O PAPA VAZOU

Por muito pouco a notícia da renúncia do papa Bento XVI  não superou o noticiário da festa máxima do paganismo, o carnaval brasileiro. Mas no resto do mundo esse foi (e continua sendo) o assunto das manchetes principais desde 11 de fevereiro último quando Sua Pontífice anunciou repentinamente a retirada de cena.

Fazem 600 anos da última renúncia papal,  o que deixou o mundo surpreso e até perplexo...a alegação foi a saúde, pela idade avançada – 85 anos – artrite, artrose e uma cirurgia há tres meses realizada que o colocou a bordo de um marcapasso. Mas o mundo se divide na veracidade de tal argumento, já que surgiram questionamentos sobre possíveis  problemas políticos por trás da decisão.

A polêmica passa pelo banco do Vaticano -  em crise por problemas de lavagem de dinheiro - e casos de pedofilia de padres que teriam sido encobertos na gestão atual.

Bento XVI nomeou na semana passada um novo presidente para o banco, o alemão Ernst von Fleyberg que, segundo a imprensa mundial, faz parte do quadro executivo do estaleiro alemão Blohm + Voss envolvido na produção de embarcações para o governo nazista.

A bola de neve aumenta quando (o Vaticano nega mas...)  a mídia e a internet divulgam abertamente a fotografia de Ratzinger adolescente na carteirinha da juventude hitlerista.

Sinistro...

O teólogo Leonardo Boff  vê o caso do papa cercado de ambigüidades: “Uma coisa é o Ratzinger professor acadêmico que era extremamente gentil e inteligente, e amigo dos estudantes; outra é Bento XVI que exercia função autoritária e centralizadora, sem misericórdia com homossexuais e adeptos da camisinha...”

A Teoria da Libertação, movimento de teologia política que engloba diversas correntes de pensamento, absorvendo crenças das religiões do Oriente, da Umbanda, do Espiritismo, do Islanismo e do Xavanismo, é certamente o principal entrave entre Boff e Bento XVI. O movimento interpreta os ensinamentos de Jesus Cristo em termos de uma libertação de injustas condições econômicas, políticas e sociais.

Pela autoria do livro “Igreja, carisma e poder”, Boff foi punido pelo Cardeal Ratzinger quando era frade franciscano: “Eu tive que sentar na cadeirinha onde sentaram Galileu Galilei, Giordano Bruno e tive que enfrentar os procedimentos de um processo doutrinário...”

O conclave que vai eleger um novo papa acaba de ser antecipado. Inicialmente seria entre 15 e 20 de março.  Neste sábado o porta-voz Federico Lombardi declarou que ele pode ser acelerado. A reunião em clausura que acontece após a morte ou a renúncia do papa, tem a participação de todos os cardeais do mundo com menos de 80 anos. Hoje existem 117 ‘eleitores’, seis deles brasileiros.

As especulações rolam soltas, mas seja quem for eleito, garantem os mais céticos (ou realistas)  três assuntos-tabus permanecerão imutáveis para a Igreja Católica: os anticoncepcionais (no controle da natalidade), o casamento entre pessoas do mesmo sexo e a Célula-tronco.