A fila anda, o mundo avança e evoluímos na avenida. Na
última década o perfil socioeconômico do país mudou – e muito. A grande
novidade é o fortalecimento da classe C, composta por famílias que têm renda mensal
domiciliar entre mil e quatro paus...Os números indicam que ocorreu
considerável mobilidade social nos últimos anos: entre 2004 e 2010, 32 milhões
de pessoas ascenderam à categorias de classes médias (A, B e C) e 19,3 milhões
saíram da pobreza.
A chamada ‘nova classe média’ é composta de noventa e cinco
milhões de brasileiros, o que corresponde a 50,5% da população – ela é
dominante do ponto de vista econômico e eleitoral.
Essa migração em massa alterou o
rumo da divisão historicamente desigual do bolo no Brasil, e proporcionou o
surgimento de um grupo com características socioculturais próprias. Segundo o
IBOPE, a nova classe média tem maioria jovem, negra, conectada e é formadora de opinião na família e na
comunidade. Ela não deseja o estilo de vida das elites. Na pesquisa da Fractal,
a nova classe média deseja cultivar respeito próprio, ser respeitada, ter
segurança para viver, desfrutar da vida e sentir que alcançou suas aspirações.
A classe é C de conquista sim, e, segundo pesquisa do Instituto Data
Popular, a nova classe média gasta mais em serviços do que com bens de consumo.
Mesmo o governo barateando os automóveis zeros (onde vai caber tanto carro,
cara pálida?) eles estão mais ligados em gastar em restaurantes, cabeleireiros,
manicures, lavanderias, telefonia celular e as novidades tecnológicas e
virtuais. Marcelo Néri, da Fundação Getúlio Vargas, afirma: “A cabeleireira consegue
hoje fazer turismo no nordeste porque o penteado ficou mais caro. É um processo
autofágico.”
A dependência é geral e
irrestrita, atingindo todo o universo. A sociedade robótica em que as pessoas devem fazer muitas coisas
ao mesmo tempo tem o celular, hoje cheio de sacanagem, como principal aliado. Na França decretaram
uma nova fobia: a nomofobia (no mobile phobia) que são os viciados em redes sociais - estes não
conseguem ficar desconectados. O celula, segundo estudiosos, é uma ferramenta
que desumaniza.
O ópio do povo – a televisão –
não podia ficar fora dessa...Como é o entretenimento favorito da classe C, as
emissoras abertas partiram para se adequarem ao novo momento. A ficha caiu de
cara na Rede Globo, atingindo o seu prato principal: as novelas. No ar, duas já
aderiram à tramas que identificam mais o povão. “Cheias de charme” focaliza
tres empregadas saradíssimas que além de charme, são cheias de atitude e
talentos. Em “Avenida Brasil”, o foco cai no lixão, no futebol, salão de cabeleireiro
e ritmos do charme ao kuduro (credo!)...
O Programa do Ratinho, programa
do paranaense Carlos Massa no SBT, fica em segundo lugar em audiência, brigando
com o emblemático Jornal Nacional da Globo.
O clima de anarquia chacriniano tem como pano de fundo,
testes de dna, gincanas e cantores populares. O clima de galhofa contamina o
auditório. O ex-presidente Lula foi
recentemente ao programa ao vivo e a cores, concedendo entrevista exclusiva ao
apresentador.
E os programas de auditório agora
se destacam mais nas programações: Silvio Santos, Faustão, Huck, Raul Gil,
Eliana, Luciana Gimenez e Ana Hickman
são alguns dos principais. Outro gorducho, o paulista Gilberto Barros, volta à
Band com 5 horas de duração. Na Record, O melhor do mundo agrada a nova classe
média e revelou um novo apresentador: o
ator Rodrigo Faro faz de tudo pra agradar, ao lado de anões e jovens taludos e
desnudos (sic)... Além de procurar pares para solitários jovens, o quadro de
maior sucesso é o Dança, gatinho, onde Faro se caracteriza de Madonna, Ney
Matogrosso, Freddy Mercury e muito mais...
“Viva o subúrbio, é lá que está o
futuro!”, diz Cadinho (Alexandre Borges) em “Avenida Brasil”. A hora e a vez da periferia chegou, sem dúvida. Vamos
nos adequar enquanto cidadãos e irmãos. Essa fatia, maioria agora, merece uma
atenção especial no sentido de receber no entretenimento algo substancial. Não
basta retratá-los, mas também lhes oferecer mais qualidade. Vamos nivelar por cima. A economia brasileira
avança a passos de cágado, mas avança...Tudo é muito atrasado mesmo do lado de
baixo do equador. São anos e anos de demandas, corrupções, derramas, traições,
ditaduras, conchavos e intrigas
palacianas...
Faltou dizer se a classe c absorve Cultura.Se Vão no teatro,cinema, compram mais livros.Um povo sem cultura é um povo fantasma...Vera Dangelo
ResponderExcluirSuas palavras sobre a nova classe c são uma reflexão para nós que estamos acostumados a obedecer o sistema sem reclamar.
ResponderExcluirAnselmo Silva de Andrade
Isso tudo é um processo de inclusão que deve ser natural e não uma imposição //Nereu B.
ResponderExcluirNão creio que a classe A só vê tv a cabo. Conheço gente que adora uma novela, até o programa do Ratinho e outros também.Acho que tem um cruzamento de grupos da sociedade que junta na diversidade. Com a subida da periferia na escalada da piramide o mundo vai ficando uma escola de samba do tempo atual onde a mistura de classes é factual. Lita Paes Leme
ResponderExcluirNesse ano eleitoral vamos ver como vai ficar esse saco de gato todo!...P.S.Medeiros- Petropolis
ResponderExcluirFaz pensar...e acho q. vc. tem razão. Ótimo post!
ResponderExcluirBjs Vera Vianna
Voce me fez de proposito lembrar o filme "A classe operária vai ao paraíso" que é um clássico do cinema politico.O operário acjho que chamava Lulu se não me engano, era hostilizado pela luta que ele se empenhava, é uma luta de muitos anos de classes subjulgadas. Paulo Mendonça de Barros
ResponderExcluirEstou sempre do lado do povo, acho a divisão de classes um efeito de marketing num mundo tão desigual mesmo.Somos feitos da mesma argila e vamos todos pro buraco igualmente. O resto é o resto! Cadu
ResponderExcluirE as classes média média, média e alta estão se dirigindo ao inferno. Alguém acha isso justo?
ResponderExcluirSim,eu acho que somos todos filhos de Deus.Que todos tenham classe apenas sem estatisticas..é só o que desejo! Rogério Palma
ResponderExcluirpoder aquisitivo vir antes da educação é uma desgraça...
ResponderExcluir