sábado, 20 de julho de 2013

DO BAÚ DOS PIRATAS...


Navegar é preciso... mas olhar para o caminho caminhado dá sentido a uma trajetória. Assim, pinçando posts destes quatro anos da vida virtual do Blog, tenho viajado numa maionese rica e saborosa.
E vamo que vamo! Hoje, mais três momentos:


Para a abertura do BUCANEIRO em 13 de fevereiro de 2009, escolhi uma crônica de uma saudosa amiga: MARISA RAJA GABAGLIA (1942-2003). Foram anos inesquecíveis de nosso convívio, ela me marcou com a sua beleza, inteligência e bom humor. Rápida no gatilho, escrevia com o coração e sempre de maneira libertária.


Quando em 2010 rolou uma exposição retrospectiva da obra de ANDY WARHOL (1928- 1987), abrimos espaço para um mergulho afetivo de sua obra, dando umas pinceladas na personalidade pop que ele é e curiosidades da frenética vida que teve. Um prato visual perfeito para uma revista virtual.


Entre algumas musas, piratisas legítimas que inspiram nosso espaço, VERA VIANNA figura na proa da fragata com a sua vivacidade contagiante. Afastada por décadas da carreira de atriz, em 2011 ela risca o fósforo de novo e volta com a pilha renovada, mais bela e jovem do que nunca.


Ninguém faz nada sozinho, né não? Tenho um parceiro genial na rota dos insensatos bucaneiros: MARCELO BIZZO, com quem trabalhei no Memorial Norma Suely um ano antes da inauguração do Blog. Ele assina o lettering e o visual do BUCANEIRO.
A ele, meu agradecimento pela dedicação ao nosso trabalho de maneira desinteressada e amiga. Colabora 0800 por algo imponderável que nos une, o que me deixa sensibilizado. Grato, amigo.

A LUZ DE VERA VIANNA


FESTIVAL 4 ANOS -
VALE A PENA CURTIR DE NOVO - RETRÔ

Enquanto isso nos mares de 4 de dezembro de 2011


Ela é carioca, é carioca, saca o
jeitinho dela olhar... VERA VIANNA, a atriz jovem mais charmosa do cinema brasileiro dos anos 60, deixou perpetuado no celulóide o talento e a beleza da mulher carioca através de filmes que marcaram uma época. Protagonizou estes filmes depois do sucesso que fez no palco do Teatro Santa Rosa em “Toda donzela tem um pai que é uma fera” de Gláucio Gil, escritor que também atuou no espetáculo com Adriano Reys e ela. Na tela, repetiu-se a vitoriosa temporada da peça em filme dirigido por Roberto Farias.

O sucesso da peça e do filme aconteceram principalmente devido ao seu carisma de atriz, a naturalidade em cena, a espontaneidade, o charme natural daquelas garotas do Rio, que se modernizavam em época transformadora. Tudo a serviço da comédia de Gláucio Gil cheia de situações, quiprocós e turumbambas... Gil, escritor com capacidade de observação extraordinária, era dono do Teatro Santa Rosa, em sociedade com Léo Jusi e Hélio Bloch. Sua carreira foi interrompida bruscamente ao sofrer, em 1965, um infarto fatal na frente das câmeras da TV Globo, recém inaugurada, onde comandava com muito charme e simpatia o talk-show “Show da Noite”.

Ziraldo, grande amigo de Gil, assinou o cartaz do filme, um dos maiores sucessos de bilheteria daquele 1966. A perda de Gil abalou bastante VERA VIANNA. Ele era seu namorado.


Foi na novela “O desconhecido” na TV Rio, em 1964, que VERA estreou profissionalmente. A estória baseada em Nelson Rodrigues era protagonizada por Mário Brasini, em atuação antológica do homem que perde a memória. A novela chamou a atenção também para aquela linda atriz, expressiva e fotogênica. Assim foi parar no cinema vivendo a famosa Engraçadinha rodrigueana de “Asfalto Selvagem” , dirigida por J.B.Tanko. Para muitos este é um dos maiores momentos do autor no cinema, recriado com perfeição na tela grande.
Atuando ao lado de Jece Valadão, ela foi premiada por seu trabalho em “Paraíba, vida e morte de um bandido” no filme considerado um dos melhores lançamentos de 1966. O cinema brasileiro sempre fazendo bonito



.Hoje, VERA VIANNA , longe dos holofotes, continua jovem e bela como na foto acima, juventude cristalizada na mulher madura e antenada, hoje casada com o publicitário Reinaldo Bierrenbach e mãe de Vanessa. Para matar as saudades de seus admiradores, bem que autores como Manoel Carlos e Gilberto Braga, que sempre resgatam atores e atrizes contemporâneos, poderiam convidá-la para alguma participação em suas obras televisivas. Fica a dica e a torcida.

Além de viajar, sua (grande) motivação atual é escrever o blog Quiprocós e Turumbambas, um dos favoritos do Bucaneiro. Nele, ela se exercita em crônicas sobre o cotidiano e emoções que vive. Bem escritas, revela uma observadora sensível de sentimentos bem sedimentados em relação ao mundo que lhe cerca.
Ela acaba de publicar “Então...é Natal”, interessante relato escrito com intensidade de emoções, sempre afloradas na ótica de mulher inteligente e focada que é. VERA VIANNA conta do seu encantamento eterno pela festa natalina, que a gente se identifica em vários pontos, em retrospecto emocionado, até chegar aos netos João Pedro e Antonio, seus amorecos, passando pela “mousse da Glorinha”, inesquecível presença obrigatória na noite de Natal da grande amiga Maria da Glória.
Ela cita também o tema natalino que a Globo celebra anualmente a data, composto por Marcos Valle, que escreveu em seu blog: “Ter feito uma música que participa desta festa há mais de 40 anos, me faz extremante realizado. Por isso, obrigado, amiga Vera, por suas palavras...”

É dica imperdível: veravianna.com.br

ANDY WARHOL, O PAPA DA POP ART


FESTIVAL 4 ANOS -
VALE A PENA CURTIR DE NOVO - RETRÔ

Enquanto isso nos mares de 16 de janeiro de 2010


Está agendada uma big exposição do genial ANDY WARHOL(1928-1987) para a segunda quinzena de março próximo na Estação Pinacoteca de São Paulo.
A mostra Andy Warhol Mr America, atualmente em cartaz no Museu de Arte Latino Americano de Buenos Aires até 22 de fevereiro, apresenta 168 peças, entre pinturas, fotografias, serigrafias e filmes, o must do papa da pop art.
Êta programaço, hein, hein ? Acredito ser a primeira vez que a nossa república das bananas recebe tal honraria.( E no Rio de Janeiro, não vai nada ? )

Nascido em Pittisburgh e desaparecido em Nova York um ano depois de ter se submetido a uma operação da visícula, ele é o artista mais conhecido e mais respeitado da pop art. Estudou desenho, trabalhou como desenhista publicitário, onde muitas de suas inspirações nasceram, fez filmes undergrounds interessantíssimos, e se tornou uma personalidade fascinante do mundo das artes plásticas e do jet-set internacional. Os inflamados anos 60 não seriam o que foram sem a sua presença vanguardista e instigante influencia.





Duas marcas inconfundíveis de sua obra nasceram na publicidade: a lata de sopa Campbell’s e a garrafa da Coca-Cola, usadas como símbolo do consumismo e repetidas infinitamente em diversos trabalhos.







Ídolos populares receberam seu carimbo pop em criações antológicas, como Marylin Monroe, Mao Tsé-tung, Jackie Kennedy, Brigitte Bardot, Elvis Presley e tantos outros. Imagens da história da arte, como a Mona Lisa por exemplo, também foram produzidas em série e em diversas variações cromáticas.
WARHOL baseava-se em pintar grandes telas com fundos, lábios, cabelos e
sobrancelhas berrantes, transferindo por serigrafias fotografias para a tela.


Nem Che Guevara escapou. Em 1963 montou seu estúdio permanente – The Factory - que obedecia a máxima: ”viver como uma máquina”. Paralelo às atividades de pintor, começou a fazer filmes experimentais. Primeiro, foram aborrecidas e longas reflexões que não duraram muito, como Sleep (Dormir) que consistia em filmar 8 horas de um homem dormindo.

Mas logo em seguida pegou a mão, e rodou clássicos do underground como a trilogia Flash (1968), Trash (1970) e Heat (1972). Com Paul Morrisey realizou os primeiros: The loves of Ondina (1967) e Lonesone Cowboys (1968).

Joe D’Alessandro, modelo de revistas de fisioculturismo masculino nascido em NY em 1948, foi seu ator-fetiche e estrelou os principais títulos. Ele foi descoberto por WARHOL aos 18 anos quando ele passeava pelo Greenwich Village, e parou para assistir a uma filmagem de WARHOL e Morrisey. Foi imediatamente convidado para participar de uma cena em que se saiu muito bem: uma luta com outro homem só de cueca.



O personagem de Joe era quase sempre o mesmo: um homem de poucas palavras com beleza estonteante que enlouquecia mulheres e homens.
A parceria com WARHOL lhe deu projeção e com isso virou símbolo sexual masculino de uma época. O Littlle Joe cantado por Lou Reed em Walk in the Wilde Side é ele.

Joe em ação: com Sylvia Miles em Heat e com Jane Forth em Trash.


Joe D’Alessandro em foto recente aos 60 anos.


Outro artista multifacetado e transgressor, o francês Serge Gansbourg, então casado com a linda Jane Birkin, compõs o sucesso musical Je t’aime Moi Non Plus, que narra uma trepada com gemidos, sussurros e um fundo musical sedutoramente inesquecível. A primeira gravação aconteceu com Brigitte Bardot, então casada com Gansbourg, mas logo em seguida Birkin assumiu o posto e... fez bonito: gemeu e sussurrou com talento. Estourou nas paradas.


WARHOL e Gansbourg rodaram a música. Uma historinha gay serviu como pano de fundo do filme de mesmo nome da música, que recebeu o título em português de Paixão Selvagem: um caminhoneiro bissexual se apaixona por uma garçonete porque ela se parece um rapazinho de costas.
O casal formado por Jane Birkin e Joe D’Alessandro mexeu com a libido da época em cenas bem animadas, e sincronizou bem com os versos de Je T’aime Mon Non Plus.




ANDY WARHOL, o Mr América, sacou uma frase que ficou na história, sobretudo nos tempos atuais de taaantas celebridades instantâneas e vazias:

“No futuro, toda a gente será célebre durante 15 minutos”
Na música WARHOL também foi produtor do grupo de rock Velvet Underground, que contava com a presença de Lou Reed. Com eles realizou o evento-espetáculo Exploding Plastic Inevitable que misturava o rock com seus
filmes.


Os Rollings Stones, que já rolavam desde 1962, receberam capa de ANDY WARHOL em um de seus melhores discos: Sticky Fingers (1970). O convite partiu de Mick Jagger em 1969 através da carta acima. Vale a pena pegar a lupa e ler.

Com hits fundamentais como Brown Sugar, Sister Morphine e Wild horses, entre outros, o disco Sticky Fingers teve a capa do papa pop: um close da região pélvica do bem dotado Jagger dentro de um jeans.

Fazer um recorte de um artista da importância de ANDY WARHOL é difícil na medida que tantas abordagens acabam ficando de fora.
Mas vale o gás pra gente se animar e pegar a ponte aérea em março para prestigiar a Mostra AW Mr América em Sampa. Eu, por exemplo, já estou renovando meu passaporte.

E você, baby ?

PORQUE NÃO PECARMOS PECADOS EXATOS ?


FESTIVAL  4  ANOS - RETRÔ
VALE A PENA CURTIR DE NOVO -  RETRÔ

Enquanto isso nos mares de 13 de fevereiro de 2009


A chapa quente do verão me trouxe à lembrança uma doce (and hot) mulher, uma princesinha transgressora, bem humorada e antenada, jornalista e escritora das maiores que conheci décadas atrás. Marisa Raja Gabaglia. Autora de pelo menos um blockbuster literário, "Milho Pra Galinha, Mariquinha", escreveu crônicas inspiradas no jornal Última Hora dos anos 70. Sempre antenada, em uma dessas crônicas, ela sacou Oscar Wilde assim de repentemente, em um de seus frequentes momentos de lucidez e catarse.
Achei interessante esse mix, Marisa/Wilde pra começo de conversa, assim pinçei um pouco dessa "doce subversão" especialmente para este momento :

Há momentos na vida em que outros falam por nós aquilo que sentimos muito melhor do que nós. Como, por mim, nesse instante, Oscar Wilde:
"não existe influencia boa. Toda influencia é imoral...do ponto de vista científico, influenciar uma pessoa é transmitir-lhe nossa própria alma. Ela já não pensa nem arde com seus pensamentos naturais. As suas virtudes não são reais para ela. Os seus pecados, se é que existem pecados, são emprestados. Ela se converte em eco de sua música alheia, em ator de um papel que não foi escrito para ela...

A humanidade se leva demasiado a sério. É o pecado original do mundo. Se o homem das cavernas houvesse conhecido o riso, a História teria sido muito diferente. Para voltar à mocidade, basta repetir suas loucuras. Esse é um dos grandes segredos da vida...



Hoje em dia a maioria das pessoas morre de uma espécie de senso comum progressivo, descobrindo, quando é demasiado tarde, que a única coisa que ninguém nunca deplora são seus próprios erros...




A maioria das vezes nos enganamos a nosso respeito e raramente compreendemos os outros. A experiencia não tem valor ético. É apenas o nome que os homens dão aos seus erros. Os moralistas consideram-na como uma advertencia, uma norma que nos indicou o caminho a seguir ou a evitar. Mas a experiencia não tem força motriz. Considerada como causa ativa, é tão insignificante quanto a própria consciencia.

A única coisa que se demonstrou realmente é que o futuro poderia ser igual ao nosso passado e que o pecado que cometemos uma vez com repugnancia, comete-lo-íamos de novo, muitas vezes, com satisfação. Relendo Wilde, me pergunto: "porque não pecarmos pecados exatos ?"

terça-feira, 9 de julho de 2013

BETTY FARIA INTENSAMENTE

 

Determinação, teu nome é BETTY FARIA. Faria, não, fez e faz... Na adolescência conseguiu do pai militar autorização para dançar nos shows de boate de Carlos Machado, começando assim uma carreira de luta e de coragem. Vai encarar o que? Todas  elas encarou, focada, descolada, rebelde, moderna e carioquíssima.

“Ela é carioca, ela é carioca, basta o jeitinho dela andar”... os versos de Vinicius parecem ter sido feitos sob medida para ela. Já viu a BETTY andando? A cara do Rio, da garota de Ipanema, do Leblon, do Leme ao Pontal.


Libertária, rebelde e contestadora, o temperamento quente apimentou a sua beleza de traços finos e delicados, uma bonequinha linda, corpo perfeito, pernas que o balé aperfeiçoou,  e que a transformaram na tremenda gata que marcou toda uma geração. Tanta beleza assim foi parar na Playboy por duas vezes em ensaios fotográficos tão belos quanto artísticos.
Ela nunca teve vergonha do seu corpo, pudores ou caretices.


BETTY FARIA e Leila Diniz viraram ícones da beleza e da transgressão do final dos 60’ e início da década de 1970. Arrasaram o quarteirão. Quando ela fazia um show na boate Sucata (Lagoa) e Leila estrelava “Tem banana na banda” em Ipanema, as duas amigas tinham namorados motoqueiros. Não é que ambas queimaram as panturrilhas no mesmo lugar quando atracadas na moto? A turma do Pasquim e a patota de Ipanema zoaram direto, e logo espalharam no balneário: é castigo de moça que diz palavrão!

Na foto emblemática de Antonio Guerreiro, o selinho das duas, uma comunhão de irmãs que sintonizavam o mesmo grito de liberdade de então. Leila era muito querida mas foi muito perseguida pela ditadura militar. Do meio artístico teve como amigas fiéis, Marieta Severo, Vera Vianna e Ana Maria Magalhães, além de BETTY.


Agora, em pleno século 21, BETTY FARIA, aos 72 anos, defende o direito de usar o inseparável biquíni na praia do Leblon, quando os paparazzi publicam em revistas e nas redes sociais os flagras de seus momentos ao mar, provocando comentários e críticas pela atitude. Sem querer fazer história, mas fazendo, a carioca Elisabeth Maria Silva de Faria está sendo tão revolucionária quanto a mana Leila Roque Diniz quando chocou os caretas de então exibindo a barriga de grávida vestindo  biquini. E mudou comportamento.



- “Queriam que eu fosse à praia de burca?”, indaga ela. Entrevistada recentemente pela revista O Globo, declarou sua raiva inicial com o bombardeio que recebeu, e que foi amortizado de certa maneira pela reação de muitas mulheres que não só a apoiaram mas se inspiraram na sua atitude: “Teve até uma que me escreveu dizendo que foi libertador para ela, que ela passou a se aceitar mais.”


A determinada BETTY FARIA que ralou pra caramba pela carreira de atriz, que correu grávida até oito meses nas passeatas contra a ditadura, e que encarou tudo e todos com muito humor e rebeldia vive um momento histórico para as mulheres maduras contemporâneas. Não tira de letra não, por que sempre foi lúcida e analisada, e hoje, budista, mulher de fé, assume a condição da velhice com a coragem que marcou a sua juventude.


“...Negocio para sobreviver, porque sou uma pessoa que gosta da vida. Como vivi intensamente todas as minhas fases, fui me preparando para o terceiro tempo da vida.”
Sem o condicional do sobrenome, BETTY faz e ainda fará a cabeça de muita mulher por aí... Salve ela!