EMILIANO QUEIROZ é um show de ator, todo mundo sabe. Nestes sessenta anos de estrada, firmou seu grande talento de ator no teatro, na televisão, no rádio e no cinema. Em cada década ele pontuou momentos marcantes em todos os veículos, deixando a sua marca. Desde o rádio, que fez na Fortaleza adolescente, na TV Ceará, em diversos teleteatros da era pioneira, até a ida para São Paulo, seduzido pela grande metrópole, e em seguida o mergulho definitivo no Rio de Janeiro, foi guerreiro e camaleônico o quanto pôde.
Foi em 1967 que tive o prazer de assisti-lo pela primeira vez no palco. “Navalha na carne”, o espetáculo mais esperado do ano, me fez descobrir o ator que eu queria ser naquele momento jovem de estudante do Tablado...quanto carisma, despudor e domínio cabiam em um só artista? Ele esteve brilhante ao lado de Tonia Carrero e Nelson Xavier, dirigido por Fauzi Arap e dando vida a um personagem emblemático, o Veludo, da obra mais polêmica de Plínio Marcos. A estreia de “Navalha” no Maison de France foi o maior acontecimento teatral daquela agitada temporada. Ela serviu como catarse de época árdua da ditadura militar. No final, um flash espocava como um soco na boca do estômago da platéia. POFt! Porrada pura.
Foi através do amigo Nestor Montemar que nos conhecemos nas noites animadas da Gôndola, o restaurante mais charmoso que a nossa classe teatral já teve... Em meio ao clima eufórico daquele delicioso ambiente, Emiliano transitava nas mesas sempre rindo e espalhando seu característico bom humor. Quando fomos apresentados, logo me apelidou de Costa e Silva , e não havia quem não ouvisse...A alegria de viver que sempre emanou, conquistou uma amizade que já dura ótimos quarenta anos... Milie tornou-se para mim um verdadeiro irmão e cúmplice, a quem agradeço por tudo que aprendi e aprendo com sua inteligência e generosidade.
“Na sobremesa da vida” acaba de estrear no Teatro dos Quatro. Baseado na biografia da Coleção Aplauso escrita por Maria Letícia, a grande companheira dele, o espetáculo pinça momentos marcantes da rica trajetória de Emiliano, seus personagens principais na TV, como Stauber, Juca Cipó e Dirceu Borboleta, no teatro e no cinema. O bloco que conta sua experiência em “A Ópera do Malandro” é um dos grandes momentos. Chico Buarque gravou em áudio, especialmente para a montagem, o convite que lhe fez para viver Geni no palco do Ginástico. Depois entra um trecho do vídeo de Emiliano cantando em cena, possesso como Geni.
Ivone Hoffman, Antonio dos Santos e Ana Queiroz multiplicam-se em diversos personagens da vida de Emiliano, cada um melhor do que o outro. Dirigidos por Ernesto Piccolo, eles exibem um desenvolvido senso de detalhe, burilando com riqueza os ingredientes humanos deste banquete. Piccolo recebe comentário de Emiliano no programa da peça: ...“Ele tece com suas mãos de maestro uma teia de sinceridade. O processo se mantém VIVO e a criatividade de Piccolo pulsa para alegria dos que fazem. E assistem.”
Antonio dos Santos, ator também cearense, revela-se no espetáculo, desdobrando-se em 9 personagens com segurança e talento de bicho de teatro. Todas as suas aparições denotam força de intérprete e alegria de representar que, sem dúvida, fazem parte da misteriosa essência do teatro vivo.
Ana Queiroz, neta de Emiliano, estreia nos palcos com sensibilidade de atriz que promete. Compõe com esmero cada personagem, em destaque, a delicadeza da composição da escritora Janete Clair.
Ivone Hoffman é sempre catalisadora, uma verdadeira ladra de cena, no bom sentido, claro. Impossível deslocar a atenção quando ela aparece, tal a forte presença em cena. É intensidade no sagrado ato de interpretar. As cenas da mãe, Donana, são ótimas mas a cena final comove de verdade.
NA SOBREMESA DA VIDA
Quintas às 17h
Sextas e sábados às 19h
TEATRO DOS QUATRO – Shopping da Gávea
Fotos 1 e 5: Fernando Cezar dos Santos
Foto 2: acervo Bucaneiro
Foto 3: Sergio Barbosa
Foto 4: Guga Melgar
Tive o prazer de contracenar com ele.....Tive o prazer de desfrutar de sua companhia e alegria. Eu, ele e Leila, passamos alguns bons momentos de pura animação, pela vida, pela arte, por tudo, q. vivemos nessa época, Guardei-o sempre no coração, e de longe fiquei acompanhando sua trajetória, bonita e cheia de força e talento.Salve Salve Emiliano!! Vou ao teatro, só pra te vêr... me aguarde! Bjs Vera Vianna e beijos pra essa luneta sempre alerta!
ResponderExcluirLulú..... tão delicado o perfil que desenha de mim....emoção que recebí sorrindo.Vou mandar para todos da sobremesa.... Quero convidar Vera para a Sobremesa me passa email dela.Seu comentario da peça é um sedutor convite ao publico. Grato ..... por tudo.Do velho ator emiliano queiroz.
ResponderExcluirluis tive agora o prazer de ler no bucanero seu olhar sobre a sobremesa da vida muito me alegrou o grato antonio dos santos bjs
ResponderExcluirAcompanho os seus trabalhos na Globo e no teatro. É um artista que sempre admirei. Não vou perder, obrigada. Lita Paes Leme
ResponderExcluirGrande ator, nosso querido Emiliano. Que a sobremesa da vida seja sempre muito prazeirosa e doce, no palco e nos encontros com amigos e admiradores do seu trabalho. Parabéns!
ResponderExcluirParabéns!!Merece todas homenagens pelo grande ator que ele é. Rogério Palma
ResponderExcluirParabens ao nosso querido Emiliano e ao Luis Sergio pela bela e sensível homenagem desse blog. Nossa! è de arrepiar! e o comentário critico é de quem entende do assunto.
ResponderExcluirAproveito pra agradecer os comentarios na minha pagina do face. Adoro. Ah, e estou saindo do estaleiro e recomeço Beckett na quinta.
Beijos.