terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

CAFOFO DA POESIA - 2 -


A partir de seu suicídio em 1963 aos 30 anos, SYLVIA PLATH se tornou um dos grandes mitos da literatura norte-americana. Com apenas um livro publicado em vida – Colossus – sua obra é toda póstuma.
O “cânon” plathiano fabricado desde então resultou incapaz de desvendar o interior de seu processo criativo. Personalíssima, vivenciou fatos trágicos que se misturaram a sua densa produção literária de poetisa, romancista e contista. A publicação do livro The Collected Poems recebeu em 1982 o premio Pulitzer na categoria Poesia.
O poema Ariel é considerado o ponto culminante da obra plathiana, em termos de síntese, técnica e conteúdo. Ariel é o nome do cavalo que Plath costumava cavalgar em Devon, referencia ao personagem da peça A Tempestade de William Shakespeare. Rola um diálogo crítico com os famosos poemas de Ariel de T.S.Eliot.

A R I E L
de Sylvia Plath

Estase no escuro.
E um fluir azul sem substancia
De penhasco e distancias.

Leoa de Deus,
Nos tornamos uma,
Eixo de calcanhares e joelhos – O sulco

Fende e passa, irmã do
Arco castanho
Do pescoço que não posso abraçar,

Olhinegras
Bagas expelem escuras
Iscas –

Goles de sangue negro e doce,
Sombras.
Algo mais


Me arrasta pelos ares –
Coxas, pêlos;
Escamas de meus calcanhares.

Godiva
Branca, me descasco –
Mãos secas, secas asperezas.

E agora
Espumo com o trigo, reflexo de mares.
O grito da criança

Escorre pelo muro
E eu
Sou a flecha,

Orvalho que avança,
Suicida, e de uma vez se lança
Contra o olho

Vermelho, fornalha da manhã.



Do livro SYLVIA PLATH POEMAS
Tradução de Rodrigo Garcia Lopes
e Mauricio Arruda Mendonça
- Iluminuras – Projetos e Produções Editoriais


Um comentário:

  1. lembro muito bem quando te dei este livro!
    tem um outro poema dela, que se chama "the sleepings" que gosto demais.
    mas olha pra isso. descobri duas coisas, uma que me foi dita por um puta escritor que a conheceu bem. Silvita não queria se matar à vera. faz a cena (ciúme do marido que estava se separando dela) contando que a empregada que chegava sempre as 7 chegasse e a salvasse, como ja havia acontecido duas outras vezes- só a danada da mulé nesse dia faltou, pela primeira vez.
    dois- descobri eu mesma rsrs que o marido dela , com todo respeito pela desmemória de seu nome que me habita nesse momento, era muito melhor poeta que ela - que ja era em bem boa-
    ssa historia de não querer e ter morrido...
    é cada coisa nessa vida, né não Sergo L? rsrs
    te amo, Buka ;)
    tenho saudades tuas.
    amei o brogui,brodi!volvere!
    besos and all my luv;) gracie

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