sexta-feira, 29 de outubro de 2010

NUNCA MAIS FOMOS OS MESMOS DEPOIS DE H A I R



James Rado, Galt MacDermot e Gerome Ragni, os criadores

A promessa da chegada da Era de Aquário surgiu no musical “H A I R” em tempos revolucionários dos 60’. O alinhamento de Marte e Júpiter quando a lua estivesse na sétima Casa astrológica traria uma mudança jamais vista na humanidade, onde harmonia, sintonia e compreensão sem mentiras ou falsidades traduziam a catarse que a juventude da época tanto ansiava. Era momento de total mudança no mundo, injetada por muita paz & amor na veia, regada à LSD e marijuana na descoberta das drogas (em plenas portas da percepção), a viagem do psicodélico, o amor livre, a filosofia oriental, enfim, o conceito Hippie de liberdade e revolução de costumes. Os cabeludos atacaram.

Gerome Ragni e James Rado levaram dois anos escrevendo o libreto e as letras, acompanhados por Galt MacDermot, que compôs os temas mais geniais de todos os tempos, em score musical brilhante. Estrearam timidamente off-Broadway em 1967, mas em menos de um ano depois chegaram à Broadway bombando geral.
H A I R” foi o estouro da boiada da década.


When the moon is in the Seventh House
And Jupiter aligns with Mars
Then peace will guide the planets
And love will steer the stars
This is the dawning of the age of Aquarius
The age of Aquarius, Aquarius…

Quarenta anos se passaram, e no dia 14 de fevereiro de 2009 rolou o tão esperado alinhamento dos planetas em Aquário na décima segunda casa da transformação espiritual. Era dia de São Valentim, o santo padroeiro do amor. A rara concentração astrológica trouxe de volta a lembrança da peça, ganhando nova montagem em NY, assim como exibições do filme de Milos Forman, estrelado por John Savage, Treat Williams e Beverly D’Angelo nos cineclubes e emissoras de tv a cabo.

No disco, a suavidade vocal de Aracy, a garra de Bogus e Altair e a alegria de Helena Ignez.

“H A I R”
teve a primeira montagem brasileira em 1969, pouco tempo depois da instituição do famigerado AI-5 nos anos de chumbo da ditadura militar. Era uma barra, mora. Mas golpe maior foi a ousadia dos atores Armando Bógus, Altair Lima e Maria Célia Camargo, que levantaram uma mega produção de 200 milhões de cruzeiros para encarar a montagem, sem patrocínios ou ajuda governamental.

Lembro do impacto que me causou a peça ao assistir pela primeira vez em São Paulo a versão tupiniquim dirigida por Ademar Guerra, com direção musical de Cláudio Petraglia, coreografia de Márika Gidali e versões das letras de Renata Pallotini. O disco Fermata (FOTO) com a trilha sonora da peça nunca parou de rodar na minha vitrola. Até hoje.

Antonio Pitanga, Armando Bógus, Aracy Balabanian, Altair Lima e Antonio Fagundes brilharam em 1969.

O elenco original era encabeçado por Altair Lima, Aracy Balabanian, Armando Bógus, Bibi Vogel, Sonia Braga, Laerte Morrone, Ney Latorraca, Helena Ignez, Fernando Reski, Bené Silva, Medeiros Lima, Gilda Vanderbrande, Acácio Gonçalves, Ricardo Petraglia, Maria Regina, Ariclê Perez, Maria Helena, Neusa Borges, Rosa Maria, Pingo Peréio, José Luiz Pena, Nuno Leal Maia e Ivone Hoffman, entre outros. Mas o rodízio de atores foi grande devido à extensa temporada de dois anos em cartaz, e assim, passaram por lá também, Antonio Fagundes, Tânia Scher, Antonio Pitanga, Mitota, Rogério de Poly, Betina Viany, José Wilker, Edir de Castro, Tamara Taxman e Maria Aparecida, só pra citar alguns.

Ney Latorraca, grande revelação no espetáculo de Ademar Guerra.

Uma tribo de hippies evoca esse grito de liberdade, onde cenas picotam a história em torno de um triangulo amoroso entre Claude, Sheila e Berger e a convocação do primeiro pelo exército para a Guerra do Vietnã. Sodomia, viagem alucinógena e uma cena de nu de todo o elenco, causaram impacto tão forte que a platéia voltava diversas vezes para rever o espetáculo.
Ney Latorraca, que estreou como tribo, depois passou a fazer em rodízio com Laerte Morrone a personagem do travesti careta que interrompe a ação para cantar um hilário tema. Latorraca foi revelado no teatro nesse momento, a modernidade de sua performance era algo especial e inesquecível.
Com seu humor sempre afiado, Latorraca disparou para o site Teatro Musical no Brasil:
“- Eu achava que pela posição em que eu ficava pelado, na quinta fileira, não devia estar com essa bola toda. O Antonio Pitanga, por exemplo, ficava na primeira!”

A psicodélica logomarca de “HAIR”, a nova montagem de Moeller-Botelho.

Agora, quarenta e um anos depois, os Reis dos Musicais Cláudio Botelho e Charles Moeller, trazem de volta à cena o maior musical do moderno teatro americano, a estrear no próximo dia 5 de novembro no Oi Casa Grande, Rio de Janeiro, com patrocinio da Oi e Sul América Seguros.Encabeçando elenco de trinta atores testados com rigor pela dupla, aparecem nos papéis principais Hugo Bonemer (Claude), Carol Puntel (Sheila) e Igor Rickli (Berger). A direção musical é de Marcelo Castro, coreografia de Alonso Barros, cenário de Rogério Falcão e figurinos de Marcelo Pies. A Logomarca tem a assinatura da Agencia K!Comunicação Integrada. Produção Aventura Empreendimento.

Eu tenho vida, mãe, tenho riso, mana, liberdade, mano, eu tenho folga, amigo...Tenho ideias mil, filha, tenho graça pra valer, primo, tenho azia e frio e fossa como vocês!


...Eu tenho língua, tenho queixo, tenho nuca, tenho alma, eu tenho espinha, eu tenho bunda... Eu tenho sangue, tenho tripa, tenho nervo, tenho vida, vida VIDA!


Bom dia estrela, a terra é quem diz, você brilha no alto, brilhamos aqui...
Bom dia estrela, que vem nos guiar, meu bem e eu a cantar o nosso canto matinal.

É uma grande sacada mostrar para as novas gerações este musical que emocionou o Brasil e o mundo. Nunca mais fomos os mesmos depois de “H A I R”. É provável que possa acontecer algo parecido com as novas plateias, algo que traga qualquer oxigenio ou toque, já que se trata de abordagens universais sobre a inquietação da juventude, o racismo, o homo e o bissexualismo, os experimentos com as drogas e as questões políticas e sociais tão brilhantemente colocadas.

Na montagem anterior, Renata Pallotini brilhou nas versões das letras, todas impecáveis. Mas, pelo que já escutei no site de Moeller e Botelho, Cláudio não fez por menos, está inspirado e bem à vontade numa praia onde reina absoluto. O último trabalho que assisti da dupla, o musical gótico “7”, fiquei embasbacado com o acabamento artístico e técnico do espetáculo, assim como o pulso firme da direção. Charles Moeller e Cláudio Botelho, como atesta o livro de Tânia Carvalho para a Coleção Aplauso, são realmente os Reis dos Musicas.

Assistindo a nova montagem (2009) em Nova York, dirigida por Diane Paulus, quando eles compraram os direitos autorais, declarou o diretor Charles Moeller em seu site:
“- Vendo a peça, a gente percebe como a juventude é parecida, independente da época.O tempo é muito curto e transitório. Por isso mesmo, “H A I R” continua moderno e, mais do que isso, intenso.”

O catarinense Emerson Espíndola (FOTO) é um dos atores sangue novo do elenco da peça. O trailer que exibimos a seguir, mostra alguns momentos seus em tempo de ensaio numa sala, e depois quando chegaram ao palco do Casa Grande.

O ensolarado cast de “H A I R” saúda o povo e pede passagem:
Let the sunshine in !

Foto 1: http://www.dagmarfoto.com/

Fotos 2, 3 e 4: Site Teatro Musical no Brasil

Fotos 5, 6, 7, 8, 9 e 10: Léo Ladeira / Site Moeller e Botelho

Legendas: trechos da versão de Renata Pallotini (1969)

Vídeo : Evoé


6 comentários:

  1. Olha so o Hair ai novamente !!! Trazendo aquela alegria que so existe quando se tem liberdade para se viver verdadeiramente esse presente que ganhamos dos nossos pais, A VIDA .
    Entao vamos abrir as nossas janelas e deixar o sol entrar. Hare Krishna,Hare hare !!!
    Valeu Bucaneiro,gostei !!! Manda mais !!!

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  2. Eu vi HAIR muitas vezes no Teatro Republica e subia no palco nmo final da peça, todo mundo chorava,cantava e se beijava. Eu me lembro que uma vez recebi uma flor das mãos da Sonia Braga, ela era magrinha com cabelos enormes e eu nunca esqueci o seu olhar pra mim. Anos se passaram e u m dia ela virou a grande Soniabraga e eu nuncca esqueci daquela flor.
    Evaristo Gomes Silveira

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  3. Não consigo comprar ingressos para ver a peça, está cheio todos dias! O que faço cara pálida? daqui um mes não sei nem se estou viva!!!!!!
    Lucinha Lok

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  4. o Bogus era fenomenal nessa peça. Eu nunca ,me esqueci dele cantando como nunca e pasando uma veradde. nos apaixonamos numa noite. e o rsto é silencio!!!!

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  5. Não consigo comprar entrada pra ver!!!Socorro!!!

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  6. Deve ter sido ótimo viver em comunidade hippie dividindo tantas emoçõesao lado de pessoas que se gosta. Adorei a peça, as musicas,, é tudo colorido e mágico!
    Abraços e parabens a todos. Tande

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