quinta-feira, 25 de junho de 2009

1 ANO DO MEMORIAL NORMA SUELY




A cantora e atriz NORMA SUELY (1933-2005) recebeu um presente de aniversário merecido no dia 26 de junho do ano passado: o Memorial Norma Suely, site que conta a carreira e momentos de uma vida super animada e vitoriosa. Produzido por seu marido Natal Luiz Prosdócimi, o Memorial está à disposição dos internautas no universo web, com minha curadoria e projeto visual do webdesigner Marcelo Bizzo.

Dividido em diversas editorias, desde biografia, carreira no rádio e disco, atuações no teatro, televisão e cinema, como funcionária pública e a enorme facilidade de fazer amigos, está tudo lá. Os discos gravados por NORMA SUELY também fazem parte do conteúdo do site, possibilitando a todos a oportunidade de ouvi-los digitalizados. Neste ítem, aparecem gravações originais do auditório da Rádio Nacional restauradas.

16 amigos gravaram depoimentos exclusivos: Antonio dos Santos, Bárbara Martins, Cláudio de Oliveira, Dj Saddan, Edson Santos, Emiliano Queiroz, Fabio Sabag, Isolda Cresta, José Ribamar, Leina Krespi, Luiz Garcia, Maria Letícia, Maria Nazareth, Tadeu Mello, Walter Mattesco e eu. Nesses 12 meses, três queridos saíram de cena: Sabag, Isolda e Leina.



Registros raros da Rádio Nacional, onde aparece ao lado de Cauby Peixoto, Lupicínio Rodrigues, Bené Nunes, César de Alencar, Carmélia Alves, Ellen de Lima e outros, ajudam a contar sua trajetória inicial como cantora. Depois a atriz, que estreou na primeira montagem de “A Noviça Rebelde” no Teatro Carlos Gomes vivendo a Maria.


Naquele 26 de junho da inauguração do Memorial, escolhido por ser o dia do seu aniversário de nascimento, Fabio Sabag ofereceu um inesquecível almoço no panorâmico apartamento da Praça do Lido, com vista para o mar de Copacabana, para amigos e equipe. Tudo sob o comando do grande Chef. E Natal Luiz discursou com emoção e gratidão.



O Bucaneiro saúda a memória da NORMA SUELY e pede passagem !
Com leveza, bom humor e lealdade, ela tornou todos nós um pouco mais confiantes na amizade e na esperança de seguir em frente.


Convido a todos vocês para uma visita ao Memorial Norma Suely.

www.memorialnormasuely.com.br


Ilustração: Marcelo Bizzo
Demais fotos: Acervo Memorial Norma Suely

quarta-feira, 24 de junho de 2009

MARCOS SACRAMENTO NA CABEÇA



Original e cheio dos talentos, ele está na batalha há algum tempo, dia a dia conquistando seu lugar ao sol, e agora chegou a sua hora. Nas lojas, o terceiro CD (Biscoito Fino), enquanto faz turnê pela França e Itália.

NA CABEÇA está saindo do forno com voz e violões entre clássicos e inéditas. Em julho, dias 10 e 11, show de lançamento na Caixa Cultural. Na retaguarda, Maria Braga.
A seguir o release escrito por Julio Moura, diz bem a que veio.

NA CABEÇA de Marcos Sacramento circulam músicas em profusão. Não bastassem mais de um milhão de melodias – que a todo momento invadem a mente do cantor e se metabolizam via pulmões, diafragma e garganta – Sacramento mora no alto do mais musical dos redutos cariocas, a Lapa.


Dali, a mente processa o caldeirão efervescente dos sons que ressoam por toda a região. Já que não dá pra dormir com esse samba todo, é sempre possível fazer uma canção. E se o samba amanhece com o dia, dá pra fazer um álbum da pesada.

O CD

De Santa Teresa para o estúdio da Biscoito Fino, Marcos tinha 12 canções na mão e uma idéia na cabeça: reunir três dos principais representantes da recente safra do violão brasileiro: Zé Paulo Becker, Luis Flavio Alcofra (violões de 6) e Rogério Caetano (violão de 7 cordas). Todos ao mesmo tempo e sempre, sob produção e direção musical de Carlos Fuchs.




“O disco surgiu do meu encontro com estes três músicos” – relaciona Marcos Sacramento. “Fizemos uma temporada no Rio e fomos buscando uma sonoridade. Rogério não tem papas nos dedos: leva o 7 cordas às últimas conseqüências. Zé Paulo é solista por natureza e traz elementos fortes de contemporaneidade. Luis Flavio é um mestre nas harmonias. Não tinha como não ser pancadaria” – define.


REPERTÓRIO

Na Cabeça abre o repertório e, de quebra, dá título ao álbum. Com melodia de Luis Flavio Alcofra e poesia de Sacramento, surge uma música capaz de revirar de ponta-cabeça os conceitos de quem cisma em decretar o fim da canção popular. Sem agonizar nem morrer, ela se retorce, invasiva, por esse samba que teima em jamais emudecer.
Além da faixa-título, Luis Flavio contribui com mais duas composições inéditas. Calúnia é um samba ao sabor dos melhores formatadores do gênero. Pavio, com letra de Sergio Natureza, se indigna sem perder a ternura para explodir o que não estiver direito na cidade de maravilhar. “Sergio escreveu este poema de esperança para o Rio, musicado pelo Luiz Flavio. Ele me disse que o fez pensando no Paulinho da Viola. Tenho orgulho de lançar esta canção”, celebra Sacramento.
Uma das melhores mostras de que a música brasileira tem encontrado quem a renove e a abasteça com novas idéias é Canto de quero mais, música de Paulo Becker e letra de Moyses Marques. O arranjo de Becker e a interpretação irrepreensível de Sacramento, sobre a melodia sinuosa que se tatua nos ouvidos, provam ser possível ganhar em popularidade sem abstrair da elaboração.

Se o canto nos invade como “auxílio para qualquer bom astral”, Um samba, de Sacramento e Carlos Fuchs – lançada no disco “Fossa Nova”, feito pela dupla em 2006 - valerá também para tempos de dor e tristeza: para cada entardecer deve haver um samba.



“Já está na hora de sair do underground” incitam os versos de Dia santo também, do compositor paulista Paulo Padilha, garimpada entre as centenas de músicas mostradas a Marcos por Sérgio Natureza e Valfredo Guida na pesquisa do repertório. Metáfora adequada para aqueles que perseveram em sua arte, desenvolvendo-a minuciosamente ao longo de suas trajetórias, até que o grande público a abrace e a incorpore.

Onde é que esse mainstream anda mesmo com a cabeça?

Outra canção daquelas de figurar em listas de dez mais do ano é Morena, com música de Mauricio Carrilho e letra de Paulo César Pinheiro, gravada por Sacramento em seu primeiro disco, “Modernidade da Tradição” (1995) – produzido pelo também violonista Mauricio Carrilho. Na atual gravação, o arranjo é de Zé Paulo Becker.

Fala Sacramento: “o violão sempre esteve presente em meus discos. “Na Cabeça” é a síntese da idéia que procurei passar em todos os meus trabalhos anteriores. É possível que este álbum encerre um ciclo acústico, que inclui também “Memorável Samba” (2004) e “Sacramentos” (2006)”.

Se os trabalhos de Sacramento costumam fundamentar-se no samba e seus congêneres, o cantor desta vez inclui um bolero mexicano em seu quebra-cabeça. Prisioneiro do mar (Arcaraz – Marcotte – Cortazar, em versão de Galvez Morales), sucesso do Trio Irakitan, ganha contornos de um Brasil virtuosamente rural no arranjo de Rogério Caetano:

Rogério vem do Brasil central, traz uma informação musical muito grande de lá. Escutei ele dedilhando o violão na van, durante uma excursão. Parecia uma guarania, um bolero. Pedi que ele a cantasse e me apaixonei pela música”, afirma Sacramento, sem tempo para papo-cabeça.

Na linha dos clássicos da cabeça aos pés, um Noel Rosa (Último desejo), um Cartola (Sim), um J. Cascata (Minha palhoça). O álbum se encerra com um samba de Chico Buarque, A Rosa, em versão demolidora. “Depois do que os violões fizeram nesta música, não haveria mais nada a dizer”, reverencia o cantor.

Lá no alto de Santa Teresa, impõe-se um universo sem desencanto formado por uma voz e três violões. Embaixo, uma cabeçada liberta de manuais e preconceitos estéticos movimenta-se entre diversas possibilidades sonoras. As poucas coisas de que um artista dispõe lhe bastam, quando ele sabe enriquecê-la de significados.


Mas pra que filosofia com esse samba todo na cabeça?


Linkando abaixo, ouça 2 faixas:
“Na Cabeça” e “Um Samba”.
http://www.myspace.com/marcossacramento

Ah, você pode escutar todo o CD na Rádio UOL:
http://beta.radio.uol.com.br/



Fotos: Edu Monteiro/Fotonauta
Texto Release: Julio Moura
Contato: mariabraga@marcossacramento.com.br
Site: http://www.marcossacramento.com.br/


sábado, 20 de junho de 2009

MARCELO LIVRE PARA VOAR


Ele viveu intensamente seus 34 anos. Assim, o advogado, professor e parapentista MARCELO BORZINO passou pela vida terrena com livre-arbítrio, nobreza de sentimentos e uma capacidade física e mental muito especial. Neste 21 de junho, data do aniversário de nascimento dele, o Bucaneiro tira o tapa-olho, e de olhos abertos e coração quente, saúda a memória do sobrinho querido, falando apenas como tio Luis.

“Meu sobrinho faaaavorito”, dizia eu apertando as bochechas dele, provocando seu humor infantil. Elétrico, era difícil conter a intensidade de um temperamento forte e doce , estava sempre aprontando alguma, maquinando uma brincadeira, uma maneira nova de criar situações vivas e muito engraçadas. Eu o incentivava nas grandes molecagens (assim como tio Paulinho), herança genética da mãe, minha irmã Celinha de Lima e Silva Borzino, que foi uma grande moleque também. Essa vivacidade toda ele transformou em liderança, na escola, entre os amigos, na adolescência, até a idade adulta. Aí entra a célula-pater, Paulo César Borzino, uma influencia decisiva na seriedade que modelou um caráter firme, responsável e íntegro. Amadureceu rápido.

Formou-se em 1997 com louvor na Faculdade de Direito Candido Mendes,
sendo imediatamente convidado pela UCAM para lecionar Direito Tributário, sua especialização. Muito querido pelos alunos e pelo corpo docente da Faculdade, paralelamente, abriu escritório de advocacia. Estimulado na infância para o esporte, quando foi campeão de Bici-Cross ao lado da irmã Catarina, apaixonou-se na idade adulta pelo Vôo livre. Especializou-se como piloto de acrobacia de parapente, estudando e treinando com a mesma seriedade que encarava a profissão de advogado e professor universitário. Vôou em diversos países da Europa e Américas, deixando todos admirados com tamanha habilidade e audácia. Venceu campeonatos, e tornou-se um piloto respeitado pela turma do Vôo. No Google, várias páginas o identificam.


Em 2007, tentando executar a manobra Infinity numa represa do interior paulista, mergulhou em seu rito de passagem, sendo acolhido por generosas águas do infinito. Bailarino dos céus, ele desenhou coreografias mágicas, com a criatividade que acompanhou sua trajetória de vida tão rica e intensa. E nos deixou a todos, Célia, Paulo César, Catarina, Márcio, dona Lucy, Margarida, Alda, Paulo, Ruy, Ana Cristina, Duda, Ana Cláudia, Alice, Miles, Luiza, Leonardo, Valéria, sua companheira Lívia, Bebete, Roberto Mário, demais sobrinhos, parentes, amigos e alunos, imenso vazio de sua presença física. Ele é muito querido.

Certa vez, já adepto da Meditação e da filosofia de Osho, me disse que o momento que estava no ar era quando se sentia mais pleno, onde vivia uma sensação de gozo indescritível. Nada se comparava para ele.

Fica aqui a homenagem a este inesquecível menino passarinho, apresentando alguns de seus momentos, o melhor piloto de acro que jamais foi visto nos céus do Brasil e do mundo.


“As andorinhas são verdadeiras acro-birds! Elas voam nervosas, fazem mil piruetas”, disse ele uma vez a um amigo.





Que bom te-lo tão próximo, Marcelo, perto dos olhos e do coração!

segunda-feira, 15 de junho de 2009

TV TUPI AO VIVO - UM MUSEU EM MOVIMENTO


No fim do mes passado, a 19ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro atendeu o pedido do Ministério Público, e proibiu o inicio das atividades do Instituto Europeu de Design (IED) no prédio do Cassino da Urca. A ação cívil pública, por ato de improbidade, solicita a anulação da cessão do imóvel tombado por falta de licitação. A MP pede também a condenação do ex-prefeito César Maia e do ex-secretário municipal da cultura Ricardo Macieira. A autora da ação cívil é a Associação dos Moradores da Urca (AMOUR), que questiona o contrato de cessão do espaço por 25 anos e o transtorno no trânsito que causaria seu funcionamento. Esse imblóglio parece não ter fim...

Nos últimos 20 anos, mais ou menos, tenho batalhado a ideia de contar a história da primeira emissora de televisão, acontecida ali mesmo na Urca, como testemunha ocular. Nasci assistindo televisão, tenho viva (ainda) na memória, momentos memoráveis da tv, desde 1955 aproximadamente. Vi, vivi e armazenei a televisão artesanal, diferente da televisão industrial dos tempos atuais. Uma história fascinante. Freqüentei os estúdios, ainda menino participei do concurso de bambolê do Teatrinho Trol, adolescente transitei pelos corredores, e trabalhei com o professor Gilson Amado na produção do programa Comunicação.

Formatei o Projeto TV Tupi Ao Vivo – Um Museu em Movimento – com Banco de Memória, Painéis ilustrativos, Vitrines e um Talk-show, realizado em mini-palco, entrevistando os pioneiros – a Taba Tupi.
Assim, nasceu a ideia de um Museu vivo, de porte-médio, do tamanho da Urca. A seguir, ilustração da sala principal de Eventos, projetada pelo arquiteto Dorival Tavela Ramos.



HISTÓRIA - Depois do fechamento do Cassino em 1946, o histórico prédio da Urca abrigou a primeira emissora de televisão carioca, a TV Tupi canal 6 (1951- 1980) . Com um curumim de símbolo, o pajé Assis Chateaubriand inaugurou a primeira televisão brasileira (primeiramente em SP e um ano depois no RJ).

A taba tupi batia seus primeiros tambores, e ecoou longe.

Nascia o império das Emissoras Associadas, do Oiapoque ao Chuí, abrangendo norte e sul do país, com 98 emissoras de rádio e televisão, inaugurando assim o veículo que revolucionou o comportamento e a comunicação no país.


angelita, gontijo, virginia, flávio, ema, angela, linda e dircinha

Com 29 anos na ativa, resistindo à turbulencias das mais diversas, a TV Tupi do Rio implantou a Televisão na área, reunindo profissionais do meio artístico, oriundos do rádio, do teatro dramático e do teatro de revista, assim como intelectuais do meio literário, jornalístico e cinematográfico.
Era comum encontrar pelos corredores, estúdios e calçadas da Urca nomes como Antonio Maria, Almeida Castro, Silveira Sampaio, Virginia Lane, Sérgio Britto, Mara Rúbia, Mauricio Sherman, Roberto Carlos, Chianca de Garcia, David Nasser, Hilton Gomes, Doris Monteiro, Fernanda Montenegro, Fernando Torres, Ângela Maria, João Loredo, Ilse Silveira, Heloisa Helena, Jacy Campos, Ida Gomes, Carequinha, Neyde Aparecida, Fabio Sabag, Maria da Glória e muuuitos outros...

A Urca era viva, orgânica, efervescente!

walter, neyde, nelly, dalva, frias, nair, angela, bibi, zezé, costinha, doris, ilza, yoná e pery

Esse mix resultou em um caldeirão rico de influencias, gerando uma programação diversificada, que agradava à elite e ao populacho.
Esse caixote lúdico encantou a todos. Tudo era experimental na tv artesanal, espontâneo e criativo. Os técnicos se especializaram, e o telespectador caiu de boca com brinquedo tão fascinante. Era uma Vez...

Depois de anos articulando contatos, cheguei em 2004 ao vereador Alfredo Sirkis. Ele estava secretário municipal de Urbanismo do prefeito César Maia, projetando o Museu do Rio para o Cassino da Urca, com a ideia de contar a história dos bairros da cidade. Um projeto muito bem idealizado por sua mulher Ana Borelli, diretora do Centro de Arquitetura e Urbanismo e arquitetado por Alcides Horácio.
Atendendo aos pedidos de alguns artistas pioneiros da Tupi, Sirkis reservou espaço para a realização do Museu do canal 6, o que ocasionou nossa aproximação.
Mas... Cesar Maia voltou atrás e interrompeu as obras, abortando o compromisso assumido.
Foi quando assisti um vídeo no YouTube do neto de Chateaubriand, o psicólogo Phillippe Bandeira de Mello, tentando desvendar os mistérios que deterioraram o patrimônio deixado por seu avô a 22 condôminos, e querendo resgatar a identidade dos Diários e Emissoras Associadas. Procurei-o, e nos aliamos. Partimos para engrossar fileiras. Resolvemos fazer novo vídeo, e contamos com a parceria genial do cineasta e fotógrafo Luiz Carlos Saldanha.
Sirkis aceitou o convite para um depoimento e, pela primeira vez, contou publicamente todo o ocorrido, com a transparencia de sempre.

A seguir, assistam ao Vídeo publicado no YouTube desde 2007.


Acredito na possibilidade de realizar um dia o Museu da Tupi em seu lugar de origem. Ele poderá se tornar uma atração turística relevante e trazer para a contemporaneidade o resgate de uma identidade genuína que o lugar possui. Essa história merece ser contada. Do tamanho da Urca, civilizadamente.

Acompanho e aplaudo a luta da AMOUR, desde a gestão de Ana Luiza Rodrigues,
e agora sob o comando de Celinéia Ferreira.
Parabéns por mais esta vitória!
A polêmica prossegue, talvez mais perto de um desfecho que se imagine. Parabenizo a postura cidadã da Associação em querer preservar um dos raros oásis dessa cidade, assim como não deixar que seja descaracterizado um dos prédios históricos do RJ, que abrigou o super Cassino da Urca e a primeira emissora de televisão, a TV Tupi canal 6.





Fotos: Acervo Museu TV Tupi Ao Vivo.
Desenho Taba Tupi: arquiteto Dorival Tavela Ramos
Vídeo YouTube: Imagens e Edição: Luiz Carlos Saldanha
Som: Marcos Cantanhende
Direção: Mariana B.Meirelles
Contato: causachateaubriand@gmail.com

terça-feira, 9 de junho de 2009

V A R I E T Y TAPA-OLHO

- DESDOBRAMENTOS DE TEMAS PUBLICADOS -


BARRADAS NO BAILE

Dando prosseguimento às comemorações dos 50 anos de carreira de Roberto Carlos, aconteceu o show “Elas Cantam Roberto”, como todos sabem. A TV Globo exibiu 1 hora e seis minutos do mega-show gravado com vinte cantoras de peso da MPB no Teatro Municipal de São Paulo, no fim da noite do domingo dia 31 de maio último. Alegando “questões artísticas”(?) a Globo cortou 6 cantoras da exibição. Ou seja: cortou o barato delas, e de todo o público brasileiro que não pôde assistir as performances de Marina Lima (“Como Dois e Dois”), Paula Toller (“As Curvas da Estrada de Santos”), R o s e m a r y ( “Nossa Canção”), Adriana Calcanhotto (“Do Fundo do Meu Coração”), Celine Imbert (“À Distancia”) e “Mart’nália (“Só Você não sabe”).


Amarrada à grade de programação, onde se engradou e está algemada, a Globo não quer perder sua audiência inercial, que “englobaliza” a massa de manobra. Marcado para ser exibido no horário depois do “Fantástico”, o show começou às 23.15h. É evidente que estas “questões artísticas” estão, na verdade, a serviço de interesses comerciais e de uma postura inflexível em relação à programação da emissora, porque ninguém acredita que estas maravilhosas intérpretes, biscoitos fííínissimos, não arrasaram o tal do quarteirão. Tanto Toller cantando com sua afinação deliciosa “A Estrada de Santos”, ou Marina fazendo nova leitura de “Como Dois e Dois”, ou Rosemary dando recado delicado na linda balada “Nossa Canção”, acabaram por atrair uma atenção inesperada, e que poderá ser conferida quando sair o disco e o DVD. Até o homenageado Brasa não gostou do ocorrido. Pegou mal mesmo.

Na crônica semanal de Artur Xexéo no jornal O Globo (3/junho) ele considerou a atitude da emissora no mínimo deselegante. Trecho: “...Afinal, não era um simples especial de televisão. Era parte do primeiro time de vozes femininas do país reunida no mesmo palco para cantar o repertório do maior cantor popular da História do Brasil.”


O ESTILOSO CRISTIANO RONALDO

Estão aí nos blogs, sites e revistas, as fotos do jogador Cristiano Ronaldo com visual pouco, digamos, másculo, segundo os mais radicais, devidamente alimentados pela voraciade dos paparazis. Em férias na Sardenha, Itália, o Daily Mail clicou o Tigre de shortinho micro, camisa pólo azul bebê, terço de pérolas ao pescoço, boné de beisebol rosa com uma florrrzinha atrás da orelha.
O look floral de Cristiano bate de frente com o machismo que freqüenta a cabeça dos mais reacionários deste novo século 21.
Muito oportuna essa democratização da cor rosa para o homem, a essa altura do campeonato. Homem que é homem não usa. Desde os berçários que diferenciam o sexo dos bebês, até a flor que dá nome a essa matiz, o feminino está evocado e carimbado. Séculos de ranço.
Uma pergunta que não quer calar: e mulher que usa azul, não deveria ser considerada masculinizada, hein, hein, hein?

Tem que ser muito centrado pra encarar uma dessas, né não? Talvez se Cristiano Ronaldo não fosse Cristiano Ronaldo, o fato seria corriqueiro, banal, mas sendo um celeb de plantão e um bibelô taludo, o lance mexeu com o inconsciente coletivo: o cara chuta o balde do tabu, e ainda faz cara de bofe. Audácia do bofe!
Até o carecão não se segurou, e foi conferir o tanquinho do gajo.


Postagens mais antigas:
“O Tigre Cristiano Ronaldo”- Março
“Cinqüentenário do Brasa”- Abril
Foto 1: Site dos Famosos
Fotos 2 e 3: Daily Mail On Line