quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

CAFOFO DA POESIA - 9 -




Carioquísimo e aquariano, CHRISTOVAM DE CHEVALIER é filho de peixe, e que peixe: sua “mama” é a brilhante Scarlet Moon de Chevalier, escritora, jornalista e multifacetada artista, de quem herdou o talento para a escrita seja em prosa ou verso. Atualmente é subeditor da charmosa coluna de Anna Ramalho no Jornal do Brasil. Mas a poesia é seu ponto fraco (ou forte). Ainda adolinquente escreveu Um Livro sem Titulo para a Casa da Palavra pela Editora Sette Letras na primavera de 1998. No momento está selecionando material para um novo livro de poemas: No Escuro da Noite em Claro, ainda sem editora.

Da nova e inédita safra já garimpada para a publicação, o BUCANEIRO ataca com quatro petequinhas inspiradas em primeira mão, saquem só:

No escuro da noite em claro

Com a grafia viva
de uma língua extinta
faço minha poesia.

Com o punho exausto
a alma em estado de alerta
assim faço minha poesia.

Criança rabiscando a esmo
afirmando calamidades
no escuro da noite em claro.

Assim faço minha poesia :
com indícios de talento
urgência de doente terminal.

O poema

Escreve-lo é perder o fôlego
expirar o fígado
perder qualquer elo
entre terra e céus.

Concluí-lo
é tragar o fumo
o sêmen, o sumo
daquilo
que chamamos de Deus.


Oficio

Para Victor Colona

Acima do peso
o poema estanca.
Deixá-lo coeso
dispensa alavanca.

Acima do tom
o poema emudece.
Mau, regular ou bom.
O poema é prece.

Acima da média
o poema ruboriza.
Foge do tédio
num vôo: é brisa.

Refúgio

Não revelo as picadas
que levam à minha morada.

O poeta reside
entre sândalos e sombras.

E mais nada.

9 comentários:

  1. Incrível!!!!lindo demais, não poderia ser diferente, você é pura alma,adoro!!!!!

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  2. Chris, você tem o dom de encantar o nosso dia-a-dia.Simplesmente, adorei.

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  3. Belíssimos os poemas do Christóvam. Gostei especialmente de "Ofício" e "Refúgio". Seguem aí dois pequenos poemas.

    ANTI-ÍCARO (Victor Colonna)


    Não sei se foi vôo
    Ou queda.

    O abismo me encontrou
    Quando pus os pés no chão.

    Não desejei estrelas
    Nem derreti as asas
    Ao procurar o sol.

    Caí sem ter subido aos céus.


    BOCA DO ESTÔMAGO (Victor Colonna)


    Minha língua afiada
    Cortou o céu da boca:
    Passei a cuspir marimbondos.

    Era tanto veneno
    Que toda ferida era casca
    Todo ruído era estrondo.

    Um dia, desatento
    Passei ungüento na boca
    E amaciei o céu.

    Pus-me a cuspir marimbondos
    e abelhas
    Sangue adoçado
    Veneno e mel.

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  4. Christovam,
    Adorei os poemas.Sempre admirei seus poemas. Já desde muito tempo que espero um novo livro seu.Parabéns e um beijo grande, Rosália MIlsztajn

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  5. Meu beemmm...o que falta p/ publicar o livro???
    Vamos mexer os pauzinhos... to louca p/ te ver numa noite de autógrafos!
    Beijos e parabéns, mais uma vez, pelo talento.

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  6. parabéns, mesmo! Belos poemas!

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  7. Sensivel e envolvente a poesia do jovem Chevalier. Com os votos de muitos livros, do velho ator Emiliano Queiroz.

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  8. Oi,Buca!!A teoria de Darwin com a evoluçáo da espécie, somado a herança genética, nascem essas cabeças maravilhosas!!!!Lindo os seus poemas!!A casa Laura Alvim está a esperá-lo.Parabéns menino! Abraço do Natal Luiz.

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  9. Adorei todos, belos poemas!!!
    Sol

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