Ele é o meu favorito para a premiação de Melhor Ator do Oscar 2014 por seu desempenho em “Nebraska” de Alexander Payne, mesmo sem ter visto o filme. E precisa, fala sério?
BRUCE DERN filmou com grandes diretores, desde Elia Kazan
(“Rio violento”, 1960), Hitchcock, duas vezes (“Marnie”, 1964 e “Trama
Macabra”, 1976), Roger Corman (“Massacre de Chicago, 1967) e Francis Ford
Coppola (“Virginia”, 2012), entre outros.
Acompanho sua longa carreira de dez, com admiração. Ele sempre
foi para mim ‘um ator coadjuvante de mãos nada trêmulas’, pelo contrário: além
da firmeza de atuações antológicas em papéis secundários, um autêntico ladrão de cena. A coleção de psicopatas,
criminosos, neuróticos, freaks, caras
violentos e sinistros da galeria de personagens vilões que ele interpretou, só realçou o carisma de
grande ator que sempre foi.
Não dá para registrar todos os seus trabalhos no cinema
em mais de 50 anos de caminhada, mas
pinçar alguns desempenhos inesquecíveis é um prazer super especial. A começar
por “A Noite dos desesperados”(“They soot horses”,1969) de Sydney Pollack, um dos filmes mais incríveis que já assisti,
pra minha alegria, diversas vezes. Por este filme ele foi indicado ao Oscar,
mas o Best Supporting foi para Gig
Young, que também brilha como um Mestre de Cerimônias completamente canalha.
A cruel maratona de dança, estrelada por Jane Fonda e Michael
Sarrazin e brilhantemente dirigida por Pollack, deu a Bruce um desempenho
genial como um caipira arrogante que arrasta sua mulher grávida (Bonnie
Bedelia) para a final da desumana competição, provocando asco na plateia do
concurso, e em nós igualmente.
O fuzileiro naval traído de “Amargo regresso” (1978), dirigido por Hal Asbhy, uma das melhores críticas à guerra do Vietnã, consagrou Jane Fonda e Jon Voight, premiando-os com os Oscar do ano, e foi a nominação de Bruce mais apertada para o Oscar de Coadjuvante. Ele chamou a atenção geral. Mas não levou.
A segunda versão do livro de Scott Fritzgerald, “O Grande Gatsby” (1974) de Jack Clayton, que abiscoitou 4 Oscars, causou. Mia Farrow e Robert Redford dividiram os principais papeis com Bruce, o marido de Daisy, cuja empatia levou a muitos na época afirmarem que ele deveria ser o Gatsby.
Esteve presente no derradeiro filme de Alfred Hitchcock, “Trama macabra” (1976), um suspense com humor negro onde ele foi o parceiro da falsa vidente interpretada por Bárbara Harris, um motorista de táxi sem nenhum escrúpulo. Magnífico, claro.
Respeitado pelos colegas, até Marylin Monroe bateu cabeça
chamando-o de prodígio, ele recebeu de Jack Nicholson, com quem atuou como seu
irmão em “O dia dos loucos” (1972), elogios tipo – “é o melhor ator surgido
depois da Segunda Guerra” –
De seu casamento com a atriz Diane Ladd, ele é pai de Laura
Dern. A filha atriz, cineasta e ativista, acompanhou-o ao Festival de Cannes
último, no qual BRUCE DERN foi premiado como a Melhor Interpretação Masculina
por “Nebraska”.
Aos 77 anos, quando o bom ator está maduro e em ponto de bala, este americano que tem no sangue alemão, ingles, escocês e ascendência holandesa, já recebeu paconvite de Quentin Tarantino,
com quem fez participação pequena em “Django Livre”, dessa vez para um grande
papel em “The Hateful Eight”, o próximo faroeste do cineasta.
O road-movie em
preto e branco dirigido por Alexander Payne, concorre a quatro prêmios no
Oscar, que acontecerá no próximo 2 de março no Dolby Theatre, em Los Angeles : Melhor filme, Diretor, Roteiro,
Fotografia, Atriz Coadjuvante (June Squibb) e, Melhor Ator.
A estória do velho alcoólatra que viaja com o filho (Will
Forte) para receber uma fortuna imaginada até a sua cidade natal, poderá
finalmente premiar BRUCE DERN com o esperado
Oscar de Melhor Ator. Ele merece, ele merece.