José Bispo Clementino dos Santos não é outro senão o maior intérprete de samba-enredo da história do Carnaval, figura lendária das folias momescas e uma das vozes de ouro do rádio brasileiro: JAMELÃO (1913-2006) será homenageado no ano do centenário de nascimento pela Unidos do Jacarezinho, campeã do Grupo de Acesso e afilhada da Mangueira - a Escola de fé do homenageado - com o enredo “Puxador não...Intérprete! Por Mestre Jamelão”.
Nascido no bairro de São Cristóvão, ele começou a ganhar a vida aos 9 anos como jornaleiro. Ganhou o apelido de Jamelão na Gafieira Jardim do Méier, onde esquentava o gogó como crooner. Foi levado à Mangueira pelo compositor Gradim. A participação no programa Calouros em Desfile do Ary Barroso na Rádio Tupi, cantando “Ai que saudades da Amélia”, foi o seu passaporte para o rádio e para o mundo fonográfico. Só na Tupi ficou 10 anos, depois mais dez na Nacional.A seguir, tornou-se crooner da Orquestra Tabajara de Severino Araújo, com quem excursionou pela Europa.
O vozeirão, mais agudo no início e possante grave no decorrer da carreira, lhe conferiu títulos importantes, como o maior intérprete de Lupiscínio Rodrigues (“Ela disse-me assim”, “Nervos de aço”, “Meu pecado”, “Cadeira vazia”) e o maior recorde de público do célebre Projeto Seis e Meia da Funarte, em 1977.
Uma lenda.
Sua história de vida mistura-se com a da Mangueira, onde permaneceu por 54 anos, sendo a voz principal a partir de 1952 quando sucedeu a Xangô da Mangueira. Sua voz impulsionou os primeiros desfiles da Verde e Rosa, depois de ter iniciado na Bateria tocando tamborim.
Recepcionou Chico Buarque quando ele foi enredo da Mangueira e participou de seu CD “ CB da Mangueira” cantando “Piano na Mangueira” de sua autoria e Tom Jobim. Chico disse : “Jamelão é o maior mau humor do Brasil”. E esse seu decantado mau humor crônico permanente virou folclore, uma marca registrada da personalidade de gênio forte e invocado. Certa vez um jornalista lhe perguntou o porque da cara carrancuda e sem nunca dar um sorriso. Resposta: “Rir de que?”
Gravou de tudo: samba-canção, jongo, rancheira, maracatu, baião, marcha e bolero.
Em 1950 gravou seu primeiro LP emplacando “Maior é Deus” de Felisberto Martins.
Gravações antológicas: “Castigo” (Dolores Duran), “Matriz ou filial” (Lucio Cardim), “Folha morta” (Ary Barroso), “Fechei a porta” (Sebastião Motta e Ferreira dos Santos), “Exaltação à Mangueira” (Enéas Brites e Aluísio da Costa) e tantas e tantas outras. Como compositor, destacam-se “Quem samba fica” (parceria com Tião Motorista) e... “Eu agora sou feliz” (com Mestre Gato), na seqüência especialmente para vocês.
Escolado nos dancings e gafieiras cariocas, JAMELÃO deixou outra marca como intérprete: o melhor cantor de música de fossa, que sempre fez sucesso no momento mela-cueca dos bailes.Com aquele inconfundível timbre grave ele causava na dor de cotovelo dos infeernos! Na seqüência, “Eta dor de cotovelo” de Lucio Cardim.
“Puxador é puxador de corda, de fumo, de carro, puxa-saco. Puxador de samba não, eu sou intérprete!”.
A Unidos do Jacarezinho entra na avenida na sexta feira, abrindo o desfile do Grupo A homenageando o centenário de nascimento desta força da natureza – JAMELÃO, sob o comando do carnavalesco Marcus Ferreira. O samba, de autoria de sete compositores, Andinho do Samba, André Fluido, Cadu Régis, Chiquinho Gomes, Leandro Partideiro, Marquinho e Robson Pereira, entra na Sapucaí pedindo aplauso do público no refrão:
“Pode aplaudir com emoção
A hora é essa, canta povão
Jacarezinho faz festa
Saudando o Mestre Jamelão”
ESTAMOS NA CONFIANÇA COM O MESTRE. A COMUNIDADE AGRADECE = BIRA
ResponderExcluirCerta vez assisti uma entrevista que ele falou da infancia sofrida que teve e se emocionou quando falava da avó escrava e chegou a chorar.Foi emcionante de ver aquele homem que parecia uma criança disprotegida. Por tras daquela dureza me passou um sofrimento muito grande. Ele é simbolo do carnaval e sempre será para sempre e merecedor dessa homenagem tão importante.Parabeniso com entusiasmo o feito! Lisa Machado
ResponderExcluirJamelão saudade do grande interprete. Meu carinho emiliano queiroz
ResponderExcluirNão da pra compreender porque essa homenagem não é da Mangueira ? Louva-se a atitude da Jacarezinho mas é sinistro tudo isso. Paulo Mendonça de Barros
ResponderExcluirEu soube que o bicho pegou com o neto dele e a Mangueira//Breno de Assis
ResponderExcluirassombrosa a voz dele coma dor de cotovelo dos infernos...Mércia
ResponderExcluirJamelão faz parte da história do Brasil, do carnaval carioca numa dimensão internacional. A sua voz inconfundível e marcante, embalou os grandes carnavais de outrora, onde o samba era realmente sambado. Quantas foram as gerações que cresceram ouvindo e vendo jamelão nos desfiles transmitidos pela TV? Creio que seja muito difícil para Mangueira fazer uma homenagem a Jamelão, afinal o quê ela ganhou? Essa resposta eu não sei, mas sei que se tivesse perdido Jamelão não teria sido o interprete da Estação Primeira, por mais de 50 anos. Por sorte, quando vivo, teve o seu reconhecimento pelo então presidente FHC. Não esperem muito da mangueira, afinal, como diz o ditado: "santo de casa não faz milagre".
ResponderExcluirOutra grande história contada por você!
ResponderExcluirJamelão faz parte da mangueira, e do samba enredo, sem falar de sua incrível voz!bjsss
Vera Vianna
A Globo não vai transmitir. Prefere passar as escolas de São Paulo , aquela chatice toda e espero que o Jorge perlingeiro não deixa a gente na mão no CNT. Queremos ver Jamelão na avenida!
ResponderExcluirLita Paes Leme
A intenção foi boa mas soube que a sapucaí estava vazia e a escola não passou bem. Uma pena. Enquanto isso a Mangueira veio de Cuiabá. O que tem a ver com carnaval? Pode???
ResponderExcluirKalinda