quarta-feira, 24 de junho de 2009

MARCOS SACRAMENTO NA CABEÇA



Original e cheio dos talentos, ele está na batalha há algum tempo, dia a dia conquistando seu lugar ao sol, e agora chegou a sua hora. Nas lojas, o terceiro CD (Biscoito Fino), enquanto faz turnê pela França e Itália.

NA CABEÇA está saindo do forno com voz e violões entre clássicos e inéditas. Em julho, dias 10 e 11, show de lançamento na Caixa Cultural. Na retaguarda, Maria Braga.
A seguir o release escrito por Julio Moura, diz bem a que veio.

NA CABEÇA de Marcos Sacramento circulam músicas em profusão. Não bastassem mais de um milhão de melodias – que a todo momento invadem a mente do cantor e se metabolizam via pulmões, diafragma e garganta – Sacramento mora no alto do mais musical dos redutos cariocas, a Lapa.


Dali, a mente processa o caldeirão efervescente dos sons que ressoam por toda a região. Já que não dá pra dormir com esse samba todo, é sempre possível fazer uma canção. E se o samba amanhece com o dia, dá pra fazer um álbum da pesada.

O CD

De Santa Teresa para o estúdio da Biscoito Fino, Marcos tinha 12 canções na mão e uma idéia na cabeça: reunir três dos principais representantes da recente safra do violão brasileiro: Zé Paulo Becker, Luis Flavio Alcofra (violões de 6) e Rogério Caetano (violão de 7 cordas). Todos ao mesmo tempo e sempre, sob produção e direção musical de Carlos Fuchs.




“O disco surgiu do meu encontro com estes três músicos” – relaciona Marcos Sacramento. “Fizemos uma temporada no Rio e fomos buscando uma sonoridade. Rogério não tem papas nos dedos: leva o 7 cordas às últimas conseqüências. Zé Paulo é solista por natureza e traz elementos fortes de contemporaneidade. Luis Flavio é um mestre nas harmonias. Não tinha como não ser pancadaria” – define.


REPERTÓRIO

Na Cabeça abre o repertório e, de quebra, dá título ao álbum. Com melodia de Luis Flavio Alcofra e poesia de Sacramento, surge uma música capaz de revirar de ponta-cabeça os conceitos de quem cisma em decretar o fim da canção popular. Sem agonizar nem morrer, ela se retorce, invasiva, por esse samba que teima em jamais emudecer.
Além da faixa-título, Luis Flavio contribui com mais duas composições inéditas. Calúnia é um samba ao sabor dos melhores formatadores do gênero. Pavio, com letra de Sergio Natureza, se indigna sem perder a ternura para explodir o que não estiver direito na cidade de maravilhar. “Sergio escreveu este poema de esperança para o Rio, musicado pelo Luiz Flavio. Ele me disse que o fez pensando no Paulinho da Viola. Tenho orgulho de lançar esta canção”, celebra Sacramento.
Uma das melhores mostras de que a música brasileira tem encontrado quem a renove e a abasteça com novas idéias é Canto de quero mais, música de Paulo Becker e letra de Moyses Marques. O arranjo de Becker e a interpretação irrepreensível de Sacramento, sobre a melodia sinuosa que se tatua nos ouvidos, provam ser possível ganhar em popularidade sem abstrair da elaboração.

Se o canto nos invade como “auxílio para qualquer bom astral”, Um samba, de Sacramento e Carlos Fuchs – lançada no disco “Fossa Nova”, feito pela dupla em 2006 - valerá também para tempos de dor e tristeza: para cada entardecer deve haver um samba.



“Já está na hora de sair do underground” incitam os versos de Dia santo também, do compositor paulista Paulo Padilha, garimpada entre as centenas de músicas mostradas a Marcos por Sérgio Natureza e Valfredo Guida na pesquisa do repertório. Metáfora adequada para aqueles que perseveram em sua arte, desenvolvendo-a minuciosamente ao longo de suas trajetórias, até que o grande público a abrace e a incorpore.

Onde é que esse mainstream anda mesmo com a cabeça?

Outra canção daquelas de figurar em listas de dez mais do ano é Morena, com música de Mauricio Carrilho e letra de Paulo César Pinheiro, gravada por Sacramento em seu primeiro disco, “Modernidade da Tradição” (1995) – produzido pelo também violonista Mauricio Carrilho. Na atual gravação, o arranjo é de Zé Paulo Becker.

Fala Sacramento: “o violão sempre esteve presente em meus discos. “Na Cabeça” é a síntese da idéia que procurei passar em todos os meus trabalhos anteriores. É possível que este álbum encerre um ciclo acústico, que inclui também “Memorável Samba” (2004) e “Sacramentos” (2006)”.

Se os trabalhos de Sacramento costumam fundamentar-se no samba e seus congêneres, o cantor desta vez inclui um bolero mexicano em seu quebra-cabeça. Prisioneiro do mar (Arcaraz – Marcotte – Cortazar, em versão de Galvez Morales), sucesso do Trio Irakitan, ganha contornos de um Brasil virtuosamente rural no arranjo de Rogério Caetano:

Rogério vem do Brasil central, traz uma informação musical muito grande de lá. Escutei ele dedilhando o violão na van, durante uma excursão. Parecia uma guarania, um bolero. Pedi que ele a cantasse e me apaixonei pela música”, afirma Sacramento, sem tempo para papo-cabeça.

Na linha dos clássicos da cabeça aos pés, um Noel Rosa (Último desejo), um Cartola (Sim), um J. Cascata (Minha palhoça). O álbum se encerra com um samba de Chico Buarque, A Rosa, em versão demolidora. “Depois do que os violões fizeram nesta música, não haveria mais nada a dizer”, reverencia o cantor.

Lá no alto de Santa Teresa, impõe-se um universo sem desencanto formado por uma voz e três violões. Embaixo, uma cabeçada liberta de manuais e preconceitos estéticos movimenta-se entre diversas possibilidades sonoras. As poucas coisas de que um artista dispõe lhe bastam, quando ele sabe enriquecê-la de significados.


Mas pra que filosofia com esse samba todo na cabeça?


Linkando abaixo, ouça 2 faixas:
“Na Cabeça” e “Um Samba”.
http://www.myspace.com/marcossacramento

Ah, você pode escutar todo o CD na Rádio UOL:
http://beta.radio.uol.com.br/



Fotos: Edu Monteiro/Fotonauta
Texto Release: Julio Moura
Contato: mariabraga@marcossacramento.com.br
Site: http://www.marcossacramento.com.br/


2 comentários:

  1. Fui levada por uma amiga ao Rival para assistir show dele. Saí de lá apaixonada, ele é um artista incrível, tem um suingue é sexy e com músicos maravilhosos.Fiquei fã total.
    Adelaide Monteiro

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  2. tá na hora dele sair do undergrund mesmo. É um grande cantor!! Acompanho e adoro
    carol cavernosa

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