sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

OS BEATNIKS ESTÃO VOLTANDO


Li recentemente que o diretor Walter Salles vai filmar "On The Road", a bíblia dos beatniks, escrita pelo cabeça da Geração Beat, Jack Kureac. Francis Coppola ameaçou produzir o filme décadas atrás, mas não vingou.

O Movimento Beat surgiu no final dos anos 50 em S.Francisco, Califórnia, adentrando NY e Chicago em seguida. Logo depois, essa "cultura inconformista" cruzou o Atlantico e chegou a Londres, Paris e até ao Brasil.
Os beatniks desconstruiram os Estados Unidos macartista de direita, careta, em plena guerra fria, plantando a semente dos libertários, que chegariam na sequencia.
Capitaneados por Kureac, poetas, romancistas e dramaturgos multiplicaram-se. Os expoentes do Movimento têm nome e sobrenome: Allen Ginsberg (poeta número 1), Neal Cassidy, Gregory Corso, William Burroughs e Lawrence Ferlinghetti, entre os principais.
O termo beatnik é uma corruptela do ingles beat - batida, pulsação, ritmo (no sentido musical e também literário) com o nome do satélite russo Sputinik.
Trata-se de um movimento originado na literatura, que abriu caminho para o novo comportamento de um mundo em transformação, preparando terreno para a revolução cultural que explodiria na década de 60. Os Hippies
são filhos dos Beats, os Existencialistas primos, os Punks sobrinhos, e etc...

Sua filosofia é a inteligencia humana, o indivíduo em primeiro lugar. Contra o materialismo entorpecedor, não acreditam no homem produzido em série, moldados, automatizados. Batem de frente com os Cientistas, não acreditando no modelo de racionalidade científica. Preferem a abordagem espiritual, a imaginação, a auto-expressão, e são a favor da poesia e do sexo livre. Liberdade. Por isso mesmo o jazz é o fundo musical da trupe.

ON THE ROAD

É "Pé nas Estrada". Este é o título que recebeu a edição brasileira de "On The Road" de Jack Kureac que Eduardo Bueno traduziu com brilho não para o portugues, mas para o brasileiro, como ele diz no posfácio. Em fevereiro de 1984, editado incialmente pela Brasiliense, o livro vendeu mais que banana.
Depois da troca de editora, Bueno foi para a L&PM de Porto Alegre, e vinte anos depois, em 2004, lançou a edição pocket da obra.

A histórinha: Jack Kureac no final dos anos 40 partiu de férias para o que seria a aventura de sua vida: viajar de costa à costa da América do Norte utilizando meios de transporte baratos, como trens de carga, caminhões e carona, muita carona. "On The Road" nasceu aí. Kureac escreveu o livro na veia, de enfiada. Para não interromper o fluxo do pensamento, usou bobinas de máquinas de escrever (rolos), ao invés de folhas soltas. No que resultou em narrativa de prosa espontânea, garantindo à leitura um estilo gostoso de
ler, seu texto desliza macio.
Com o pseudônimo de Sal Paradise, Keruac narra e divide suas aventuras on the road com o amigo do peito Neal Cassidy, alter-ego ou contraponto sensorial de sua verdadeira alma. Cassidy recebe o nome de Dean Moriarty,
e sua presença é tão marcante que o autor termina o livro focando
Cassidy/Moriarty de maneira reflexiva e arrebatada: cita um dos ditados
favoritos do amigo - "Não se pode ensinar novas melodias para um velho maestro" , e fecha a tampa assim:

"Portanto, Dean não poderia ir de carona até a cidade conosco e a única coisa que pude fazer foi sentar no banco de trás do Cadillac e acenar para ele. O boookmaker que estava ao volante também não queria nada com Dean. Esfarrapado num sobretudo comido por traças que havia comprado especialmente para as gélidas temperaturas do Leste, afastou-se a pé e sozinho, e a última visão que tive dele foi quando dobrou a esquina da Sétima com os olhos voltados para a rua em frente e dobrou outra vez.
A pobre Laura, minha garota, para quem eu havia contado a respeito de Dean, quase começou a chorar. "Oh, nós não devemos deixá-lo partir dessa maneira. Que faremos?" O velho Dean se foi, pensei, e disse em voz alta:
"Ele vai ficar bem"...

Edição Pocket: "On The Road - Pé na Estrada" de Jack Kureac.
Tradução de Eduado Bueno
L&PM Editores
www.lpm.com.br


3 comentários:

  1. A blogosfera não será mais a mesma depois dessa invasão bucaneira! Ora vivas!
    Vida longa ao O Bucaneiro Prateado!
    Vou linkar no meu blog e artes cênicas, o primeiro blog de teatro criado no País.
    Paqrabens Luiz Sergio.
    Je reviens.

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  2. Oi BUCA!!!Naveguei pelos mares sem piratarias da minha ``BELLE ÉPOQUE´´,anos 50,60,quando identifiquei- me com o movimento ou ``filosofia
    não sei bem ,com os queridos BEATNIKS ,foi maravilhoso!!! Copacabana ,ainda ``PRINCESA´´
    , oferecia-nos chás na CONFEITARIA COLOMBO,
    salas elegantes de cinema,ACOSSADO com meu ,
    ídolo JEAN PAUL BELMONDO,meio tipo BEATNIK ,
    que saudade!!!,o cine RIAN ,av. ATLÂNTICA,onde
    assisti várias vezes ``OSCRIMES DE OSCAR WIDE´´
    c/ meu amigo MARCIO DIBBO , já falecido.Querido
    BUCA,que bons momentos elembranças você nos
    proporcionouneste lindo BLOG ,os CHICOS, IDA ,
    CARNAVÁLIA ,VELAS etc...e sabemos que vem muito mais!!!!! BUCA,parabéns e um beijo do
    amigo,NATAL LUIZ.

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