O Teatro Ipanema, sem os seus fundadores geniais - Rubens Correa, Ivan de Albuquerque e Leyla Ribeiro - será reaberto na próxima segunda feira, dia 25, sob a batuta da Prefeitura do Rio. "Três Noites a Caminho do Mar", dirigido por Hamilton Vaz Pereira, celebrará em ritmo de maratona por três dias o retorno de um dos espaços mais efervescentes do teatro carioca. Louise Cardoso, Fernanda Montenegro, José Wilker, Ivone Hoffman e Luiz Fernando Guimarães, entre outros, lerão trechos de peças famosas do repertório show do Ipanema. A Blitz promete um pocket-show.
Inaugurado em 1968 (“O Jardim das Cerejeiras”), o lendário Teatro Ipanema deixou uma marca de qualidade e renovação no panorama teatral da época. Os espetáculos das primeiras décadas produzidos pelo trio oxigenou o panorama teatral do Rio, quando foram montados autores novos e consagrados (Thecov, Arrabal, José Vicente, Triana, Artaud, Isabel Câmara, Gogol, Ionesco, José Wilker, Brecht, Puig, Bivar e outros) em produções impecáveis e marcantes.
“Hoje é Dia de Rock”(1971), entre dez outros espetáculos igualmente preciosos, destaca-se como a maior referencia daquele ‘templo sagrado’- tempos lisérgicos, hippies e super desbundados – que tinham como pano de fundo a ditadura militar. Foram tempos de resistência em que se exercia muuuuita paz & amor, custasse o que custasse...
Outro momento emblemático do Ipanema foi a montagem de “O Arquiteto e o Imperador da Assíria”, sob a direção antropofágica de Ivan de Albuquerque para um Arrabal possesso. A dupla de protagonistas Rubens Correa e José Wilker foi aclamada e premiada.
Eu tava lá desde o começo... Como divulgador desde “O Jardim...”, passando por “Como se livrar da coisa”, “As Moças”, “A noite dos assassinos”, “O Arquiteto...”, “Rito do amor selvagem”, “Diário de um louco”, até o “Rock”, vivenciei o melhor da juventude ao lado de pessoas fascinantes e inesquecíveis. No flagra, Zé Vicente conversa com as Isabels Ribeiro e Câmara, e no fundo Luiz Carlos Ripper.
Rubens Correa e Isabel Ribeiro viraram ídalos como Pedro e Adélia, e tinham até tietes – as fadinhas – que assistiam ao espetáculo diversas vezes, e, viajando na maionese, cantavam, repetiam os diálogos em voz alta, entravam em cena, aprontavam mil...
Quando o “Rock” fez um ano em cartaz com sucesso retumbante, me reuni com Rubens e Ivan , e inventamos A Noite Branca. Ingenuamente anunciamos que quem comparecesse de branco com uma flor na última apresentação, entraria como convidado.O que aconteceu? Desde 5 horas da tarde, vultos trajando branco com flores começaram a circular pelo quarteirão. À noite, a porta estava intransitável, tivemos que baixar a porta de ferro e pedir socorro ao Corpo de Bombeiros. No backstage, Rubens decidiu:
“Vamos abrir a peça, eu puxo vocês e saímos dando as mãos ao público até a praia...”
Assim, em frente à Joana Angélica, uma multidão em forma de taba despediu-se da peça com o elenco cantando e celebrando a vida sob uma fogueira improvisada e envolvente.
“Viajante, viajante, de onde é que você vem? Viajante, pra onde é que você vai? Viajante, leva eu, leva eu pra viajar...”
Fonte de pesquisa e fotos: Livro "Isabel Ribeiro Iluminada" (Coleção Aplauso)
Sensacional suas lembranças... fazem a gente voltar no tempo. Que bom, teatros reabrindo, sempre é uma boa noticia!
ResponderExcluirBjs Vera Vianna
Será um belo espetaculo .Vamos todos ao Ipanema.Do velho ator emiliano queiroz
ResponderExcluirLembro que era muita gente bonita circulando. Vi muito show manero do Cazuza e da blitzzzz!!!YUHHH!Sol
ResponderExcluirNós esperamos que os novos administradores do teatro mantenham esse nivel artistico de que voce descreve com tantos detalhes e que conheço um pouco de ouvir falar da minha mãe que frequentava o Teatro Ipanema nesse tempo. Infelizmente ela não está mais nesse mundo, mas toda vez que eu passo na porta lembro dela me falando entusiasmada dos momentos felizes que passou lá.Obrigada- Betina Cruz
ResponderExcluirBom saber que temos mais uma casa de espetáculo na cidade, uma vez que estamos correndo o risco de perdermos estes espaços e muitos outros para os evangélicos. Anselmo Silva de Andrade.
ResponderExcluirBoa noticia, Luis. Estive lá para assistir Juca Chaves.
ResponderExcluirCleide Rodrigues
Viajei na matéria! Solano Trindade
ResponderExcluirde quem é a música citada?
ResponderExcluirViajante, viajante, de onde é que você vem? Viajante, pra onde é que você vai? Viajante, leva eu, leva eu pra viajar...”