sexta-feira, 3 de abril de 2009

O CINQUENTENÁRIO DO BRASA


Ele é o genro que toda mãe sonhou para a filha, por conseguinte, o príncipe encantado de uma geração de moças de todo o país. É também um intérprete romântico de primeira, carismático e único, dono de um timbre aveludado inconfundível que atravessa décadas reinando como o Rei da nossa música.
Os 50 anos de carreira de ROBERTO CARLOS, comemorados neste 2009, dá inicio a uma série de eventos neste abril que adentramos, bem perto de seu aniversário dia 19 próximo, quando completa 68 anos de idade.
O Bucaneiro faz um recorte, focando o inicio de sua caminhada entre os anos 60 e a década seguinte, quando estava solto, espontâneo, sangue-quente, inflamado no rock e suave na música romântica,
é quando o cara
é uma brasa, mora!

ROBERTO CARLOS BRAGA nasce no dia 19 de abril de 1941 em Cachoeiro do Itapemirim (ES), filho do relojoeiro Robertino e da costureira Laura, o caçula de 4 filhos: Norma, Lauro e Carlos Alberto. Aos 9 anos, Lady Laura incentiva o filho a cantar o bolero “Amor y más amor” na rádio local. Com as pernas bambas de nervoso encara e sai aplaudido do auditório. Fã de carteirinha do cowboy brasileiro Bob Nelson, canta no banheiro seus sucessos de música country, assim como as românticas canções de Tito Madi e Dolores Duran. Pronto, o bicho da música morde o Zunga, seu apelido de infância. Estuda violão e piano, mas Cachoeiro fica pequeno para o sonho de se tornar cantor. Vai morar com a tia Jovina em Niterói, em 1955, até que seus pais mudam-se para o Rio de Janeiro no ano seguinte, quando completa 15 anos.

Quando “Rock around the clock” explodiu nas rádios do mundo inteiro com Bill Halley e Seus Cometas, trazendo no rastro Elvis Presley, Little Richard, Gene Vicent e Chuck Berry, o balanço das horas balançou, e o planeta nunca mais foi o mesmo. Chegou o rock and roll!
Os brotos tupiniquins aderiram com os hormônios em alta tensão. Celly e Toni Campello, Sérgio Murilo e Sonia Delfino foram os primeiros a gravar rockzinhos ingênuos e dançantes, separando casais colados, soltando o corpo numa dança frenética e sensual. Carlos Imperial e Jair de Taumaturgo investiram na novidade com seus programas “Os Brotos Comandam” e “Hoje é Dia de Rock”, respectivamente, na rádio e logo a seguir na televisão. Foi quando RC foi levado por Otávio Terceiro até Imperial na TV Tupi, e depois de cantar “Tutti-Frutti”em seu programa, ganhou a simpatia do Impera, que arregaçou as mangas para orientá-lo e produzi-lo. Na mesma época passou a freqüentar a turma da rua Matoso na Tijuca, levado pelo radialista Arlenio Livio, e lá se enturmou com Tim Maia, Edson Trindade, China e Wellington. Nasceu seu primeiro conjunto de rock: os Sputinks. Aí também começou a amizade com Erasmo Carlos, outro ilustre personagem da tribo.


O rock engatinhava de fraldas e RC estava com as antenas ligadas. Um dia de 1958, como todos nós, ouviu João Gilberto cantar “Chega de Saudade” no rádio de sua modesta casa em Lins de Vasconcelos. Caiu a ficha direto: ”Nunca tinha ouvido nada parecido antes... Quando ouvi João Gilberto, fiquei parado, porque aquilo era algo simplesmente maravilhoso,” recorda.
Foi inspirado em João e em Tito Madi, que RC virou crooner da chamada “joia de Copacabana”, a Boate Plaza. Assim, no inicio de 1959, às vésperas de completar 18 anos, estreia profissionalmente na elegante casa noturna, dividindo o palco com as cantoras Geny Martins e Claudette Soares, e acompanhados pelos conjuntos do tecladista Zé Maria e Bola Sete.
A atração da casa era o saxofonista americano Booker Pittman, e nas canjas, músicos do nível de Johnny Alf, João Donato, Luizinho Eça e... João Gilberto. Cantando no “estilo João”, ROBERTO CARLOS testou sua maneira de cantar suave e intimista, herança que permanece até os dias de hoje.

Mas Carlos Imperial reaparece na boate Plaza e seqüestra o cantor romântico de novo para o rock. Aí o Brasa decola. Aparece como o cantor mascarado no programa de Chacrinha e consagra popularidade ao ser coroado pelo Velho Guerreiro em pleno auditório de Copacabana, TV Rio. Cantando a versão de “Splish Splash”, que Bobby Darin lançara anos antes, ele foi parar nas paradas de sucesso, marcando o inicio de sua parceria com Erasmo Carlos, autor da versão em português. A fila anda e o Rei toma posse da coroa dada por Chacrinha, quando assume a apresentação do programa “Jovem Guarda” em 22 de agosto de 1965 na TV Record. E o tripé se completa: o Brasa RC, a Ternurinha Wanderlea e o Tremendão Erasmo Carlos.
Não teve pra ninguém.


“Jovem Guarda” virou moda e pra muitos um movimento musical. Desdobrou-se na turma do “iê-iê-iê”, do lamé, com diversos cantores e conjuntos que pegaram uma carona, e se deram bem. Os cabeludos se espalharam, as minisaias substituíram a calça jeans, enfim, o rock da terra mostrou a cara. Até 1968 o programa foi uma febre naquelas tardes de domingos inesquecíveis. E, no ano que não terminou nunca, RC dá uma nova guinada em sua carreira, acionando o intérprete romântico que o consagraria a seguir.
É quando vence o célebre Festival de San-Remo, o primeiro estrangeiro a conquistar essa posição, cantando a bela “Canzone Per Te” de Sérgio Endrigo (1933-2005) e Sérgio Bardotti (1939-2007). De bigodinho, oclinhos e túnica indiana, ele arrasou. A imprensa da época taxou: “Foi preciso que Roberto deixasse de ser o rei do iê-iê-iê, gerando a expectativa de queda de prestígio, para que todos comprovassem o que ele realmente é: um bom cantor”.
Mais de 50.000 cópias da gravação de “Canzone Per Te” esgotaram-se em 48 horas depois de seu lançamento no mercado.
Senhores, confesso que vivi. Aos 18 anos, impulsionado pelo poder jovem, gritei e lutei como pude na rebeldia da época, a repressão, a ditadura militar, o chumbo grosso do ano idem. Mas a tal jovem guarda do Brasa caiu bem de fundo musical, dentre músicas de protesto e engajadas que circulavam. Era alienadinha, ingênua e ao mesmo tempo excitante, porque tinha ele nas cabeças. Carismático, charmoso, ar de bom moço, intérprete vigoroso, e ao mesmo tempo, viril, irônico, pegador. Todo cara queria ser o Brasa, toda garota queria pegá-lo, enfim, quem resistir há de ?
Esse recorte se detém nesta fase fundamental de sua carreira, quando foi sedimentado o mito ROBERTO CARLOS. Até final dos anos 70, quando lançou aquelas inevitáveis canções de motel, a brasa do Brasa manteve-se acesa no sentido mais criativo, leve e interessante.


A partir dos anos 80, pressionado pelo tal “sucesso”, acredito que sua espontaneidade ficou pra trás, o volume de solicitação, assédio, compromissos, repertório pasteurizado e etc, o distanciou de uma fase tão rica e decisiva. Tornou-se um cantor previsível, mas... Rei absoluto, tipo preferência nacional.


Foi também em 1968 que RC estrelou seu primeiro filme, “Roberto Carlos em Ritmo de Aventura”, dirigido e produzido por Roberto Farias. A trilha sonora do filme foi o LP gravado pela CBS um ano antes, que emplacou diversos hits: “Eu Sou Terrível”, “Quando”, “De que vale tudo isso?”, “Como é grande o meu amor por você”, “Por isso eu corro demais”, “Só vou gostar de quem gosta de mim” e “E por isso eu estou aqui”.
O score musical é dez, muito influenciado por Beatles e Rolling Stones ele usou além da instrumentação básica do rock, os metais, quarteto de cordas, cravo, flauta, violão de 12 cordas, misturando bem o tempero das guitarras frenéticas com o sedutor som da música romântica.

“E por isso eu estou aqui” RC compôs num final de tarde de domingo, logo depois do programa “Jovem Guarda”. Na biografia não autorizada (sic) “Roberto Carlos em Detalhes” de Paulo Cesar de Araújo (Editora Planeta), aparece na página 155 depoimento de RC sobre esta canção:
“Eu estava triste com alguma coisa, mas não conseguia descobrir o que era, aproveitei o meu estado de espírito para compor. Talvez seja esta a razão de gostar tanto dessa música.”
Na seqüência curtam o Brasa em momento do filme “...Em Ritmo de Aventura”, cantando “E por isso eu estou aqui” na companhia de seus músicos do RC7, Bruno, Dedé, Gato, Maguinho, Nestico, Raul e Wanderley e a presença da atriz Rose Passini.
A câmera de Farias usa e abusa do olhar triste do Rei, uma de suas marcas registradas, em interpretação suave e sincera do belo tema.
Realização da Divx Vídeo.

5 comentários:

  1. GOOD save the King. A bandeira do pirata sauda o Rei com uma materia suave e emocionada. Uma joia da nostalgia o clip do RC. Parabens duplo Buka. Continue singrando os mares ao sul de Sumatra. Um brinde com rum das canarias, com papagaio e tudo.Lafyte o corsario real. Emiliano.

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  2. Oi,buca! Depois da intifada,vide (B.B), nada melhor que falar de Roberto Carlos,este sim,agradou Gregos e Troianos.Da juventude transviada (subi a rua Augusta a 120 por h)até as carolas mais fervorosas com (Jesus Cristo eu estou aquí).Norma Suely deve estar feliz com o seu Robertinho Carlos,gracinha,bonitinho vem aquí prá casa,assim ela se referria a ele . É isso ai Buca!! A tribo tribo Bucaneira toda comemorando os 50 de carreira do nosso REI!!Parabéns a você e ao nosso REI. Abraços do amigo Natal Luiz.

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  3. Um "VIVA!" à 'Garota Papo Firme', que - curiosamente - emergiu da (supostamente cafona) "Jovem Guarda", e não da (supostamente vanguardista) "Bossa Nova"...

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  4. eu também amo o Roberto da jovem Guarda, acho que depois ele encaretou ficou chatíssimo!
    Adoroi "Nossa Canção", "Negro gato" e q"uero que vá tudo pro inferno! tenho e todos os discos dele quando era uma Brasa, mora.
    Susanna

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  5. A essas alturas ele não cantar ´"Quero que vá pro inferno" é um troço sem sentido. Ela foi o "Help" dos Beatles na carreira dele, e foi também uma revolução nas cabeças dos que viveram esse tempo.
    VANIA PESSOA

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