Repórter policial, comentarista esportivo, dramaturgo, romancista e frasista irresistível, o pernambucano Nelson Rodrigues (1912-1980) celebra cem anos de solidão da viúva (porém honesta) cultura brasileira. Não ficamos completamente abandonados porque sua obra é peso pesado e, assim, ele se faz contemporâneo e absoluto.
‘O adulto não existe. O homem é um menino perene.’
‘Tarado é toda pessoa normal pega em flagrante.’
'Toda a unanimidade é burra. Quem pensa com a unanimidade não precisa pensar.‘’
‘Jovens: envelheçam rapidamente!’
‘Toda mulher gosta de apanhar. Só as neuróticas reagem.’
‘Todo o desejo é vil.’
‘ O Fluminense nasceu com a vocação de eternidade...tudo pode passar...Só o Tricolor não passará jamais.’
‘Sexo é para operário’
Em "Asfalto Selvagem" Vera Vianna contracena com Maria Helena Dias
O mais importante dramaturgo brasileiro teve 17 peças montadas e 24 filmes rodados.“Asfalto Selvagem” (1964), dirigido por J.B.Tanko e estrelado por Vera Vianna no papel da Engraçadinha, revelou uma jovem atriz escolhida pelo autor para um teste, como ela conta em seu blog Quiprocós e Turumbambas (veravianna.wordpress.com), quando foi entrevistá-lo para o Jornal do Brasil:
“...Nunca havia representado e, irresponsável, aceitei. “Você é a Engraçadinha!”. Meu Deus! Escolhida pelo autor e aprovada pelo diretor e com toda a força do ator principal, o já então também famoso Jece Valadão... “Asfalto Selvagem” foi explosivo na época, subvertia o moralismo,a caretice, típicos da época... Foi proibido até 21 anos, discutido, aplaudido, arrasado, foi um autêntico momento rodriguiano. E teve continuação: “Engraçadinha depois dos trinta” (1966) – fiz então sua filha Silene, e Irma Alvarez no papel da Engraçadinha.”
Darlene Glória é Geni no genial filme de Jabor
Dentre as melhores transposições para a tela de Nelson Rodrigues, além destes dois filmes citados, destacam-se: “Toda a nudez será castigada” (1973) de Arnaldo Jabor, que revelou Darlene Glória para o estrelato, “Boca de ouro” (1962) com assinatura impecável de Nelson Pereira dos Santos, “A Falecida” (1965) de Leon Hirszman e protagonizado por Fernanda Montenegro, “O Beijo” (1965) numa ótica original de Flavio Tambellini para “O beijo no asfalto”, “A dama do lotação” (1978) e “Os sete gatinhos” (1980), ambos de Neville D’Almeida, “O casamento” (1975), na dobradinha do grande Jabor , “Traição”(1998), três crônicas muito bem adaptadas pelos ‘conspiradores’ Arthur Fontes, Cláudio Torres e José Henrique Fonseca e “Gêmeas” (1999) dirigido por Andrucha Waddington com Fernanda Torres.
Duas atrizes que marcaram no universo rodriguiano são Lucélia Santos e Alessandra Negrini. A primeira, estrelou a segunda versão de “Bonitinha, mas ordinária” para a telona, assinada por Braz Chediak em
Vera, a primeira Engraçadinha, contracenando com Nestor Montemar
Vera Vianna, Lucélia Santos e Alessandra Negrini estarão no Sesi, em Sampa, no próximo dia 3 de outubro, participando da mesa de palestra e debate sobre o centenário de Nelson, evento organizado pelo escritor Ruy Castro, autor dos livros “O anjo pornográfico” e “Flor de obsessão”, ambos sobre o homenageado. São grandes atrizes bonitinhas e engraçadinhas, mas nada ordinárias, né não?
Salve Nelson Rodrigues!
Muitos consideram ele o inventor do teatro brasileiro. Até a estréia da peça "Vestido de Noiva" não existia um autor que merecesse ser citado com a importancia de grande escritor de teatro no Brasil.Essa que é a verdade.Paulo Mendonça de Barros
ResponderExcluirAcho que as frases que Nelson Rodrigues disparava foram o suporte que lhe deram a fama obtida com as peças polêmicas que escreveu. Não existia o marketing mas ele inventou o termo.Quando disse que a mulher gosta de apanhar foi um escândalo e isso chamou a atenção para ele de tal forma que atingiu uma notoriedade de repulsa e curiosidade sobre sua pessoa.Se ele queria causar impacto, conseguiu. Lita Paes Leme
ResponderExcluirAh, Nelson Rodrigues!!!! Puxa, demorei a admirar essa fera. Ficava incomodada e irritada com as suas afirmações e posturas. Tão machista, eu pensava! Tão julgador! Agora entendo a denúncia que fazia. E a coragem também. É preciso varrer as mazelas para fora do tapete...para mudar é preciso ficar incomodada. Afinal, este é também o papel da arte! Ana Cristina
ResponderExcluirAmado Cronista: Essa Engraçadinha aqui, não tem palavras para tanto carinho e atenção....seu texto é primoroso, falando dessa lenda, que demorou a ser compreendido, aceito e merecidamente saudado como um dos maiores dramaturgos brasileiros. É com muito prazer que estarei defendendo e falando sobre sua obra em S. Paulo, ao lado dessas feras,soberbas atrizes e q. tb. interpretaram Nelson, com paixão.
ResponderExcluirAcho q. será uma noite de sucesso, trarei informações. OBRIGADA! BJsssssssss Vera Vianna
Ele agora virou unanimidade depois de ter sido incomprendido muito tempo, mas com a diferença do reconhecimento de pessoas que pensam, logo.,contradiz a sua máxima!!Sempre o admirei como comentarista esportivo e autor de teatro tambem. Cadu
ResponderExcluirCom máxima" toda unanimidade é burra" Nelson Rodrigues, se mantem absolutamente na frente em nossos tempos, claro que é a sua obra inteira que o faz genial. Mas diante da total ausência de recursos para a educação e cultura em nosso país, esta máxima, se encaixa terrivelmente em nosso cotidiano midiático. O recorte feito aqui é sem dúvida uma das mais bem sucedidas sínteses feitas a este genial brasileiro. Abração Luis! Paulo César Soares - Rio de Janeiro
ResponderExcluirO cinema registrou muito melhor o Nelson Rodrigues do que a televisão, que só tem aVida como ela é que passa no Fantástico num minuto e acaba.Eu não entendo porque a Globo não faz uma das suas novelas pra valer.Será que ninguem teve a idéia???PEDRO BACELLAR
ResponderExcluirQue surpresa boa re-encontrar Vera Viana tanto tempo afastada das artes. Ela marcou época no cinema. Me lembro bem dos seus filmes e da sua beleza. Tomara que possamos ve-la trabalhando de novo! Rogerio Palma
ResponderExcluirAnônimo 27de outubro de 2012 18:00
ResponderExcluirReviver Nelson Rodrigues, esse monstro sagrado do contraditório da vida,é um extase.
Entretanto, a oportunidade de rever as divas de uma ou mais das suas estórias é fantástico! Pois, trata-se de estrelas que revolucionaram os tempos e os costumes, tornando-se simbolos sexuais, com sua beleza, atitude e desempenho artístico e que, lamentavelmente, no decorrer do tempo acabaram por serem substituidas, no imaginário social e televisivo pelas detentoras de "bumbuns" exacerbadamente esdrúxulos,e estéticamente lacônicos.
Nos tempos atuais o que há é uma inspiração empobrecida na idealização da arte, acredito que pela troca de valores estéticos onde substituiu-se o inconfundível charme das "Brigites Bardots"e"Marilyn Monroes" brasileiras pelas "frutas" indigestas de mau gosto.
VERA VIANNA - LUCÉLIA SANTOS E ALESSANDRA NEGRINI, são as divas brasileiras que inspiraram num passado próximo os criadores
da arte, realmente de bom gosto. Um dos méritos do nosso dramaturgo homenageado: NELSON RODRIGUES, eterno....
ah
ResponderExcluirlecau,lecau,lecau
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