M A R I V A L D A, SORVETE DE VEDETE

O corpo escultural da vedete MARIVALDA abriu-lhe as portas para uma carreira fulgurante nos palcos e na televisão, assim como presença obrigatória no animado meio artístico de então.

Surgida nos 50’, passou pelo teatro de revista, cinema e televisão, desabrochando na década seguinte como uma vedete moderninha e super prafrentex. Provocativa  e sensual, tinha um jeito descolado e debochado que temperava bem o seu humor afiado. Era deliciosa em cena, e o público masculino vibrava!

E tirava partido das performances com malícia, gritinhos e frescuras, em esquetes e quadros nos programas humorísticos da época. No cinema também esteve com algum destaque, desde  comédias carnavalescas até comédias de costumes. Mas foi na TV que firmou seu nome de vedete e  atriz comediante.

Entre os programas de TV em que atuou, destacam-se "My fair Show", "Times Square", "A Grande Revista", "O riso é o limite", ""Estamos aqui", "Black and White" e "Moacyr Franco Show".

Dona de um sorriso e de alegria contagiantes, foi figura de destaque no carnaval carioca em diversos anos, desde 1965 quando foi eleita Rainha das Atrizes. Na foto, Fred Villar, partner de Carequinha e presidente do Retiro dos Artistas,  passa-lhe a faixa ao lado da última soberana Judite Barbosa.

Foi no cinema  que deu seus primeiros rebolados, ainda como dançarina de números musicais. Em “Mulheres à vista” (1959) de J.B.Tanko, participa em diversos quadros ao lado de Zé Trindade. Na foto, ela é a de chapéu na porta, ainda morena. Foi ao lado do famoso astro que ela fez sua estreia na telona, em “Espírito de porco” de Victor Lima (1957).

Viadíssima, era amada pelos gays e travestis, um público fiel ao teatro rebolado. O gênero ‘vedete viada’ foi criado por Renata Fronzi , Rose Rondelli e Carmen Verônica. Eram vedetes frescas, que falavam mole, gírias e bordões sacanas...E isso as levou para o campo da comédia, pois atuaram como atrizes comediantes poderosas.

Sérgio Porto, o Stanislaw Ponte Preta, criou uma lista inspirada no maior colunista social dos anos 50, Jacinto de Thormes,  o Maneco Muller, que publicava na revista O Cruzeiro as mais bem vestidas do ano. Stanislaw criou no jornal Última Hora, as Certinhas do Ano, perfilando as mais gostosas vedetes e atrizes da temporada. MARIVALDA, listada em diversos anos seguidos, aparece na foto ao lado Sonia Dutra, Aizita Nascimento, Célia Azevedo e Eloína.

Vedete hoje em dia é uma profissão em extinção já que o Teatro de Revista morreu como cultura popular.Oh, dor. Mas nos ‘tempos de Marivalda’, elas eram capas de revistas e manchetes de jornais, uma presença constante dos noticiários e do comportamento da época, além de acender a testosterona geral. Elas enfeitavam qualquer publicação, dando um colorido especial na crônica da cidade. MARIVALDA foi capa diversas vezes das principais revistas brasileiras e, principalmente, de O Cruzeiro, a mais famosa. Em 1966, foi doublé de corpo da atriz americana Jayne Mansfield, sexy-símbol platinada como ela, que se recusou a mostrar o seu em filme rodado no Rio. 

 Jayne, ainda voluptuosa mas não tão ‘certinha’, ganhou na edição do filme o corpaço que pediu a Deus...

Casada com o escritor Mário Meira Guimarães, fez parte do elenco da TV Rio, TV Excelsior e TV Tupi na era do Telecentro (1966), quando Boni repaginou a Tupi e levou a emissora para o primeiro lugar em audiência. Além do luxuoso musical “Black and White”, onde arrasava em quadro montado (“...junta loura com crioulo, vamos fazer degradée...”)ao lado de Carla Miranda e Zélia Hoffman,  ela apresentou “A Grande Parada” com Jerry Adriani, Neyde Aparecida, Maria da Glória e Betty Faria.

Atuando em comédias carnavalescas e pornochanchadas, tipo “Nem as enfermeiras escapam”, “Elas são do baralho”, “A árvore dos sexos”, “O homem que roubou a Copa do Mundo” e “007 e meio no carnaval”, contracenou com Costinha, com quem fazia dupla impagável. Depois na TV repetiu a vitoriosa parceria. Nitroglicerina pura!

Em 1965, participou do filme “Crônica da cidade amada” de Carlos Hugo Christensen, super produção rodada para celebrar o quarto centenário do Rio, estrelado por Oscarito, Procópio Ferreira, Jardel Filho, Vagareza e Jayme Costa. São onze crônicas assinadas por Millor Fernandes, Carlos Drummond, Fernando Sabino e Manuel Bandeira, entre outros. MARIVALDA aparece ao lado de Jardel Filho no episódio “Iniciada a peleja” com a exuberância da foto.

 Afastada da  carreira há tempos, reside atualmente na Alemanha com a família, e mantém contato com os fans através de seu blog : http://marivaldavedete.blogspot.com

Em tempos de Rio 40 graus, é muito bom matar saudades deliciando MARIVALDA, o sorvete de vedete! Diliiicia...