O NIVER DE FERNANDA MONTENEGRO

O assunto do dia é o aniversário de FERNANDA MONTENEGRO, chegando aos oitenta anos com a dignidade que pontuou sua vida pública – é a maior atriz do Brasil – entrelaçada por sua também vitoriosa trajetória pessoal de mulher, mãe e cidadã.

Não tem brasileiro que não se orgulhe desta artista querida, nascida debaixo dos trópicos, mais precisamente no subúrbio de Campinho, perto de Cascadura (RJ), e que tornou-se conhecida nacionalmente através da televisão, do teatro e do cinema, veículos que domina desde cedo. Arlete Pinheiro deu lugar à FERNANDA MONTENEGRO quando ela precisou de pseudônimo para assinar textos para a Rádio Ministério da Educação (MEC), onde começou carreira como locutora aos 15 anos. E o nome deu sorte, imprimiu soberania e força em sua carreira.

Foi a primeira atriz contratada da TV Tupi do Rio de Janeiro (1951), quando atuou em mais de 80 peças na Retrospectiva do Teatro Universal, dirigida por Jacy Campos, Chianca de Garcia e Olavo de Barros. Um ano antes, estreia no teatro em “Alegres Canções na Montanha” e conhece Fernando Torres, companheiro com quem se casa dois anos depois, e vive uma cumplicidade absoluta em quase 50 anos de união. Provável que esta imantação dure ainda hoje sob as invisíveis nuvens do amor, impossível de desatar.

Juntos, comeram ovo frito nos tempos de dureza em pensões paulistas e quitinetes cariocas, atuaram em televisão no lendário Grande Teatro Tupi, ao lado de Sérgio Britto, Natália Thimberg, Ítalo Rossi, Aldo de Maio e Zilka Salaberry; e produziram peças e mais peças, todas de alto valor cultural. Sempre muito bem colocados, nunca deram refresco a posturas reacionárias e retrógradas.

Seus 2 filhos herdaram o talento e a vocação dos pais: Fernanda Torres é atriz atuante, moderna, mutante, carismática. Cláudio Torres é diretor de filmes reflexivos e contemporâneos. A grande família atuou junto em “Redentor”, instigante filme de estréia de Cláudio, co-roterizado por Fernandinha, com Fernanda & Fernando no elenco.

Em 1959, assumindo o nascimento do grupo Teatro dos Sete, planta um marco no teatro brasileiro com a montagem de “O Mambembe” de Arthur Azevedo e José Piza, dirigido por Gianni Ratto, no Teatro Municipal. Com numoroso elenco, onde aparece ao lado de Graça Moema, Sérgio Britto e Ítalo Rossi (foto), a peça arrebata a temporada carioca.

Atualmente em cartaz com “Viver sem tempos mortos” no Teatro Fashion Mall, dirigida por Felipe Hirsch, traz para o século 21 a talking head Simone de Beauvoir em espetáculo recital imperdível.

Deixo aqui o beijo do Bucaneiro pra ela. Tenho certeza que o Brasil está todo saudando esta data, marcante para todos nós, privilegiados pela contemporaneidade e grande admiração que nutrimos. Ave, FERNANDA !


Fotos e pesquisa: site Uol
Foto O Mambembe: Acervo Sérgio Britto

Foto Viver sem tempos mortos: Guga Melgar