 : Blog Roberto Leite
Foto 7 : Annie Leibovitz – Revista Vogue