sábado, 2 de novembro de 2013

PÉ NA COVA: O ALÉM PRA MIM É BRINCADEIRA



Eu estava quieto no meu canto até que o telefone tocou, e aí ...acordei.Era um convite.
E logo no  “Pé na Cova” para atuar em episódio  que evoca o universo circense, me proporcionando um antigo  sonho de viver um palhaço em cena.Cocadinha é o velho palhaço que acabou, quem diria, no Irajá, mais precisamente na  frenética funerária de Miguel Falabella e sua trupe, depois da invasão de fiscais e políticos corruptos que vão derrubar o seu circo.Fuuuuui.



Quando a produtora de elenco Yolanda Rodrigues me chamou para a participação, a primeira imagem que me veio à cabeça foi a do palhaço Carequinha, quem assisti na televisão artesanal de então com seis anos de idade. Ele foi o meu ídolo maior da infância. Era extraordinário em cena.Foram anos inesquecíveis sintonizado no Circo do Carequinha, na TV Tupi; minha memória emotiva é bem afiada no assunto. Fred, Zumbi, Meio Quilo, Oscar Polidoro e ele: o maior Palhaço do Brasil.
Quando a maquiadora Sonia Hazan me perguntou o que eu tinha pensado para ele, não exitei: a maquiagem do Carequinha!


O seriado “Pé na Cova” está oxigenando o gênero com uma  originalidade hilariante. Desmistificando a morte, e fazendo dela elemento de humor, ele trás para o vídeo uma família tão mágica quanto realista, uma Família Buendia (“Cem anos de solidão”) “hilária de gouveia”... Gabriel Garcia Márquez foca a aldeia de Macondo na escola literária do realismo mágico com a presença do sensorial como parte da percepção da realidade. Falabella e sua turma de escritores antenados, liderados pelo grande Luiz Carlos Góes, passeia por aí e coloca gin no drink:  doses de elementos das comédias da Atlântida, do Teatro Besteirol e da Comédia de Costumes. No liquidificador, virou um coquetel delicioso.

Transgressor em alta temperatura, “Pé na Cova” faz seu humor ácido dar uma elza na Família Tradicional, aquela que é unida por múltiplos laços e que mantém os membros da clã moralmente e materialmente durante gerações. Mas a família Pereira (será descendente de Vicente Pereira?) é completamente amoral e muito unida ao mesmo tempo, o que a torna fascinante e imprevisível.

Não é à toa que a segunda temporada está bombando, segundo as pesquisas.Todo mundo está gostando de ver a 'instituição Família' levar uma injeção de criatividade e respeito à individualidade dos seus membros. Na veia.


Cocadinha faz dupla com Garnizé, dublé de coveiro, interpretado por Ricardo Graça Mello, ator e músico, filho de Marilia Pêra e Paulo Graça, artista sangue azul. Pra mim foi um encontro especial, em cena e fora dela. Rolou uma química de boa, e fizemos uma cena de picadeiro no maior pique. Na rotina de palhaços, fomos ensaiados pelo Renner Avillis, o palhaço Xulipa do centro da foto, que criou uma cena
de pantomima super comunicativa.


Na cena do velório foi difícil segurar o riso.Eram tantas gags, e diálogos hilários que o presunto Cocadinha se rebolou no caixão...Isso por conta do Ruço, Babá, Abigail, Tamanco, Sermancino, Floriano, Xulipa, Odete Roitman, Darlene, Besteirinha, entre outros...


Fiquei feliz por alguns saborosos reencontros: Cininha de Paula, que dirige com Cris D’Amato, Marcelo Picchi e Rubens de Araújo, respectivamente, Sebonetti e Floriano. Rubens, como Cininha, dos tempos do Tablado e Marcelo da sua estreia no Rio em “Alzira Power”, que estrelou ao lado de Yolanda Cardoso; eu fiz o lançamento da peça. Ed Felix, o Besteirinha, além do convívio pessoal que foi ótimo, brilhou nas cenas com uma espontaneidade  de quem sabe fazer humor.


As cenas de Miguel Falabella (Ruço) e Marília Pêra  (Darlene) são sempre emocionantes , tanto pelo texto quanto pela sintonia dos atores.A cumplicidade das personagens, que foram casados,e na verdade nunca deixaram de ser, conduzem e comentam as situações daquela ouriçada família. E têm uma ternura...


O romance incubado entre Clécio (Magno Bandarz ) e Abigail ( Lorena Comparato) está conquistando o público, e dividindo opiniões sobre a questão da fidelidade, afinal ela é casada com Ruço (Miguel Falabella).A empatia do casal apimenta bem a situação.


Sermancino (Gabriel Lima) é filho de Tamanco (Mart’nália) e Odete (Luma Costa), e por isso mesmo sofreu bule na escola... Este episódio emplacou ótima audiência. Nele, Abigail teve um beijo roubado por Clécio, em atuações sensíveis.


Fechando a tampa, digo, o ano, a notícia mais animadora: confirmada a terceira temporada de “Pé na Cova” para 2014! A Globo tem uma joia na mão, ela sabe disso.
Parabéns a todos os envolvidos. Só gente fina, elegante e sincera.
Saquem a letra deliciosa do tema musical, assinado e cantado pela incrível Mart’nália.
Enquanto isso as caveirinhas dançam, e balançam literalmente o esqueleto!


Flores, flores, flores...

Firma sinistra é a nossa
A sua tristeza me importa
Peroba bate na madeira
O além pra mim é brincadeira

Todo mundo sabe
Mas não a hora
Fique tranquilo a sua vez já chega

Todo mundo sabe
Mas ignora
Devagarinho a sua morte vai chegar

Fui… Disk, fui
Se morreu não senti, se matei nem vi, o caixão é... Unidos do Irajá
Fui... Fui...

Gosta de flores?
Amanhã terás
Fui…

Pé na coooova!

11 comentários:

  1. Luiz Sérgio, o Miguel Falabella está realmente oxigenando a dramaturgia televisiva, trazendo o humor sutil de "Pé na Cova" aliado a um elenco de inegável talento. Adorei a sua participação evocando o Carequinha, também um marco da minha geração, ao lado do paulista Arrelia. Embora você tivesse que aparecer num caixão (arrepiei) está mais vivo do que nunca! Parabéns!

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  2. Oi, Luis Sérgio!
    Que legal essa história! Que bom que você se inspirou no grande Carequinha. Também adorava o programa que não estava nem aí para pedagogia: "Criança legal (?) não faz xixi na cama". Lembra? Eu fazia, mas não me incomodava, não..
    Bj,
    Tania Lóes

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  3. ANSELMO SILVA DE ANDRADE3 de novembro de 2013 às 06:04

    OI LUÍS SÉRGIO ESTOU FELIZ DE REVÊ LO NA TELINHA E INTERPRETANDO UM ÍCONE DE NOSSA INFÂNCIA GEORGE SAVALLA GOMES(PALHAÇO CAREQUINHA), QUE É REFERÊNCIA PARA TODA UMA GERAÇÃO DE ANIMADORES E PALHAÇOS CIRCENSE. GOSTO DE PÉ NA COVA UM JEITO ALEGRE DE LIDAR COM A MORTE, QUE É UMA COISA TRISTE. PARABÉNS.

    Anselmo Silva de Andrade

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  4. estarei na plateia para aplaudir o -animado pé na cova- Viva.....do velho ator emilianoqueiroz

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  5. Então quer dizer que o Bucaneiro vai virar palhaço. Não vou perder!! É muito engraçado o programa e diferente mas acho que passa um pouco tarde demais.Mas todas vezes eu acho que valeu a pena.Gosto daquele mecânico que é travesti, cada um mais loucoo que o outro.rs.Selena

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  6. eu sempre assisto O PE NA COVA, é diversão garantida; mas amanhã será imperdível, por conta da participação do amigo/ator Luís Sergio. abraço.Gustavo

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  7. Adorei a noticia,adorei você ter virado....palhaço!
    Tenho andado numa correria só, por conta da vida, exausta já, tentando chegar ao final do ano com tudo resolvido. Perdi, o episódio..... vou tentar ver se encontro ou se vc. tiver a gravação, manda pra mim. O artigo, como sempre é irretocável! Parabéns amigo e perdoe as ausencias vez por outra, mas o bicho tá pegando!bjsss
    Vera Vianna

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  8. Oi, Luis Sérgio!
    Amei! Esse programa foi de um lirismo surpreendente. Caramba! Parabéns pela construção e homenagem-inspiração ao Carequinha. Quem disse que é um programa humorístico? Fui surpreendida. Bj,
    Tania Loes

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  9. ""Pinta a tua aldeia e serás universal!! Parabens.Cadu

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  10. É verdade o que diz Tania Loes, não se trata de um programa humoristico muito pelo contrario...Fez a gente pensar e se emocionar como num filme de Carlitos. Meus pareabens a todos e a voce especialmente, Bucaneiro Prateado. Lita Paes leme

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    1. Pois é, Lita, foi exatamente o que senti: o lirismo dos filmes de Chaplin "no ponto".

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