sábado, 23 de junho de 2012

A REABERTURA DO TEATRO IPANEMA


O Teatro Ipanema, sem os seus fundadores geniais - Rubens Correa, Ivan de Albuquerque e Leyla Ribeiro - será reaberto na próxima segunda feira, dia 25, sob a batuta da Prefeitura do Rio. "Três Noites  a Caminho do Mar", dirigido por Hamilton Vaz Pereira, celebrará em ritmo de maratona por três dias o retorno de um dos espaços mais efervescentes do teatro carioca. Louise Cardoso, Fernanda Montenegro, José Wilker, Ivone Hoffman e Luiz Fernando Guimarães, entre outros,  lerão trechos de peças famosas do repertório show do Ipanema. A Blitz promete um pocket-show.


Inaugurado em 1968 (“O Jardim das Cerejeiras”), o lendário Teatro Ipanema deixou uma marca de qualidade e renovação no panorama teatral da época. Os espetáculos  das primeiras décadas produzidos pelo trio oxigenou o panorama teatral do Rio, quando foram montados autores novos e consagrados (Thecov, Arrabal, José Vicente, Triana, Artaud, Isabel Câmara, Gogol, Ionesco, José Wilker, Brecht, Puig, Bivar e outros) em produções impecáveis e marcantes.

“Hoje é Dia de Rock”(1971), entre dez outros espetáculos igualmente preciosos, destaca-se como a maior referencia daquele ‘templo sagrado’- tempos lisérgicos, hippies e super desbundados – que tinham como pano de fundo a ditadura militar. Foram tempos de resistência em que se exercia muuuuita paz & amor, custasse o que custasse...


Outro momento emblemático do Ipanema foi a montagem de “O Arquiteto e o Imperador da Assíria”, sob a direção antropofágica de Ivan de Albuquerque para um Arrabal possesso. A dupla de protagonistas Rubens Correa e José Wilker foi aclamada e premiada.


Eu tava lá desde o começo... Como divulgador desde “O Jardim...”, passando por “Como se livrar da coisa”, “As Moças”, “A noite dos assassinos”, “O Arquiteto...”, “Rito do amor selvagem”, “Diário de um louco”, até o “Rock”,  vivenciei o melhor da juventude ao lado de pessoas fascinantes e inesquecíveis. No flagra, Zé Vicente conversa com as Isabels Ribeiro e Câmara, e no fundo Luiz Carlos Ripper.


Rubens Correa e Isabel Ribeiro viraram ídalos como Pedro e Adélia, e tinham até tietes – as fadinhas – que assistiam ao espetáculo diversas vezes, e, viajando na maionese, cantavam, repetiam os diálogos em voz alta, entravam em cena,  aprontavam mil...



Quando o “Rock” fez um ano em cartaz com sucesso retumbante, me reuni com Rubens e Ivan , e inventamos A Noite Branca. Ingenuamente anunciamos que quem comparecesse de branco com uma flor na última apresentação, entraria como convidado.O que aconteceu? Desde 5 horas da tarde, vultos trajando branco com flores começaram a circular pelo quarteirão. À noite, a porta estava intransitável, tivemos que baixar a porta de ferro e pedir socorro ao Corpo de Bombeiros. No backstage, Rubens decidiu:
“Vamos abrir a peça, eu puxo vocês e saímos dando as mãos ao público até a praia...”          

Assim, em frente à Joana Angélica, uma multidão em forma de taba despediu-se da peça com o elenco cantando e celebrando a vida sob  uma fogueira improvisada e envolvente.

“Viajante, viajante, de onde é que você vem? Viajante, pra onde é que você vai? Viajante, leva eu, leva eu pra viajar...”


Fonte de pesquisa e fotos: Livro "Isabel Ribeiro Iluminada" (Coleção Aplauso)

8 comentários:

  1. Sensacional suas lembranças... fazem a gente voltar no tempo. Que bom, teatros reabrindo, sempre é uma boa noticia!
    Bjs Vera Vianna

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  2. Será um belo espetaculo .Vamos todos ao Ipanema.Do velho ator emiliano queiroz

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  3. Lembro que era muita gente bonita circulando. Vi muito show manero do Cazuza e da blitzzzz!!!YUHHH!Sol

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  4. Nós esperamos que os novos administradores do teatro mantenham esse nivel artistico de que voce descreve com tantos detalhes e que conheço um pouco de ouvir falar da minha mãe que frequentava o Teatro Ipanema nesse tempo. Infelizmente ela não está mais nesse mundo, mas toda vez que eu passo na porta lembro dela me falando entusiasmada dos momentos felizes que passou lá.Obrigada- Betina Cruz

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  5. Bom saber que temos mais uma casa de espetáculo na cidade, uma vez que estamos correndo o risco de perdermos estes espaços e muitos outros para os evangélicos. Anselmo Silva de Andrade.

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  6. Boa noticia, Luis. Estive lá para assistir Juca Chaves.
    Cleide Rodrigues

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  7. Viajei na matéria! Solano Trindade

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  8. de quem é a música citada?
    Viajante, viajante, de onde é que você vem? Viajante, pra onde é que você vai? Viajante, leva eu, leva eu pra viajar...”

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