quinta-feira, 30 de maio de 2013

LUA QUE ABALA


FESTIVAL 4 ANOS -
VALE A PENA CURTIR DE NOVO -  RETRÔ

Enquanto isso nos mares de 2 de junho de 2009...



SCARLET MOON DE CHEVALIER, segundo Rita Lee, é moça do bando da lua minguante, que num quarto crescente se transforma em nova debaixo de um lençol, blue moon, vira rosa e fica toda cheia.

Jornalista, escritora, atriz, carioca de Copacabana, é tão multifacetada quanto os ciclos lunares que se transforma para brilhar. Em tudo que se envolve, manda bem: gravou CD com poesias de Dummond, escreveu conto policial, atuou em super8 com Torquato Neto, escreveu para jornais alternativos, entrevistou e apresentou na tv, publicou livros e comandou talk-shows. E mucho mais. Tornou-se referencia na cultura brasileira, especialmente no universo carioca, carimbando uma marca de qualidade e inteligência através de suas opiniões e posturas progressistas e bem humoradas. Nas efervescentes décadas de 60/70 foi bússola absoluta, dicando, se colocando e trazendo uma linguagem nova ao jornalismo moderno. O carisma pessoal fica por conta do sorrisão escancarado que emoldura um charme contagiante. Ela é o cara!

O fotógrafo de 9 entre 10 Estrelas Antonio Guerreiro clicou a “Sereia Selenita” em pleno esplendor da juventude. Em depô exclusivo para o BUCANEIRO, fala o craque : “Conheci a SCARLET quando estava começando a fotografar, fiquei encantado com a forma dela encarar a vida, alegre, inteligente e boa companheira. Fizemos muitos trabalhos juntos e até para a Playboy fotografei ela. Sempre esteve à frente do seu tempo em tudo, e eu tenho grande carinho por ela. Um dia apareceu no meu estúdio com um namorado novo, e me apresentou. O nome dele era Luiz Mauricio, e eu fiz umas fotos dele para a capa dum single, aí começou a carreira de Lulu Santos.”



Eles se conheceram na casa de Caetano Veloso em 1976, namoraram no Píer de Ipanema e ficaram casados 28 anos. Formaram o casal 20 do pop tupiniquim de uma época. Separaram-se no momento que descobriram que se tornaram irmãos demais para um casal, e hoje são amicíssimos.


O produtor Walter Clark, ao assumir a direção da TV Globo no final dos anos 60, contratou de cara SCARLET para o Jornalismo da emissora. Segundo declarou em seu livro de memórias, a escolha se deu porque ela tinha a sintonia perfeita com a juventude de então, e era a melhor representante desta geração. Nos anos seguintes, apresentou e entrevistou tudo que era interessante na área cultural. Depois formou com Nelson Motta dupla deliciosa, apresentando o talk-show “Noites Cariocas” em produção independente.


Em 1982 ancorou com Tarso de Castro o programa “Variety- 90 Minutos” na Band. Na abertura da Mostra Nelson Rodrigues no Cinema ( Centro Cultural Cândido Mendes ), que eu organizei com Cândido José, Neila Tavares e Jorge Monclar, assisti de perto o jogo de cintura da repórter. Ela foi cobrir a abertura do evento, onde deveria enviar imagens para o programa de estreia naquela noite. Na hora de gravar, estávamos todos espremidos no corredor do Cândido, cercados por fotógrafos e cinegrafistas, e a bateria da sua câmera pifou. Rápida no gatilho, propôs ao cinegrafista da TV Globo, que era seu amigo, que emprestasse a sua bateria para que pudesse gravar rapidésimo o seu flash. E assim foi feito, ela gravou a entrevista com Nelson Rodrigues Filho (foto acima) na frente da concorrente, e saiu em disparada para fazer o link. Mais safa impossível.



Na virada do século 21 SCARLET lançou pela Editora Rocco “Areias Escaldantes – Inventário de uma Praia”, que considera livro de memórias emotivas, com jeito de crônica à beira-mar. Do Arpoador ao Posto Nove, passando pelo Píer (Dunas da Gal) e Sol de Ipanema, ela dá uma geral no universo praiano do pedaço mais in do nosso balneário. A tanga do Gabeira, o verão da lata, o apitadaço, musas e musos, está tudo lá registrado sob sua ótica leve e solta.
Em 2006, lançou a biografia do seu irmão, o economista Ronald Russel Wallace de Chevalier (1936-1986 ), o Roniquito: “Dr Roni e Mr Quito- a vida do amado e temido boêmio de Ipanema”(Ediouro).


“...goSTo dE seNtiR a MiNHa líNguA ROçaR a LíNGuA De LUiZ de cAMõeS...
AdoRo NOmEs, noMeS EM Ã, De cOiSas CoMO Rã e iMÃ,
nomEs dE nOmEs
S C a r l L e T m O o N D e c H E v A
l i E r,GlaUco MAtoSo e ArRigO baRnaBÉ e MaRia dA Fé
e aRRigo BArnAbé...”

- trecho de “Língua” de CaeTaNo vELosO -

Mãe de Gabriela, Christóvam e Teodora ( os três herdaram dotes artísticos e jornalísticos da Mama ), há quem garanta que seja sobrinha-neta do chansonnier Maurice Chevalier (1888-1972), o frances que encantou Paris e conquistou Hollywood. Abalou geral.
Morando no Jardim Botânico, escreve há 13 anos a coluna Abalo para o suplemento Zona Sul de O Globo com o refinado faro jornalístico habitual.

Em sua homenagem, Rita Lee compôs um rock maneiro, lunaticamente dançante, que apresentamos a seguir através da Letra e do Vídeo YouTube, de 1982, quando Lulu Santos, de braço engessado, apresentou-se no “Cassino do Chacrinha”, TV Globo. Saquem nas imagens aparições saudosas do coiffeur Silvinho e do cantor Ronaldo Resedá, e mais Lady Francisco, Elke Maravilha e, claro, o Velho Guerreiro e suas Chacretes.
Roda, roda e avisa.

S c a r l e t M o o nde Rita Lee

Moça do bando da lua
Chega em casa, põe fogo na brasa
E vai pra rua
Namoradeira
Menina bonita
Volta e meia
Vira uma sereia selenita

Escarlete, lua serenata
Colombina, ela só combina
Com a prata, com a luz do
solÉ minguante,
Num quarto crescente
De baixo do lençol
Lua nova
Blue Moon
Vira rosaE fica toda cheia




Foto 1: Marcellus Dragg Portal
Foto 2: Antonio Guerreiro
Foto 4: Paulo Marcelo Lima e Silva
Demais Fotos: pesquisa Google


15 comentários:

  1. Luis Sergio, um belo passeio por tempos passados iluminado com a beleza lunar da querida Scarlet.Parabens. Emiliano Queiroz

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  2. Muito bom o texto e a merecida homanagem à Scarlet, figura pra cima de um sorriso irradiador.

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  3. Esqueci de assinar de novo. Ana Cristina. Ah, adoro a música da Rita.

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  4. sempre adorei ela desde o Noites Cariocas. Eu não perdia uma noite, ela é divertida e inteligente e com Nelson Mota, morria de rir com os dois. Porque não reunir de novo eles a gente merece!!!!!
    Carol Cavernosa

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  5. Se sou suspeito para tecer loas `a jornalista, deixo ao menos o meu agradecimento ao Luís Sérgio. Trabalho em redação há cinco anos e como profissional de comunicação há quase 10 anos; convivo com profissionais de variadas gerações e tenho notado que a galerinha mais nova desconhece a importância de nomes como o da Scarlet, Nelsinho e Walter Clark para a história do jornalismo neste país. Em seu breve texto, o bucaneiro vai além da homenagem: resgata uma memória que as universidades – tão preocupadas com teorias mil – deixam em segundo (último?!) plano.

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  6. Num país sem memoria como o nosso, é muito bom ver uma homenagem como essa à iluminada Scarlet.
    É por essas e outras que eu venho seguidamente aqui (menos do que devia vir). Valeu Luis Sergio!

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  7. Luís Sérgio,
    Obrigadíssima! Você inflou meu ego. Sinto-me muito bem na sua página. Valeu!
    Beijos mil,
    Scarlet

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  8. OI buca!!Lembranças do nosso amigo Ernesto Carrazoni,quando montou a peça VIDRADO com a Scarlet fazendo o primeiro papel disse:A arte de programar é um salto no escuro. Ele deu o salto certo!! Parabens Scarlet , parabens Luiz Sergio .Do Ntal Luiz.

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  9. Que delícia Sérgio!!! É sempre muito bom saber que nem todo mundo tem memória curta. Adoro Scarlet, que tem uma história maravilhosa, como você mostrou!!!!`Parabéns pela linda lembrança e homenagem !!! bjs :)

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  10. Adorei!! Ela é um símbolo da nossa geração. Parabéns!Selena

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  11. Sempre achei ela uma flor de pessoa e uma mulher
    cheia de personalidade! Justa homenagem Bucaneiro!
    Vera Vianna

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  12. Maravilhoso, Serginho!
    Ana Vianna
    -via Facebook-

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  13. Scarlet era mesmo uma mulher iluminada.

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