terça-feira, 27 de dezembro de 2011

NÃO SE AFOBE, NÃO...

MAS 2012 É PRA JÁ !



Renovar é preciso, vivemos momentos de transformações.

E vamos deixando uma boa herança por que...

Eles estão chegando !

Quem?

Futuros Amantes/Chico Buarque

Não se afobe, não
Que nada é pra já

O amor não tem pressa

Ele pode esperar em silêncio

Num fundo de armário

Na posta-restante

Milênios, milênios

No ar

E quem sabe, então

O Rio será

Alguma cidade submersa


Os escafandristas virão
Explorar sua casa

Seu quarto, suas coisas

Sua alma, desvãos

Sábios em vão

Tentarão decifrar

O eco de antigas palavras

Fragmentos de cartas, poemas

Mentiras, retratos

Vestígios de estranha civilização

Não se afobe, não
Que nada é pra já

Amores serão sempre amáveis

Futuros amantes, quiçá
Se amarão sem saber

Com o amor que eu um dia

Deixei pra você

UM TEMPO NOVO VAI COMEÇAR

UM FELIZ 2012 PARA TODOS VCS !







sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

POEMA DE NATAL

A todos os amigos blogueiros, um FELIZ NATAL !

POEMA DE NATAL

Vinicius de Moraes

Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar

Para enterrar os nossos mortos —
Por isso temos braços longo
s para os adeuses
Mãos para colher o que foi dad
o
Dedos para cavar a terra.
Assim será nossa vida:
Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva

Um caminho entre dois túmulos —
Por isso precisamos velar

Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.
Não há muito o que dizer:
Uma canção sobre um berço
Um verso, talvez de amor
Uma prece por quem se vai

Mas que essa hora não esqueça
E por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.
Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagr
e
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte —
De repente nunca mais esperaremos...

Hoje a noite é jovem; da morte, apenas
Nascemos, imensamente.

domingo, 18 de dezembro de 2011

A ARTE DE SÉRGIO BRITTO



...E SÉRGIO BRITTO partiu para novos céus estrelados.

Eu conheci SÉRGIO BRITTO através do ator e produtor Nestor Montemar, meu amigo inesquecível, nos anos 1970. Passei a freqüentar seu apartamento na Santa Clara, Copacabana. SÉRGIO gostava muito de Nestor, ele estimulava e avalizava suas ideias arrojadas, mas sempre com altas ponderações que traziam o amigo pra real. Eram noites geniais que varavam a madrugada, entre gargalhadas, jantares, drinks e planos. Me lembro dele dando gargalhadas, entre piadas, projetos futuros e comentários atualizados do mundo teatral de então.

Foi saboreando de perto esse convívio que me levou a convidá-lo para dirigir em 1971 uma montagem infanto-juvenil de “Romeu e Julieta”, que Rubem Rocha Filho escreveu especialmente, com músicas da Banda Antiqua. Topou na hora, e eu me aventurei pela primeira vez em produção (com apoio financeiro de meu pai), que resultou em montagem que estreou o horário infantil, em produção de fora, do cultuado Teatro Ipanema. Fabiola Fraccaroli, Chico Ozanan, Luiz Armando Queiroz, Marco Nanini, Rinaldo Genes, André Valli e José Steinberg eram os atores principais, além de Nice Rissoni e os músicos da Banda Antiqua, os jovens de Verona. Foi o máximo. Sua direção calcada na commedia dell’arte foi muito elogiada.

Mas... muitos anos antes, o jovem RGIO BRITTO experimentou o Teatro do Estudante quando cursava Medicina. Um divisor de águas aconteceu: ser médico ou homem de teatro? Quando Paschoal Carlos Magno, em 1948, lhe apontou um teste para a montagem de “Hamlet”, protagonizada por Sérgio Cardoso e dirigida por Hoffmann Harnisch, seu coração balançou, e ele optou pela carreira artística. Assumiu o papel de Horácio na peça, o melhor amigo do príncipe dinamarquês, e na vida real como melhor amigo de Cardoso. Em sua biografia “O teatro & eu” (Tinta Negra Bazar Editorial), lançada no ano passado, dedicou grande espaço para narrar este momento:

Trecho: “Sérgio fazia um Hamlet romântico, histérico, um perigo em cena...Na cena final, Sérgio-Hamlet me pegava pelo pescoço e me derrubava escada abaixo. Certo dia, ele veio terrível, e quando me pegou, arrancou minha peruca e a atirou escada abaixo. A minha queda foi antecipada pela queda da peruca, era a peruca caindo e eu também. A platéia viu e se divertiu...

Presença viva na história de importantes Grupos e Companhias de teatro, como o Teatro do Estudante, Teatro dos Doze, Teatro Maria Della Costa, Teatro de Arena, Teatro dos Sete, Teatro Senac, Teatro dos Quatro, Teatro Delfim e os teatros do Centro Cultural Banco do Brasil, participou de grandes espetáculos, impossível de resumir. Entre eles, integrou o primeiro elenco profissional do Teatro de Arena (1953) em “Esta Noite é Nossa”, direção de José Renato ; com Maria Della Costa e Sandro Poloni, atuou em cinco montagens dirigidas por Giani Ratto, entre elas”O Canto da Cotovia” e “Mirandolina”, ambas estreladas por Maria.

No TBC, sob a direção de Maurice Vaneau fez “A Casa de Chá do luar de Agosto” em 1956, e tres anos depois, ao lado de Ratto, Fernanda Montenegro, Fernando Torres e Ítalo Rossi, criou o Teatro dos Sete com o grande sucesso da década: “ O Mambembe”, em temporadas nos Teatros Municipal e Copacabana.

Na pioneira TV Tupi carioca, em plena era JK, 1956 - lançou o mais famoso teleteatro de todos os tempos, o "Grande Teatro Tupi". O programa tornou-se capítulo especial na história da teledramaturgia, com 450 programas exibidos – a maioria ao vivo – por onde desfilou um repertório inigualável de autores nacionais e estrangeiros, como Goethe, Ibsen, Thorton Wilder, Pirandello, Tchecov, Machado de Assis e Nelson Rodrigues.

Lancei no início deste ano que se finda, o livro “TV Tupi do Rio de Janeiro, uma Viagem Afetiva” (Imprensa Oficial do Estado SP) pela Coleção Aplauso. Fui entrevistá-lo em sua casa em Santa Teresa, isso depois de muito insistir porque ele não parava. Recebeu-me às onze da noite, depois de um dia exaustivo de ralação.

Quando começamos a gravar o depoimento, o entusiasmo pelo assunto (adorava lembrar essa época) provocou-lhe um frescor tal que eu pensava: que pique, cara! – e ele falava, ria, recordava, viajava na maionese ...

Trecho: “A Fernanda acha que o Grande Teatro foi a nossa escola de teatro. Na Europa eles avaliam a capacidade do ator por intermédio do teatro de repertório, e montam dez peças por ano. Nós fizemos isso, a Fernanda diz que o teatro que não tivemos para evoluir, tivemos no repertório do programa. Ela está certa.”

“O encontro de duas personalidades assemelha-se ao contato de duas substancias químicas, se alguma reação ocorre, ambos sofrem uma transformação.” (JUNG)

Irmã por opção e pele, Fernanda Montenegro acompanhou SÉRGIO em toda a sua trajetória, sua história de vida se entrelaça com a dele. Direto. Em São Paulo na Companhia de Maria Della Costa a amizade se fixou, acompanhada de perto por Fernando Torres e Ítalo Rossi. Quando os quatro, juntamente com Zilka Salaberry, Nathália Timberg, Flavio Rangel, Aldo de Maio e Manoel Carlos estrearam o programa na Tupi, colaram de vez. A dupla imprimiu mais que uma marca de qualidade, mas um casal (almas gêmeas, talvez) muito muito carismático. No teatro, eles formaram par em inúmeros espetáculos, desde “O Mambembe” (1959) até “Volta do lar” (1967), como aparecem na foto acima, em performances de arrepiar. Só pra destacar dois...

Momento 1: “Quatro Vezes Beckett (1985), direção de Gerald Thomas, reuniu trio possesso: com Ítalo Rossi, brilhou ao lado de Rubens Correa. Pela foto dá pra sentir...

Momento 2: Ao lado de Nathália Timberg também formou um casal muito afinado em diversos momentos do Grande Teatro e nas longas temporadas de “Meu Querido Mentiroso”.

Momento 3: Nos anos de 2007/2008, celebrando os 60 anos de carreira, causou impacto por sua interpretação como o famoso psiquiatra suíço, em “Jung e eu” de Domingos de Oliveira e Giselle Kozovski. Questionador e ávido por conhecimento, encantou-se de tal maneira com Jung, valendo quase uma incorporação em cena, que declarou na época uma total identificação com a psicologia junguiana.

“Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas uma outra alma humana.”(Carl Gustav Jung)

No Premio Sesc Rio de 2010, SÉRGIO BRITTO foi o homenageado especial. Ficou muito emocionado ao receber os aplausos da platéia do Teatro Ginástico, de pé, durante longos minutos. Um vídeo foi exibido, narrado por José Wilker, que começava assim:

Fomentar, semear, regar, sempre com muita paixão. Talvez essa seja a fórmula de mais de 65 anos na carreira. SÉRGIO BRITTO, um exemplo a ser seguido.

Com vida e obra intensa e longeva, SÉRGIO BRITTO era acima de tudo um animador cultural, como o define a irmã Fernanda. Estava sempre arquitetando algo, influenciando aqui e ali todo e qualquer projeto dos amigos. O Mestre foi se formatando, desde a sua interferência na criação da CAL – Casa das Artes de Laranjeiras, hoje a melhor escola de teatro carioca, onde também deu aulas e aplicou workshops, até o seu programa - “Arte com Sérgio Britto” - que apresentava há décadas na TV Brasil. Todos esperamos que eles sejam reprisados, pois fazem parte do acervo cultural do nosso país.

Deixo meu abraço ao sobrinho Paulo Cesar, em nome da família...

e à dedicada Zefa, representando seus muitos admiradores e amigos.



sábado, 10 de dezembro de 2011

CAMISINHA - SALVE-SE QUEM SOUBER




Se antes ela era sòmente um método contraceptivo seguro e escudo para a sífilis, hoje, séculos depois, é artigo de primeira necessidade para isso e muito mais... Ficantes, color-friends, taradas, tarados e prudentes, todos se rendem e aderem à famosa camisinha, em tempos de HIV e outros bichos.

Era uma vez... O povo grego inventou o uso do preservativo a partir de bexigas de animais. Há mais de 3000 anos, os chineses usaram um envoltório feito com papel de seda untado em óleos e ervas ditas medicinais, como também preservativos femininos feitos de vegetais. Nos séculos XV e XVI, a sífilis era um problema que atemorizava, e os romanos se defendiam com um envoltório produzido a partir de intestinos de cordeiro e bexigas de cabras.

Foi a camisinha de linho (foto acima) tratada com ervas, que originou o nome “camisa-de-vênus”, nascendo assim o diminutivo que ganhou força popular: a camisinha.

Foi em 1839 que o americano Charles Goodyear (o dos pneus!) descobriu o processo de vulcanização da borracha, tornando-a mais maleável e resistente. Em 1870, o preservativo de látex passou a ser fabricado em série. Em 1930 nasceram as camisinhas descartáveis.

O uso da camisinha não é aceito pela igreja Católica, igrejas Ortodoxas, Evangélicas e pelos praticantes do Hinduísmo. O principal argumento dos católicos tem a ver com o comportamento sexual dos usuários – a promiscuidade e a infidelidade conjugal.

Parece que não entenderam a revolução sexual dos 60’, o advento da pílula anticoncepcional e duas décadas depois do terrível vírus da aids...

A publicidade sempre foi a alma do negócio. Assim, os “geniais” publicitários do planeta criam todos os dias novas sacações pra vender o peixe. Em uma rodovia da Riviera Francesa, perto de Monte Carlo, a marca Durex estampou sua mensagem: Enter the tunnel safely – Entre no túnel com segurança.

Camisinha Diet? Só se for pra diabéticos e para os que fazem dieta pra emagrecer...

O mercado é generoso, muitas marcas novas no pedaço. A Olla, xing-ling das mais tradicionais, publica com humor em outdoors produto para a turma da ejaculação precoce. Aviso aos navegantes: os bem-dotados passem longe deste produto, pois é feito nos moldes chineses. Tá entendendo??

Uma outra versão também entra na história: a camisinha feminina. Os defensores da ideia acham que ela confere também a oportunidade às mulheres de dividirem a responsa pelo uso do preservativo com seu parceiro. Trata-se uma bolsa de poliuterano de 17 centímetros que se ajusta na vagina.

Lady Gaga lidera campanhas da luta contra à aids. No programa “Good morning, América” de tv americana, apareceu vestida de camisinha de látex da cabeça aos pés.

E se ela estourar? Pára, pára, pára tudo...Reabasteça-se e engata uma segunda.

Mas não deixe de usar, cara pálida.

CAFOFO DA POESIA - 13 -



A poesia moderna carioca pode repetir uma das máximas do compositor mineiro Ary Barroso: “Maria, o teu nome principia na palma da minha mão”. E isso, deve-se a legitimidade da poeta MARIA REZENDE, tão presente neste século 21 através de suas performances, publicações e blog, ícone que é do movimento poético da cidade.

Autora de dois livros-referencia no assunto, “Substantivo Feminino” e “Bendita Palavra”, esgotadíssimos, ela abastece seu charmoso blog Maria da Poesia não só com poemas, mas também com reflexões interessantíssimas escritas e postadas em vídeo.

Filha dos cineastas Mariza Leão e Sérgio Rezende, talking-heads da telona, MARIA se diz “poeta, dizedora, montadora, carioca, exagerada, cozinheira bissexta, fala com as mãos, é completamente apaixonada, acaba de entrar nos 32 e se pudesse seria bailarina. Ou chacrete. Já disse que ela é exagerada? Ela é...”

De onde veio o verso do caderninho

de Maria Rezende


Sei que uma só palavra sua me salva, mas hesito.

Sei que a vida podia ser mais fácil, mas evito.

E sei que eu e você, esse prédio às vezes alto,

É às vezes também bambo,

Sei disso mas insisto.

Porque sei que a vida é curva e tem segredos no caminho.

Porque os dias somam anos e é bonito ser sozinho,

Mas às vezes cansa.

Pra que dessa vez sejam os pés, e não a música, que façam a dança.


Blog: http://mariadapoesia.blogspot.com

sábado, 26 de novembro de 2011

JOSÉ JOFFILY, A VOCAÇÃO PELA VIDA

Saindo do forno e adentrando as telas nacionais o novo filme de José Joffily - “Prova de Artista”, documentário que fecha a trilogia do cineasta sobre as vocações.

Depois da religião (“O Chamado de Deus”/2002) e da política (Vocações do Poder”/2006), chegou a vez do universo artístico musical matar a curiosidade de Joffily, um confesso curioso de carteirinha:
“- Os filmes são sempre feitos por conta de uma curiosidade que você tem sobre o que você desconhece. Sempre me despertou essa escolha profissional que faz parte da vida desde cedo, desde criança. E eu conheci isso de perto com minhas filhas...”

A curiosidade que se refere, está presente no foco de seus documentários anteriores, a câmera sempre buscando uma ótica mais subjetiva e sutil, que são flagradas com refinamento. A partir de registros de ensaios e dos momentos que antecedem e sucedem as muitas audições, “Prova de Artista” acompanha os conflitos, a paixão e a disciplina que envolvem a vida profissional de cinco jovens que escolhem o ofício da música. E também as relações do ambiente de trabalho entre solistas, maestro e orquestra.

São eles: Byron Hitchcock (violinista da OSB), Ricardo Barbosa (oboísta da OSESP), Rodney Silveira (violista da OSB), Catherine Carignan (fagotista) e Rodrigo de Oliveira (violinista da OFMG).

Nascido em João Pessoa no dia 27 de novembro de... epa, é hoje! – parabéns, amigo – José Joffily virou carioca de Copacabana cedo. Iniciou-se como fotógrafo nas revistas O Cruzeiro, Realidade e Placar. Mas o cinema o roubaria para todo o sempre a partir dos curta metragens que dirigiu: “Galeria Alaska” e “Copa Mixta”. Como roteirista esteve presente em filmes de alta qualidade, tipo “Terra para Rose”, “Avaeté”, “A cor do seu destino”, “O sonho não acabou” e “Parayba mulher macho”, entre outros. Assinou sua primeira direção em 1985, “Urubus e papagaios”, que lhe abriu caminho para uma trajetória de filmes marcantes, além dos documentários citados, as ficções “A maldição de Sampaku”, “Quem matou Pixote?”, “Dois pedidos numa noite”, “Achados e perdidos” e “Olhos azuis”, entre diversos outros.

Joffily é figura destacada da cinematografia brasileira contemporânea, seja como diretor, produtor, ator, escritor, professor ou articulador. Premiado diversas vezes, no Brasil e no exterior, é referencia também entre os jovens cineastas, muitos nasceram de suas mãos.

“Prova de Artista” chega às telas nesta semana no Rio e em algumas capitais. Um filme de José Joffily é sempre um convite à reflexão, vocacionado para a vida que é.

Fotos 2 e 4: Álvaro Riveros

Demais fotos: www.provadeartista.com

domingo, 20 de novembro de 2011

QUEM TEM MEDO DO MARCO REGULATÓRIO DAS COMUNICAÇÕES ?



São mais de dez anos que rola essa história, por que ?


A verdade é que está uma bagunça geral. A legislação no setor das comunicações é arcaica e defasada. A Constituição Federal de 1988 não tem referencia legal com temas importantes que estão sintonizados nos tempos atuais, e assim, acontece uma ausência de pluralidade e diversidade na mídia atual. Esta ausência também beneficia as poucas empresas que hoje se favorecem da grave concentração no setor. A restrição aos monopólios e oligopólios e a regionalização da produção se destacam no debate.

Todos os principais países democráticos do mundo têm seus marcos regulatórios para a área das comunicações, tipo Reino Unido, França, Estados Unidos, Portugal e Alemanha, além de alguns países da América Latina. No Brasil, o primeiro contragolpe é dizer que isso é a volta da censura. Será que neguinho sabe mesmo do que se trata ao dizer tal disparate? Para nós que passamos o pão que o diabo amassou em tal era, sabemos que um raio não cai duas vezes no mesmo lugar. O contra-argumento é leviano. Xô!

Interesses pessoais de empresários de jornais, editoras, redes de televisão e rádio, assim como (a presunção de) políticos influentes que usam de estratagemas para serem vinculados e prestigiados – um número cada vez maior deles possui emissoras e jornais - atrasam o processo da criação de um limite de ética, o Marco Regulatório das Comunicações. Mas ele está andando...

Estamos alvos de verdadeiros tsunamis de informações inúteis e tendenciosas que nos chegam diariamente, e a todos os minutos, re-pe-ti-da-men-te, agora também via internet. Os telejornais se copiam na editoria de noticias, claro, baseados no formato da Globo... As revistas semanais até que mantém uma independência, salvo Época e Carta Capital. O noticiário radiofônico é na maioria das vezes, xérox dos jornais, da tv e da internet. Tudo soa alienado e globalizado.

A presidenta Dilma está de butuca, mas opositores e articulistas consideram que o governo está indefinido em relação à causa. Chegam a espalhar que ela minimizou a questão ao dizer que “o controle da comunicação no Brasil se dá através do controle remoto, do dedo do telespectador...”

O fim da bagunça se anuncia. Em maio deste ano, aconteceu o Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC) no Rio de Janeiro, que realizou a I Conferencia da Comunicação (CONFECOM) sistematizada no Seminário Marco Regulatório – Propostas para uma comunicação Democrática – com a participação de entidades nacionais e regionais. Uma consulta pública recebeu mais de 200 contribuições, e assim, foi elaborada uma plataforma (publicada no Comunicacaodemocrativa.org.br) que apresenta 20 pontos considerados prioritários para a definição de um novo marco legal.

Os temas são pertinentes e estão bem elaborados, como o fortalecimento das rádios e tvs comunitárias – uma nova legislação deve garantir a estruturação de um sistema comunitário de comunicação.Outra: a proibição de outorgas para políticos em mandato serem donos de meios de comunicação objeto de concessão pública (estendendo-se a parentes e cônjuges). É abordado também a regulamentação da publicidade e os critérios de mecanismos de transparência para a publicidade oficial. A plataforma foi enviada como manifesto ao ministro das Comunicações Paulo Bernardo e está seguindo os trâmites para o Senado.

Essa “cidade sem lei virtual”de abusos autorais e outras extravagâncias pode estar com os dias contados. Paralelo, o Marco Civil da Internet, seus direitos e deveres em discussão, depois de assinado pela nossa presidenta, foi encaminhado ao Congresso. Agora, transita pela Câmara dos Deputados onde foi constituída Comissão Especial com o objetivo de analisar a matéria.

Vamos se inteirar da coisa pra não haver engano... A comunicação tem que estar a serviço da sociedade e não o contrário.