domingo, 17 de junho de 2012

CLASSE C VAI AO PARAÍSO



A fila anda, o mundo avança e evoluímos na avenida. Na última década o perfil socioeconômico do país mudou – e muito. A grande novidade é o fortalecimento da classe C, composta por famílias que têm renda mensal domiciliar entre mil e quatro paus...Os números indicam que ocorreu considerável mobilidade social nos últimos anos: entre 2004 e 2010, 32 milhões de pessoas ascenderam à categorias de classes médias (A, B e C) e 19,3 milhões saíram da pobreza.

A chamada ‘nova classe média’ é composta de noventa e cinco milhões de brasileiros, o que corresponde a 50,5% da população – ela é dominante do ponto de vista econômico e eleitoral.

                                    

Essa migração em massa alterou o rumo da divisão historicamente desigual do bolo no Brasil, e proporcionou o surgimento de um grupo com características socioculturais próprias. Segundo o IBOPE, a nova classe média tem maioria jovem, negra, conectada  e é formadora de opinião na família e na comunidade. Ela não deseja o estilo de vida das elites. Na pesquisa da Fractal, a nova classe média deseja cultivar respeito próprio, ser respeitada, ter segurança para viver, desfrutar da vida e sentir que alcançou suas aspirações.

                                      
 O dinheiro de plástico passou a ser a moeda corrente entre os novos consumidores, e isso é uma faca de dois legumes, claro. O uso exagerado do cartão de crédito  cresce dia a dia, e o calote aumentou, diz o Banco Central. Esse descontrole financeiro atinge uma classe com pouca familiaridade com o cartão que adotou como acessório obrigatório.Garantem os economistas que a queda dos juros bancários peitado pela nossa presidenta pouco atingiu os cartões.

                                   

A classe é C de conquista  sim, e, segundo pesquisa do Instituto Data Popular, a nova classe média gasta mais em serviços do que com bens de consumo. Mesmo o governo barateando os automóveis zeros (onde vai caber tanto carro, cara pálida?) eles estão mais ligados em gastar em restaurantes, cabeleireiros, manicures, lavanderias, telefonia celular e as novidades tecnológicas e virtuais. Marcelo Néri, da Fundação Getúlio Vargas, afirma: “A cabeleireira consegue hoje fazer turismo no nordeste porque o penteado ficou mais caro. É um processo autofágico.”

                                   
 Os orelhões ficaram às moscas. Seu sucessor o celular, brilha intensamente pelas ruas do país, bairros, municípios e lugarejos. Em qualquer lugar público somos obrigados a escutar as conversas do usuário, que faz questão de se  projetar alto e bom som para que todos ouçam e compartilhem o seu status conquistado.

A dependência é geral e irrestrita, atingindo todo o universo. A sociedade robótica  em que as pessoas devem fazer muitas coisas ao mesmo tempo tem o celular, hoje cheio de sacanagem,  como principal aliado. Na França decretaram uma nova fobia: a nomofobia (no mobile phobia) que  são os viciados em redes sociais - estes não conseguem ficar desconectados. O celula, segundo estudiosos, é uma ferramenta que desumaniza.


O ópio do povo – a televisão – não podia ficar fora dessa...Como é o entretenimento favorito da classe C, as emissoras abertas partiram para se adequarem ao novo momento. A ficha caiu de cara na Rede Globo, atingindo o seu prato principal: as novelas. No ar, duas já aderiram à tramas que identificam mais o povão. “Cheias de charme” focaliza tres empregadas saradíssimas que além de charme, são cheias de atitude e talentos. Em “Avenida Brasil”, o foco cai no lixão, no futebol, salão de cabeleireiro e ritmos do charme ao kuduro (credo!)...


O Programa do Ratinho, programa do paranaense Carlos Massa no SBT, fica em segundo lugar em audiência, brigando com o emblemático Jornal Nacional da Globo.
O clima de anarquia chacriniano tem como pano de fundo, testes de dna, gincanas e cantores populares. O clima de galhofa contamina o auditório. O  ex-presidente Lula foi recentemente ao programa ao vivo e a cores, concedendo entrevista exclusiva ao apresentador.

                                         
E os programas de auditório agora se destacam mais nas programações: Silvio Santos, Faustão, Huck, Raul Gil, Eliana, Luciana Gimenez e  Ana Hickman são alguns dos principais. Outro gorducho, o paulista Gilberto Barros, volta à Band com 5 horas de duração. Na Record, O melhor do mundo agrada a nova classe média e  revelou um novo apresentador: o ator Rodrigo Faro faz de tudo pra agradar, ao lado de anões e jovens taludos e desnudos (sic)... Além de procurar pares para solitários jovens, o quadro de maior sucesso é o Dança, gatinho, onde Faro se caracteriza de Madonna, Ney Matogrosso, Freddy Mercury e muito mais...


“Viva o subúrbio, é lá que está o futuro!”, diz Cadinho (Alexandre Borges) em “Avenida Brasil”. A hora e a  vez da periferia chegou, sem dúvida. Vamos nos adequar enquanto cidadãos e irmãos. Essa fatia, maioria agora, merece uma atenção especial no sentido de receber no entretenimento algo substancial. Não basta retratá-los, mas também lhes oferecer mais qualidade.  Vamos nivelar por cima. A economia brasileira avança a passos de cágado, mas avança...Tudo é muito atrasado mesmo do lado de baixo do equador. São anos e anos de demandas, corrupções, derramas, traições, ditaduras, conchavos e  intrigas palacianas...


Fontes:
Site A Média Faz a Diferença
O Estado de São Paulo

11 comentários:

  1. Faltou dizer se a classe c absorve Cultura.Se Vão no teatro,cinema, compram mais livros.Um povo sem cultura é um povo fantasma...Vera Dangelo

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  2. Suas palavras sobre a nova classe c são uma reflexão para nós que estamos acostumados a obedecer o sistema sem reclamar.
    Anselmo Silva de Andrade

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  3. Isso tudo é um processo de inclusão que deve ser natural e não uma imposição //Nereu B.

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  4. Não creio que a classe A só vê tv a cabo. Conheço gente que adora uma novela, até o programa do Ratinho e outros também.Acho que tem um cruzamento de grupos da sociedade que junta na diversidade. Com a subida da periferia na escalada da piramide o mundo vai ficando uma escola de samba do tempo atual onde a mistura de classes é factual. Lita Paes Leme

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  5. Nesse ano eleitoral vamos ver como vai ficar esse saco de gato todo!...P.S.Medeiros- Petropolis

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  6. Faz pensar...e acho q. vc. tem razão. Ótimo post!
    Bjs Vera Vianna

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  7. Voce me fez de proposito lembrar o filme "A classe operária vai ao paraíso" que é um clássico do cinema politico.O operário acjho que chamava Lulu se não me engano, era hostilizado pela luta que ele se empenhava, é uma luta de muitos anos de classes subjulgadas. Paulo Mendonça de Barros

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  8. Estou sempre do lado do povo, acho a divisão de classes um efeito de marketing num mundo tão desigual mesmo.Somos feitos da mesma argila e vamos todos pro buraco igualmente. O resto é o resto! Cadu

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  9. E as classes média média, média e alta estão se dirigindo ao inferno. Alguém acha isso justo?

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  10. Sim,eu acho que somos todos filhos de Deus.Que todos tenham classe apenas sem estatisticas..é só o que desejo! Rogério Palma

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  11. poder aquisitivo vir antes da educação é uma desgraça...

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